Comércio mundial do pescado deve cair pelo segundo ano consecutivo; produção sobe

Comércio mundial do pescado deve cair pelo segundo ano consecutivo; produção sobe

Dólar forte diminuiu rentabilidade de todas as demais moedas e afetou desempenho das exportações de peixes e frutos do mar em todo o mundo

11 de setembro de 2016

2016 será o segundo ano de queda na receita do comércio mundial de pescado e a primeira vez que uma diminuição foi registrada em dois anos consecutivos desde que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO/ONU) passou a compilar estatísticas do setor, 40  anos atrás.

Segundo o relatório Globefish Highlights, cuja terceira edição acaba de ser apresentada pela FAO, a queda na receita não está relacionada à diminuição do volume exportado, cuja previsão continua estável este ano em 59,9 milhões de toneladas, mas ao resultado de um dólar significativamente mais forte - que reduz o valor relativo do comércio em outras moedas, como o real - e a uma queda de preços em algumas das espécies mais comercializadas.

As tendências principais em produção de pescado e consumo continuam, com desembarques estáveis na pesca extrativa e um incremento de 5% na produção aquícola. Ao mesmo tempo, a FAO crê na expansão do consumo per capita de pescado oriundo da aquicultura para 10,9 kg este ano, mais alto que os 9,7 kg de espécies selvagens.

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Em abril de 2016, o último mês da análise, o FAO Fish Price Index estava similar ao mesmo mês de 2016. Em geral, os preços de pescado continuaram relativamente baixos ao longo da primeira metade de 2016 se comparados a anos recentes, puxados, principalmente, pela larga proporção de comércio mundial de commodities como camarão e atum ocupam no mix total. Além disso, preços de pescado de alto volume, como pangasius, tilápia e cavalinha, também caíram.

Cefalópodes e algumas espécies demersais, como cod, mostraram fortes ganhos no mesmo período, assim como os preços de arenque. A performance de maior valorização, no entanto, é o salmão de cultivo, cujos preços na Europa chegaram a altas sem precedentes no momento em que a oferta global se comprime.

A maioria dos exportadores de pescado deve apurar faturamento menor com exportações em dólares, por conta de uma combinação de preços baixos e moeda forte. Grandes exportadores de atum e camarão, como Índia, Tailândia, Filipinas, China, Equador e México tem previsão de sofrer em vários níveis com baixos preços de commodities. 

 

Outros grandes produtores vão se sair melhor, como Argentina, Noruega e Islândia. As duas últimas estão se beneficiando dos altos preços do cod, mas as empresas de cultivo de salmão na Noruega estão apurando um faturamento enorme com os saltos de preços. Já a captura de camarão vermelho da Argentina no último ano incrementou vendas para os mercados europeus e à China.

No lado da importação, os três mercados mais importantes (EUA, União Europeia e Japão) devem apurar quedas marginais no total importado, enquanto alguns países devem se comportar bem ao longo do ano.

A votação do referendo para a saída do Reino Unido da União Europeia teve um impacto imediato e negativo nas exportações britânicas já que há incerteza  sobre o cenário com a saída e quais as implicações que isso vai gerar no comércio entre o Reino Unido e seu principal parceiro. 

A libra teve uma desvalorização imediata, o que é uma vantagem aos exportadores mas reduz dramaticamente o poder de compra dos importadores de pescado. Para um país que importa duas vezes o que exporta, as consequências devem ser sérias. Além das questões comerciais, a saída do Reino Unido vai significar uma reformulação do controle nacional das políticas de gestão pesqueira e deve levar a um ajuste das cotas de águas soberanas previamente estabelecidas em Bruxelas sob a Política Pesqueira Comum (Common Fisheries Policy).

Leia aqui o relatório Globefish Highlights completo.

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