Artigo | Segurança de alimentos na aquacultura

Artigo | Segurança de alimentos na aquacultura

Desenvolvimento de nutrição aquícola deve levar em consideração aspectos de segurança, pré-requisito básico em mercados internacionais

19 de abril de 2016

por Johan Den Hartog*

Na última década, a aquacultura cresceu exponencialmente e este crescimento deve continuar. O consumo de produtos de origem aquática aumentou substancialmente na Europa, Ásia e no continente americano. Os consumidores apreciam tais produtos em função de sua conotação saudável. A carne altamente proteica tem menos calorias do que a carne de frango, é rica em Ômega-3, cálcio, vitaminas D e B2 e tem grande quantidade de minerais como ferro e magnésio. Além dos benefícios imediatos da ingestão de peixe, há vantagens na prevenção de uma longa lista de doenças.

Dada a saudabilidade do peixe e outros frutos do mar, é importante garantir a segurança destes produtos. A qualidade da água tem grande impacto, como também a qualidade da ração para estes animais. Um controle adequado da ração agrega valor à qualidade de pescado.

Para o setor de aquacultura no Brasil, há oportunidades de comercialização de sua produção para mercados importadores interessantes como EUA e Europa. Para tal, é essencial que se cumpra com os padrões internacionais para aquacultura e também com os padrões para a produção de rações. Os riscos à segurança dos alimentos para animais podem ter influência direta no desempenho da aquacultura e indiretamente no acesso a novos mercados de produtos aquáticos globalmente.

Neste artigo, damos uma visão geral dos possíveis riscos à segurança dos alimentos e como controlá-los de forma transparente e de acordo com padrões internacionais.

Perigos na alimentação animal
A prática diz que os alimentos para animais podem ser contaminados com substâncias químicas e físicas, bem como agentes biológicos. Depende dos ingredientes utilizados, de sua origem e processos de produção destes ingredientes.

[caption id="attachment_8109" align="alignleft" width="390"]Gráfico1 Figura 1: Notificações EWS por contaminantes
Fonte: GMP+ International[/caption]

Perigos químicos podem ocorrer através de substâncias químicas naturais (como micotoxinas), contaminantes ambientais e industriais (como metais pesados, dioxinas e PCBs), resíduos de drogas veterinárias, pesticidas e radionucleotídeos. 

Perigos físicos são materiais estranhos como pedaços de vidro, metais, plásticos ou madeira.

Perigos biológicos são aqueles como bactérias, fungos e parasitas.

Em aquacultura uma contaminação muito alta pode influenciar o desenvolvimento do organismo aquático, aumentar a conversão alimentar e também induzir a resistência a doenças e resultar em mudanças biológicas. São todas consequências com impacto econômico.

Acima de tudo, os contaminantes transferidos dos alimentos para os organismos aquáticos podem também ter impacto negativo nasegurança dos produtos oferecidos aos consumidores e em sua imagem saudável.

Está claro que a segurança dos alimentos para animais aquáticos é essencial para a aquacultura não somente para uma produção rentável, como também para uma venda constante, especialmente para os mercados externos. Além disto, o consumidor tem a expectativa de receber um produto saudável. Para termos uma ração segura, um controle adequado através de um sistema de garantia é um pré-requisito. Se o sistema é aplicado e fornece evidências suficiente, ele certamente agregará valor aos produtos.

Elementos essenciais em um sistema de segurança de alimentos
Para a aplicação de um controle adequado, uma série de medidas de mitigação dos riscos deve ser implementada para que se atinja os resultados pretendidos.

Primeiramente, é necessário implementar um programa de pré-requisito . Isto significa estabelecer um programa de manutenção de instalações e equipamentos, treinamento de funcionários, higiene e limpeza, controle de pragas, etc. Todos estes itens criam um nível básico de controle de perigos no processo de produção.
Segundo, O APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) é uma ferramenta para a identificação de perigos específicos, que podem se tornar riscos no processo produtivo e remanescentes depois da aplicação dos pré-requisitos. O APPCC é um sistema de gestão no qual a segurança do alimento é enfocada através da análise e controle de perigos biológicos, físicos e químicos das matérias-primas, produção, distribuição e consumo do produto acabado.
Isto resultará na identificação de riscos reais no processo de produção e em estabelecer medidas de controle adequadas, como também monitorar a eficácia destas medidas.Quaisquer mudanças no processo de produção devem ser implementadas depois de revisão da análise de perigos para a identificação de novos riscos e ajuste das medidas de controle.

