Cristián Maino: 'queremos conservar 95% do mercado de mexilhões congelados no Brasil'

Cristián Maino: 'queremos conservar 95% do mercado de mexilhões congelados no Brasil'

O gerente da marca setorial do mexilhão chileno, a Patagonia Mussel, concedeu entrevista exclusiva ao Seafood Brasil para comentar a estratégia de inserção dos produtos congelados no País.

05 de dezembro de 2013

O gerente da marca setorial do mexilhão chileno, a Patagonia Mussel, concedeu entrevista exclusiva ao Seafood Brasil para comentar a estratégia de inserção dos produtos congelados no País. Na foto, Pedro Ovalle (AmiChile), Cristián Maino e Marichu Meyer (ProChile).

Leia a seguir as respostas na íntegra.

A matéria sobre os novos pontos de venda com o mexilhão patagônico está publicada na edição #3 da revista Seafood Brasil.

1) Como o Brasil está localizado no ranking do mercado do mexilhão chileno? Qual é a oferta estimada de mexilhões que o mercado brasileiro pode comportar?

O Brasil não está entre os nossos mais importantes mercados de exportação. Historicamente, está entre o posto 10 ou 11, mas temos uma concentração de mais de 55% das nossas exportações nos primeiros quatro mercados dentro de um universo de mais de 40 mercados aos quais exportamos. Atualmente, o mercado de mexilhões importados no Brasil ultrapassa cerca de 500 toneladas anuais, das quais temos 95% de participação no mercado, por isso a nossa estratégia deve ter como objetivo expandir a demanda para o produto, a facilidade de distribuição, duração de 24 meses, respeitando a cadeia de frio, instalações de embalagem para restaurantes e instituições, os atributos do produto e excelente custo-benefício, queremos comunicar aos consumidores, apoiados por uma grande campanha com chefs em todo o Brasil para ajudar a promover o consumo de frutos do mar frescos, saudáveis ??e nutritivos. O crescimento esperado da demanda por exportação de mexilhões chilenos e outras origens para esse mercado vai se expandir durante a campanha, dobrando a cada ano, durante os primeiros dois anos, pelo menos, de 500 toneladas para 2.000 em 2014. Esperamos então manter a cota de mercado de 95% para o nosso produto.

2) Como está a negociação com pontos de venda no Brasil ? Antes do final do ano e vamos ter produtos de mexilhão disponíveis no mercado brasileiro?

A recepção do mercado brasileiro tem sido muito boa, tanto pelos importadores e pelo chefs, que encontraram nos mexilhões da Patagônia chilena um produto de grande qualidade e muito versátil para a sua preparação. Nosso trabalho agora se concentra na comunicação das necessidades específicas desses nichos de mercado-chave que geram tendências e são o motor da mudança nos hábitos de consumo de mercado, transmitindo informações dos chefs que trabalham em hotéis, restaurantes, escolas, cozinhas e instituições, aos importadores e distribuidores, que são seus fornecedores.

A única coisa que foi um pouco mais lenta na entrada para o mercado brasileiro é a negociação com os supermercados, que têm demonstrado vontade de ter o produto, mas a embalagem definição do processo. Tipos de produtos e volumes iniciais são mais difícil para diminuir rapidamente, tão grande quanto o mercado brasileiro, onde os volumes são enormes e a importância relativa de um produto a ser introduzido é muito pequena, mas esperamos concretizar dentro deste ano ou início do próximo, de modo que todos podem acessar e desfrutar deste nobre produto através de grandes redes de supermercados do país.

3) Estes produtos são vendidos em marca própria de empresas e supermercados ou distribuidores?

Como um país que se preocupa que a origem do projeto e os atributos do produto sejam reconhecidos, a marca Patagônia deve ir todas as embalagens de varejo. Mexilhão é uma marca-país, que funciona como um selo de qualidade e origem que vai junto com outras marcas podem ser a cadeia de supermercados, distribuidor ou exportador, independentemente. O que queremos alcançar com esta campanha é que o mercado, os consumidores, cozinheiros, importadores , supermercados e outros reconhecem os atributos do produto chileno.

4) Já existe uma empresa credenciada com registro DIPOA e autorização para vender seus produtos com sua própria marca no Brasil? Quais são essas empresas?

Das empresas que participam do projeto, todas têm DIPOA para exportar alguns dos produtos que oferecemos, mas para esclarecer um ponto importante nesta questão, a autorização concedida neste departamento no Brasil é necessária para cada tipo de produto e tipo de embalagem em que ele é necessário para exportar, considerando embalagens primária e secundária. Por isso mesmo as empresas exportadoras, que podem ser encontradas no site da www.patagoniamussel.com, têm algumas autorizações DIPOA para a exportação de produtos a granel .

5) O mercado brasileiro tem uma produção regular de mexilhão em Santa Catarina, que o governo impulsionou ao alocar áreas de cultivo. Qual é a sua avaliação sobre a possibilidade de mexilhão chileno representar uma concorrência significativa na preferência do consumidor?

