Com risco de extinção, Apex ganha apoio de associações
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Com risco de extinção, Apex ganha apoio de associações

Presidente da PeixeBR avalia atuação da agência como positiva, após brigas políticas colocarem sua existência em questão

18 de abril de 2019


Na semana passada, um editorial do Jornal O Globo defendeu a extinção da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) após mais uma confusão envolvendo a direção da companhia. A publicação questionou a eficiência da entidade, o que gerou manifestações de associações e empresas em favor da Apex.



Procurado pela Seafood Brasil, o diretor-presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros, declarou que os problemas na agência são questões políticas. Medeiros avalia como positiva a atuação dela junto à associação, apesar do curto histórico entre eles. “Para a piscicultura o ano de 2018 foi bastante produtivo, não tínhamos uma experiência anterior com a Apex-Brasil e nosso setor está bastante satisfeito”. O primeiro contato com a entidade aconteceu em 2017, quando a associação buscou a Apex com o objetivo de inserir o pescado nos itens de produtos a serem promovidos no exterior. Em abril, a agência montou um pavilhão do Brasil na Seafood Expo North America, em Boston (EUA), da qual a PeixeBR participou com mais oito empresas. A aproximação desembocou na criação, em junho daquele ano, do Fórum para o Desenvolvimento da Aquicultura, que envolve a Apex-Brasil, entidades setoriais como a PeixeBR e outros entes governamentais para criar um planejamento estratégico de incremento do pescado na pauta exportadora do Brasil. Para a aquicultura, Medeiros declarou que tem acompanhado de perto trabalhos contratados cujos resultados estão previstos para serem entregues nos próximo 30 dias. Os estudos têm foco no mercado nacional e internacional para o pescado brasileiro e, em especial, a tilápia. O objetivo é  identificar oportunidades de negócios, como: quem compra, como compra, condições tarifárias e sanitárias, entre outros aspectos. Apoio à Apex-Brasil Entre as inúmeras associações e empresas que se manifestaram em defesa da agência nos últimos dias, a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) divulgou em sua página que a “Apex-Brasil é essencial para fortalecer a indústria nacional no exterior”. Ainda informou que a atuação da companhia - com quem tem convênio desde 1998, tem sido determinante para seu setor, fomentando negócios de todos os portes de empresas e ajudando no caminho que seria, muitas vezes, “bastante complexo”. Já o AgroEmDia expôs nota da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), onde “considera a atuação da Apex-Brasil de alta relevância para a cadeia produtiva do arroz”. O grupo destaca que o convênio junto à entidade por meio do projeto Brazilian Rice, “tem trazido resultados extremamente positivos para setor, capacitando empresas e impulsionando as exportações, o que contribui para geração de emprego e renda no Brasil”. Também em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) se colocou ao lado da companhia com quem trabalha desde o início de suas atividades. E em conjunto, as duas instituições criaram e executam o Brazilian Footwear, programa de promoção das exportações brasileiras de calçados. “Durante os quase vinte anos de colaboração, a equipe técnica da Apex-Brasil se apresentou com competência e comprometimento, especialmente no que se refere à aplicação de estratégias de crescimento, capacitação de empresas para o mercado internacional e ações de promoção de negócios.” Com parceria desde 2012, a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra) disse atuar com a agência quando foi assinado o primeiro convênio para a realização do Projeto Setorial Brazilian Renderers, que trabalha pela promoção comercial para expansão das exportações de farinhas, gorduras, gelatinas e hemoderivados de origem animal. “Por meio desse projeto, as nossas mais de 150 empresas associadas têm se beneficiado, seja conquistando um posicionamento estratégico no cenário internacional, levando ao reconhecimento da qualidade dos nossos produtos no mundo, seja equilibrando a oferta e a demanda no mercado nacional”. O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)entidade que representa couros produzidos no País, declarou que as “exportações têm um peso determinante sobre a atividade industrial curtidora do Brasil, onde atualmente, mais de 80% de todos os couros produzidos no País são vendidos ao mercado externo”. Neste cenário, disse que cabe a ele destacar o papel determinante da Apex-Brasil para a evolução e participação do produto no Brasil e no mercado internacional. “Se, antes do surgimento da agência, o País exportava menos de US$ 700 milhões por ano em couros, hoje podemos destacar que chegamos aos US$ 2 bilhões anuais – um salto de 65%.” Entenda o impasse O portal O Globo divulgou no começo de janeiro que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi ao Palácio do Planalto para discutir com o presidente Jair Bolsonaro o que fazer para resolver a questão da Apex-Brasil. Segundo o veículo, na ocasião, Araújo havia demitido o presidente da agência, Alecxandro Carreiro. No entanto, Carreiro se recusou a deixar o cargo e trabalhava normalmente. Bolsonaro havia assinado a nomeação do publicitário para o cargo feita com a recomendação do Itamaraty.  O ministro Araújo teria determinado a demissão após conversas com os diretores da entidade sobre alterações que Carreiro já teria feito nos primeiros dias no cargo: demitiu 17 funcionários e contratou mais de 20, ainda teria substituído responsáveis por várias gerências estratégicas por pessoas de fora da agência. Agora no começo de abril, outra mudança na presidência causou confusão. O G1 informou que o embaixador Mário Vilalva, que assumiu a presidência no lugar de Carreiro, fora demitido por Araújo após uma série de declarações à imprensa nas quais teria reclamado de alterações realizadas no estatuto da Apex que retiraram inclusive parte de seus poderes sem ele ter sido informado. De acordo com o portal, Vilalva teria dito que as alterações foram realizadas por ordem do chanceler. E que o clima é de apreensão por problemas de gestão acumulados desde que os diretores Márcio Coimbra e Letícia Catelani foram indicados no começo do ano. Os impasses vão desde a falta de embasamento técnico na suspensão de contratos importantes para o desenvolvimento de ações em andamento até a contratação de funcionários sem a experiência ou qualificação técnica para cargos de alto escalão. Conforme o blog de Gérson Camarotti, “a mudança no estatuto tinha o intuito de fortalecer os dois diretores da agência, que têm ligação mais umbilical com líderes do PSL do que o próprio Vilalva”. Já o blog de Vicente Nunes revelou que “a guerra por poder foi brutal” deixando a entidade completamente parada, projetos comprometidos, convênios correndo o risco de suspensão e pessoas sem saber seus destinos. Funcionários da empresa teriam sido hostilizados por Vilalva e colaboradores teriam feito uma denúncia coletiva às diretorias de Negócio e de Gestão Corporativa da agência e também ao Ministério Público do Trabalho do Trabalho (MPT) e ao próprio Itamaraty por assédio moral na ouvidoria interna. Além do diplomata, o chefe de gabinete, Roberto Escoto, e Claudenir Pereira, controlador interno da Controladoria-Geral da União (CGU), também foram denunciados.


 
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