Camanor completa ciclo de renascimento com prêmio da GAA
Depois de ver boa parte de sua produção dizimada em 2011, empresa dá a volta por cima com sistema que agora recebe prêmio internacional
23 de outubro de 2015
Uma ave fênix foi, não por acaso, o símbolo escolhido pela norte-rio-grandense Camanor em 2014 para mostrar que estava renascendo das cinzas da mancha branca detectada em 2011. O sistema de cultivo com recirculação e reciclagem de água, batizado de AquaScience, foi implantado logo depois e, não só recuperou a empresa em 3 anos como multiplicou a produtividade e motivou a concessão de um prêmio pela Global Aquacultura Alliance (GAA).
O anúncio da premiação de inovação em aquicultura & liderança foi feito em 19 de outubro pela GAA, que logo confirmou o diretor, Werner Jost, como palestrante de prestígio na conferência anual Global Outlook on Aquaculture Leadership, que começa no dia 26 de outubro, em Vancouver, no Canadá.
"É o reconhecimento internacional de que hoje a Camanor possui uma das tecnologias mais avançadas na produção intensiva de camarão marinho no mundo", diz Jost à Seafood Brasil. "O reaproveitamento da água entre os ciclos de cultivo e a reciclagem total dos nutrientes durante o processo de produção permitem exercer a atividade com elevadas produtividades, sem impactos ao meio ambiente e em meio as doenças que afetam a carcinicultura", completa.
Segundo ele, esses foram os pontos determinantes para que o AquaScience ganhasse o prêmio. "É o resultado de 33 anos de atividade no setor e 4 anos de pesquisas, sob a pressão enorme para vencer o vírus da Mancha Branca. Para a carcinicultura brasileira pode ser um estímulo no sentido que o prêmio mostra que um esforço individual pode fazer a diferença até a nível mundial", avalia o empresário.
Em sua palestra, Jost provavelmente irá contar como a Camanor saiu de um patamar de 10,2 mil kg de camarão/hectare, em 2013, no auge da crise sanitária que enfrentava, para 43,3 mil kg/ha no sistema de alta densidade. Apenas com o controle e reúso da água com reciclagem de nutrientes, sem uso de antibióticos ou substâncias danosas, a empresa consegue hoje controlar as enfermidades no camarão.
Em tempos de crise hídrica, o sistema ameniza consideravelmente o custo e o emprego de água no cultivo. Conforme o empresário, uma fazenda tradicional de camarão usa 19 mil litros de água para produzir 1 kg do crustáceo, enquanto a AquaScience usa 240 litros.
Outra vantagem é a possibilidade de assegurar a estabilidade do cultivo de camarões e tilápias com níveis de stress baixos, o que se reflete na mortalidade. Um dos segredos, segundo Jost disse em artigo publicado no boletim Shrimp News, é aprender a conviver com a doença. "Nós trabalhamos em um sistema que tem muita estabilidade. Temos de trabalhar de forma muito organizada para evitar a mancha branca em alta densidade, com 300 animais por metro quadrado", disse à GAA.
Veja abaixo um vídeo da AquaScience, sistema premiado pela GAA em 2015:
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camarão, carcinicultura, GAA, Litopenaeus vannamei, sustentabilidade, Werner Jost