CNA: o Agronegócio na visão de quatro presidenciáveis

CNA: o Agronegócio na visão de quatro presidenciáveis

Segurança no campo, gargalos logísticos e investimento tecnológico são alguns dos temas comuns a todos os candidatos

03 de setembro de 2018

Quatro dos candidatos à presidência da República nas Eleições Gerais de outubro manifestaram suas opiniões sobre o agronegócio em evento realizado na sede da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), em Brasília (DF), na última quarta-feira (29/08).

Pela ordem definida pela entidade, Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade) apresentaram propostas para o setor. Nenhum deles comentou diretamente sobre o segmento aquícola e pesqueiro, mas a Seafood Brasil pinçou algumas das propostas de interesse.

Geraldo Alckmin (PSDB)

Em comentário a respeito das guerras comerciais internacionais e e políticas protecionistas, Alckmin indicou ser contra o protecionismo. "Precisamos fazer uma maior abertura comercial. (...) É um equívoco o protecionismo, vai prejudicar o crescimento da economia mundial. O comércio é o caminho para a paz, para o crescimento, para o emprego, para melhorar a vida da população. Eu vejo no comércio exterior e na política internacional um grande caminho para gente poder avançar mais e com uma agenda de competitividade para reduzir custo Brasil."

Em aceno ao eleitorado do candidato Jair Bolsonaro (PSC), que não compareceu ao evento, o ex-governador paulista disse ser favorável ao porte de arma "totalmente facilitado" no meio rural. "Mas é claro que é o governo que tem que combater organizações criminosas. Equipamentos e defensivos agrícolas são caríssimos. Eu vou criar no governo federal uma agência unindo forças armadas, Abin, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e dos estados, porque crime não tem fronteira. Vou criar também uma guarda nacional permanente exatamente para poder apoiar a questão do crime no campo."

O candidato teve a chance ainda de se posicionar sobre o tabelamento do frete, medida adotada para pacificar os caminhoneiros. "O tabelamento de frete é um retrocesso, um negócio que não tem o menor cabimento. O caminho do futuro é ter uma regra para a Petrobrás não fazer permanentemente reajustes, mas fazer uma média, e você ter um colchão tributário para esses momentos. Outra coisa é tornar o combustível mais barato, estamos exportando petróleo e importando derivados porque não temos capacidade de refino."

Henrique Meirelles (MDB)

Questionado sobre o que faria sobre a reforma agrária, caso seja eleito, Meirelles defendeu o respeito à propriedade privada como um direito individual. "(...) temos que desburocratizar e estabelecer um modelo de maior eficiência e desenvolver um programa de regularização fundiária. Precisamos olhar pra frente e fazer agricultura e administração pública inteligente", disse. Na visão dele, é possível manter a floresta, "protegendo onde está, mas regularizando toda a questão fundiária da região, dando segurança jurídica no campo."

A respeito da segurança no campo, Meirelles prometeu investir em alta tecnologia, "como satélite geoestacionário, que permite uma série de usos. Um deles é a questão de informações e outro o monitoramento das fronteiras. Precisamos usar a inteligência, temos que monitorar a fronteira, fazer isso de forma eletrônica e com movimentos de intervenção do governo. Existem recursos para isso, precisamos organizar e integrar as áreas do governo, desde o Ministério da Agricultura até áreas da Polícia Federal e Itamaraty"

Sobre os gargalos logísticos, o candidato defendeu investimento em todos os modais. "(...) temos condições de atrair investimento, não só para rodovias, mas para hidrovias e ferrovias, para termos assim, uma diversificação de todo o modal. Podemos atrair capital internacional para investimento em infraestrutura e privatizar os modais, só precisamos de confiança e credibilidade dos investidores”.

Alvaro Dias (Podemos)

O candidato pelo Podemos propôs uma mescla de ações de apoio técnico, extensão rural, crédito, microcrédito, apoio nas exportações, armazenagem e cooperativismo. Dias foi outro candidato a manifestar posição contrária ao protecionismo. "Temos que praticar a política do liberalismo econômico para valer. Criar um ambiente favorável e voltar os olhos da diplomacia brasileira para países do primeiro mundo, mercado comum europeu e Ásia. Nós queremos que a política diplomática do Brasil se volte para países do primeiro mundo para celebrarmos a ampliação das nossas relações comerciais, desobstruindo e eliminando esses gargalos do protecionismo, das barreiras alfandegárias e não alfandegárias, de lá e de cá. Se desejamos a globalização da economia, precisamos proceder de forma moderna e ter reciprocidade para se estabelecer uma nova, civilizada e produtiva relação entre o Brasil e os países mais avançados do mundo.”

Sobre o agronegócio nordestino, o candidato disse ser necessário trabalhar alternativas de sobrevivência para a população que vive nessa região. "A recuperação de matas ciliares, revitalização de rios, recuperação de áreas degradadas, atividades agrícolas estimuladas como projetos de governo, irrigação. Essas experiências devem ser aproveitadas na região do semiárido."

Dias comentou ainda sobre o fortalecimento das empresas voltadas para pesquisa tecnológica e pesquisa agropecuária. "Hoje nós temos 146 empresas estatais federais, 38% delas foram criadas nos últimos governos. São 504 mil servidores. Esse gasto perdulário de setores secundários acaba comprometendo investimentos fundamentais para o desenvolvimento e elevação da produtividade do nosso país. Investimentos em tecnologias, pesquisas e inovação. (...) Instituições como a Embrapa são essenciais, como a Emater na extensão rural. É fundamental estimular essas instituições."

Marina Silva (Rede Sustentabilidade)

A candidata foi questionada sobre a disseminação da internet no campo e respondeu: "Boa parte da nossa juventude não permanece no campo, não dá continuidade ao legado de seus pais, por falta de escola, de estudo e porque não estão conectados. Se a gente tiver capacidade de possibilitar aos jovens os meios para que eles se sintam integrados nesse mundo altamente conectado, a gente não só assegurará os negócios como também os legados. Isso é uma prioridade."

Silva discorreu sobre o Código Florestal, diminuição da emissão de carbono e o desmatamento zero. "Quando ocorreu a aprovação do Código Florestal, os produtores fizeram um manifesto dizendo que, se fosse aprovada a mudança no Código Florestal, todos estavam se comprometendo com o desmatamento zero. Em honra ao compromisso eu inseri no meu programa de governo o desmatamento legal zero e trabalhar para que aqueles que têm direito a desmatar não desmatem porque eles podem aumentar a produção por ganho de produtividade. Além disso, podemos pagar por Serviços Ambientais e oferecer alternativas."

Ela manifestou ainda a discordância sobre a flexibilização do registro de defensivos agrícolas. "Tudo aquilo que estiver de acordo com a Anvisa é o que está disponível. Eu discordo é que a gente flexibilize regramentos, pois o que não é bom para os europeus e para os americanos, não é bom para os brasileiros. E o que não é bom para os europeus e americanos com certeza atrapalhará os nossos negócios no mercado externo." Sobre a demora nos registros, ela indicou que o problema é a falta de servidores. "Nós temos apenas 22 servidores para fazer essas avaliações, enquanto nos Estados Unidos existem 800 funcionários de alta especialidade."

Assista abaixo na íntegra o vídeo dos presidenciáveis na CNA:

Alvaro Dias, CNA, eleições 2018, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Jair Bolsonaro, Marina Silva

 
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