Adicionalmente ao APPCC, um adequado sistema de qualidade garante a aplicação consistente das medidas de controle definidas e dos procedimentos de verificação.

GMP+ Feed Safety Assurance

[caption id="attachment_8110" align="alignleft" width="323"]figura2 As medidas de controle mencionadas anteriormente são elementos conhecidos em muitos sistemas da qualidade. Elas são integradas no GMP+ Feed Safety Assurance (FSA) certification. Baseado em experiências práticas de muitos participantes e coletadas nos 25 anos passados, o GMP+ International adicionou outros elementos essenciais no esquema de certificação GMP+ FSA: abordagem de cadeia, rastreabilidade e alerta rápido.[/caption]

As experiências práticas mostram que, frequentemente, a fonte de contaminação no setor de alimentação animal ocorre na cadeia de fornecimento. No passado, alguns casos levaram à entrega de grandes quantidades de ingredientes contaminados, resultando em atenção da mídia e alto custo para a eliminação dos danos. Assim, em 1999 decidiu-se estender o escopo da certificação GMP+ FSA a toda a cadeia.

A abordagem de cadeia é um princípio básico no esquema de certificação GMP+ e significa que todas as empresas na cadeia de fornecimento devem ser responsáveis pelo controle da segurança dos produtos que entregam ou serviços que fornecem. É a abordagem mais eficaz para a rápida mitigação dos riscos na cadeia ao invés de uma reação ao final do processo.

Somente em alguns casos, uma opção "gatekeeper" é permitida para produtores de pré-misturas e rações. O esquema de certificação GMP+ é o único com esta abordagem de cadeia e muito procurado por produtores de alimentos para animais.

Todas as medidas mencionadas anteriormente são preventivas e visam evitar a contaminação de alimentos para animais colocados no mercado. Rastreabilidade e EWS são medidas corretivas para rastrear os produtos contaminados entregues ao mercado. Elas permitem encontrar a fonte de lotes contaminados e, se possível, encontrar a causa, contribuindo para a melhoria dos controles na cadeia.

A rastreabilidade também permite buscar os compradores que receberam lotes contaminados e bloquear estes lotes evitando que sejam distribuídos. A prática mostra que esta abordagem é muito eficaz e evita incidentes em uma escala maior com prejuízos financeiros e à imagem.

[caption id="attachment_8112" align="alignleft" width="402"]Gráfico2 Figura 2: Notificações EWS por tipo de produto
Fonte: GMP+ International[/caption]

Finalmente, o EWS (Early Warning System) é um mecanismo de segurança extra. Caso uma companhia certificada GMP+ exceda o limite máximo permitido de um contaminante na alimentação animal, ela é obrigada a notificar o GMP+ International. Quando outras companhias enfentam a mesma situação de contaminação em seus produtos adquiridos, o GMP+ International enviará uma mensagem EWS para todas as companhias certificadas GMP+ FSA de forma a alertá-las. Isto contribui para minimizar o impacto de lotes contaminados de alimentos no mercado.

Participação na certificação GMP+ FSA
Atualmente, mais de 14.700 companhias são certificadas GMP+ FSA em mais de 75 países. Todos os tipos de negócios são envolvidos: armazéns, trades, produtores e processadores de alimentos para animais, transportadores, produtores de aditivos, pré-misturas e rações, incluindo rações para organismos aquáticos. A certificação GMP+ FSA é líder mundial. Sua presença e aceitação global é uma real oportunidade para a aquacultura brasileira de agregar valor aos produtos quando produzidos sob um sistema certificado GMP+ FSA.

2012 Johan den Hartog (Medium)

 

 

 

 

 

*Johan Den Hartog é Diretor Geral do GMP+ International

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