Governo Dória mira na Cati e no IPesca: 85% dos membros do IP são contra possível fusão com IZ

Governo Dória mira na Cati e no IPesca: 85% dos membros do IP são contra possível fusão com IZ

A queixa é que a ação tem sido realizada “sem transparência ou participação efetiva do corpo técnico"; mudança da Cati também gera polêmica

19 de março de 2019

Ainda não se sabe como vai ficar o Instituto de Pesca depois da fusão com o Instituto de Zootecnia, aventada desde o ano passado e anunciada oficialmente este ano. Os contornos da mudança, porém, ainda estão em discussão, segundo o Secretário de Agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira.

Em vídeo gravado pela Seafood Brasil no evento Anufood, em São Paulo, ele disse que estas alterações, somadas às mudanças na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), que desempenhou papel central na regularização de empreendimentos piscícolas no Estado, são parte de um esforço para dar mais agilidade ao Estado.



 










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Gustavo Junqueira explica o processo de mudança em instituições como o Instituto de Pesca e a Cati, defendido pelo governo do Estado como uma forma de racionalizar a administração destes órgãos de pesquisa, fomento e assistência técnica rural.


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No sábado (9/3), uma Carta Aberta enviada pelo corpo técnico, funcionários, pesquisadores e apoiadores do Instituto de Pesca (IP), incluindo até entidades de fora do Estado, como o Sindipi, expôs a discordância de 85% do corpo técnico do órgão contra a proposta de fusão com o Instituto de Zootecnia (IZ).

Segundo pesquisadores do IP, a queixa é que a ação tem sido realizada “sem transparência ou participação efetiva do corpo técnico, dos demais funcionários ou colaboradores, “vagamente justificada por uma suposta economia dos recursos públicos”.

Conforme exposto no documento, tanto o IP quanto o IZ ficaram surpresos com a notícia da locação de suas atribuições em uma nova organização a ser criada. A proposta está em condução por Luiz Marques da Silva Ayroza, antigo Diretor do IP e atual diretor do IZ.

Um membro do corpo técnico do IP que preferiu não se identificar disse à Seafood Brasil que a informação da fusão chegou oficialmente através da própria direção da instituição e foi repassada já com um organograma. "Então começamos a discussão para entender esse processo, fizemos um levantamento no IP onde se constatou que 85% dos membros são contra a iniciativa”, declarou.

De acordo com a fonte, a possível união afetará toda cadeia produtiva da pesca e aquicultura: “Conversamos internamente e elencamos as justificativas na Carta Aberta, porque a fusão não vai levar apenas à perda das ações do IP, mas também irá resultar em prejuízos para toda a sociedade que demanda das nossas pesquisas e serviços."

Ainda segundo a fonte, antes de se realizar uma junção é preciso compreender que os institutos têm ações distintas. “O IP tem uma atuação muito específica no segmento da pesca e aquicultura, já o IZ atua em outras cadeias produtivas. Se já temos uma dificuldade no ponto de vista financeiro e de incentivo às pesquisas e ações, imagina se estiver tudo no mesmo pacote, vamos acabar nos perdendo”, falou.

O entrevistado fez questão de frisar que o corpo técnico não é contra mudanças no IP, entretanto se mantém contra a fusão pois acredita ser possível conseguir mudanças efetivas quando outras opiniões forem consideradas: "Não estamos em um posicionamento antigo e conservador de não querer mudanças, só não concordamos com está proposta. Temos que mudar, tornar mais eficientes e racionalizar os recursos humanos e financeiros, mas precisamos discutir juntos as alternativas", realçou.

"O que está acontecendo não fará uma nova instituição mais eficiente e nem haverá economia efetiva do recurso público, porque pelo o que foi apresentado vai reduzir muito pouco o número de cargos de direção. Ainda irá dificultar o fluxo de informações e o burocrático. Do ponto de vista técnico-científico não irá proporcionar eficiência nas ações da instituição”, acrescentou.

Estamos pleiteando um canal de diálogo com o secretário e o governo para que possamos debater uma proposta de mudança real e efetiva. Têm especificidades que eles desconhecem, senão a gente desmantela 50 anos de ação na área da pesca e da aquicultura”, finalizou.

Procurado pela Seafood Brasil, Luiz Ayroza disse não estar autorizado a falar sobre o assunto.

Leia aqui a Carta Aberta.

CATI: extinção ou só nova nomenclatura?

Outra notícia que pegou o setor de surpresa foi a mudança da nomenclatura do órgão de assistência técnica rural de São Paulo, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Assim que foi publicada o decreto, em 11 de março de 2019, no Diário Oficial do Estado, técnicos e representantes do setor acusaram um processo de "desmantelamento" do órgão.

Oficialmente, a secretaria de Agricultura indica que se trata apenas da mudança do nome da Cati para Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), que teria ocorrido por causa da recente fusão da Agricultura com parte da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, mas garantiu a veículos como o Terra Viva, que não haverá mudanças nos cargos e atribuições da Cati.

O secretário da Agricultura, Gustavo Junqueira, esteve reunido na segunda-feira (18/03) com representantes dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), para decidir o destino do órgão, como informou o colunista Claudio Correia, da CBN Grandes Lagos, da região de São José do Rio Preto. Correia já relata alguns problemas com a mudança, como a falta de autonomia na execução orçamentária do órgão - até compras rotineiras estariam centralizadas no Palácio dos Bandeirantes, na capital.

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