Coluna da Qualidade | 7 perguntas de um diretor sobre o controle de qualidade
Controles internos da produção, se bem utilizados, podem até alavancar crescimento da empresa de pescado
08 de janeiro de 2016
por Angela Busnello*
Se você é um diretor de empresa certamente já fez ou fará as seguintes perguntas sobre o controle de qualidade:
1) Será mesmo necessário preencher tantos controles?
2) Estes controles são diários?
3) Esses controles são efetivos?
4) Garanto a qualidade do produto final desta forma?
5) Meus funcionários realmente sabem o que estão preenchendo?
6) Os órgãos regulamentadores exigem mesmo tantos controles?
7) Posso modificar isto?
Sim, você pode modificar isso. Nestes dias em que tempo é dinheiro, simplificar , unificar e transformar é a solução.
Na indústria de pescado os programas de autocontrole são obrigatórios para atendimento do Sistema de Inspeção Federal (SIF), portanto, indispensáveis. Muitos deles são diários, mas saibamos modernizar, nem tudo é necessário, muitos documentos são pré-históricos - a velha história da Zona de Conforto: alguém criou assim, sempre foi feito assim e mudar pra quê?
Experimente inverter esta história, ou seja, mostrando a importância destes controles no produto final e para os clientes. Ninguém deseja vender peixe com histamina e receber devolução de pedidos ou telefonemas de clientes, mas sua equipe sabe disto? Talvez estejam todos trabalhando no automático, um desperdício de tempo e dinheiro. Eles podem mais , só precisam ser estimulados e saber da real importância do controle de qualidade em uma indústria.
Controles efetivos são os que garantem produtos excepcionais sem gastar mais para isto. A sugestão é revisar os controles realizados e adicionar outros importantes para seu processo. Muitos empresários dizem para mim: as Boas Práticas de Fabricação estão muito bem implementadas , mas tive que parar meu processo por contaminação bacteriológica do cativeiro de camarões. Concluo imediatamente: seu controle de qualidade é engessado, preso a algum padrão, sua empresa precisa de um controle efetivo, presente, dinâmico, com monitoramentos eficazes.
É imprescindível uma comunicação eficaz entre controle de qualidade e alta direção, trabalhando com objetivos comuns. Quer um exemplo simples de uma planilha de controle de processo e de para atender a legislação?
A empresa precisa preencher as planilhas de manutenção, seja em sistemas ou manualmente, certo? Uma máquina apresentando o mesmo defeito por vários dias é um sinal. É necessário avaliar quantas horas perde-se diariamente com essas paradas, isto é lucratividade.
Pescado é um produto extremamente perecível. Um processo parado por defeito de equipamento pode alterar a qualidade e o produto poderá ser condenado, então não é melhor realizar o conserto ou substituir a máquina? Isto foi calculado?
Na planilha utilizada para autocontrole, adicione uma coluna com o tempo de horas paradas e as ações a serem realizadas para evitar perdas de produto, treine os funcionários para comunicar aos responsáveis e não para arquivar planilhas em uma pasta física ou virtual, apenas como protocolo, o objetivo é produzir alimentos seguros.
Reflita: é melhor ter uma equipe de qualidade apenas para atender aos órgãos regulamentadores, ou também para alavancar o crescimento de sua empresa? Posso garantir, reformule o propósito do seu controle de qualidade e você irá se surpreender com a transformação de sua empresa.
Desejo a todos nossos leitores um feliz 2016 !
*Angela Busnello é engenheira de alimentos e auditora líder em ISO 22004 e FSSC 22000, regulamentada pelo GFSI Global Food Safety Initiative, ambos certificados pela International Register of Certificated Auditors (IRCA), da Inglaterra. Está a frente da consultoria Qualität- Gestão da Qualidade em Alimentos e Bebidas.
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