O aumento da produção de mexilhão no Brasil é um grande sinal para nós, já que a proporção que ocupa entre os frutos do mar é muito baixa, considerando a versatilidade que tem no preparações, a ingestão nutricional e, geralmente, como parte de uma dieta saudável. O aumento do consumo de frutos do mar na população brasileira é uma meta-país, pois nós queremos oferecer uma alternativa em combinação com o produto fresco produzido em Santa Catarina.

A oferta de mexilhões, nacionais e importados, em uma ampla gama de produtos, permitirá posicionar este marisco saudável ??e nutritivo na dieta dos consumidores. Cada vez mais permanente, o que é um longo e duro trabalho, que nós acreditamos que pode ser parte é o apoio dos produtores locais de frutos do mar, distribuidores, e os players-chave da indústria. O que é muito importante lembrar é algo que a indústria chilena tem sido capaz de desenvolver dando garantia que pode ser verificada em mais de uma década de exportações  sem incidentes sanitários o controle sobre a produção e processamento destes produtos , como a única maneira de expandir o consumo, está dando a garantia de que não há risco sanitário de qualquer tipo, uma vez que a indústria chilena já implementou formas adequadas de controle, as quais esperamos que a indústria brasileira irá implementar em suas novas áreas de cultivo, contribuindo para o posicionamento do produto e não colocar em risco a confiança que tem sido alcançada com os consumidores.

6) Como promover um produto que não tem uma penetração massiva no mercado brasileiro, nem com produtos nacionais?

É um grande desafio, porque exige desenvolvimentos prévios. Detectamos que a associação dos chefs do Brasil é muito poderosa e influente na tendência adotada no campo da culinária, que é muito ativa e dinâmica, por isso temos aproveitado a boa recepção que recebemos deles para gerar uma ‘parceria’ com a associação de APC Brasil, segundo a qual nós queremos ser parte das novas tendências do alimento saudável, nutritivo e agradável. Acredito que através deles podemos gerar uma apresentação e boas-vindas dentro do âmbito do gourmet no Brasil. Por outro lado, a tendência do mundo em termos de consumo de frutos do mar e saudáveis em geral é muito favorável a nós. É importante notar que a produção aquícola de mexilhões, para além do orgânico, por definição, é considerada a de menor impacto ambiental no que diz respeito à produção de proteínas.

7) Pela sua experiência com o mercado brasileiro até agora, qual será a principal forma de apresentação de mexilhões (meia concha, concha inteira, carne etc)? Serão frescos ou congelados?

As exportações tradicionais para o mercado brasileiro são de carne cozida e congelada IQF (Congelamento Rápido Individual) e, em menor quantidade, meia concha e concha inteira. Todos estes produtos têm uma cocção mínima, o que garante os aspectos sanitários de 100% da nossa produção. Eles são congelados em túneis frios operando a -45C °, o que permite a obtenção de um produto que, ao se descongelar, parece fresco, tem textura firme e bom sabor, porque todo esse processo é realizado dentro de 12 a 24 horas a partir da colheita. Os chefs que tiveram a chance de trabalhar com o produto em diferentes eventos se surpreenderam com o resultado obtido após o descongelamento do produto.

8) Como representante de marcas setoriais da AmiChile, você deve ter contato frequente com as empresas interessadas em exportar para o Brasil. Quais são as principais preocupações deles em relação ao nosso mercado e o que poderia melhorar e aumentar o consumo de mexilhões?

Minha relação com os exportadores de mexilhão de Patagônia chilena é permanente. Em relação às preocupações e apreensões do produto para o mercado brasileiro, são muito semelhantes às encontradas em outros mercados e até mesmo no mercado chileno. Lá, o consumo desses produtos está intimamente associado às cidades costeiras, sendo mais difícil encontrar uma demanda significativa em cidades do interior, que é devido à associação inconsciente de que esse produto deve ser consumido fresco. Estas apreensões do mercado brasileiro, que são semelhantes aos de mercados emergentes, como o Chile, são as principais vantagens dos mercados desenvolvidos, os europeus e norte-americanos.

9) A Rússia cresceu como um mercado muito importante ao mexilhão chileno, como resultado dos esforços da Patagonia Mussel. Qual é o status do projeto na Rússia agora e como a experiência passada pode colaborar com o produto no Brasil?

Os contextos dos mercados russos e brasileiros são muito diferentes em mexilhões. Na Rússia já existia um consumo de 5.000 toneladas IQF, apenas importadas, das quais entregávamos 500 toneladas. Era uma cota de mercado de 10%. Em 3 anos, nós já estamos exportando mais de 6.000 toneladas, o que indica que não só aumentamos nossa participação como o mercado também aumentou significativamente nos últimos anos. Esse contexto nos ajuda muito para a campanha no Brasil, onde o cenário é diferente. Sabemos que quando o mercado está bem informado sobre os benefícios do nosso produto, não só podemos esperar que os consumidores nos escolham como em detrimento de outras origens, como também o consumo aumente de forma significativa e sustentada.

O projeto na Rússia continua com a visita permanente de empresas que viajam para feiras, as negociações com os clientes e atividades de promoção que o ProChile desenvolve permanentemente para o "Sabores do Chile". Esperamos aprender com as boas experiências anteriores para ir aplicando isso no Brasil e conseguir colocar à disposição dos consumidores um produto saudável, seguro e saboroso.

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