Exclusivo: IBGE revela detalhes da sua primeira pesquisa de aquicultura

Exclusivo: IBGE revela detalhes da sua primeira pesquisa de aquicultura

11 de novembro de 2014

Tilápia é destaque e jundiá é cotado para entrar no próximo ano; com 133% a mais de questões, pesquisa será publicada em dezembro

 
Thais Ito

 

Pela primeira vez na história do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção aquícola nacional passa a ser objeto de estudo frequente da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM). A estreia da aquicultura, agendada para 16 de dezembro, atende a uma demanda mundial por proteína animal e por ferramentas de incentivo à produção de pescado, conforme explica Octávio Costa, gerente de estatísticas de pecuária do IBGE, em entrevista exclusiva à Seafood Brasil.

"A novidade está relacionada à crescente importância do setor", comenta Costa. "No mundo, a aquicultura tem crescido mais que outras atividades agropecuárias porque há uma demanda por proteína animal. E essa proteína pode ser produzida em espaços menores e a um custo mais reduzido, além de ser importante em relação ao meio ambiente - a pesca extrativa tem freado devido à redução da população de várias espécies de peixe, então a própria Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tem recomendado a criação como alternativa à pesca, já que é uma produção renovável."

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A inclusão da aquicultura "engordou" o questionário tradicional do PPM em 133% em relação ao número de perguntas - às 18 questões foram acrescentadas mais 24 relacionadas ao novo tema. A novidade é resultado de um acordo de cooperação estabelecido pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, e a presidente do IBGE, Wasmália Socorro Barata Bivar, em setembro do ano passado.

A aquicultura foi analisada ao longo de 2014 sob a mesma metodologia utilizada pela PPM, que revela anualmente informações sobre produção e valores de produtos de origem animal, como carne e leite. As equipes do IBGE consultaram diversos agentes relacionados à cadeia produtiva - desde associações de produtores, institutos estaduais de estatísticas ou de controle de sanidade animal, produtores reconhecidos, parceiros como o SEBRAE, cooperativas, bancos que financiam a atividade, entre outros - para estimar a produção em cada município visitado.

"É um método mais subjetivo em que consultamos não necessariamente o produtor, mas as pontes de agregação, onde ocorrem a comercialização ou a assistência técnica, por exemplo", salienta Costa. "A vantagem é poder fazer uma estimativa através de outras fontes, permitindo uma flexibilidade de acordo com as ferramentas disponíveis em cada unidade da Federação; por outro lado, não permite entrar no detalhe porque não falamos direto com o produtor."

Larga produção

Dentre as 17 categorias de peixes pesquisadas, as quais incluíam, em geral, seus híbridos, a tilápia e o jundiá foram os destaques. O primeiro pela produção em larga escala. Já o segundo, que sequer integrava a lista inicial de espécies citadas no questionário, ganhou notoriedade ao longo das entrevistas.

"No questionário, pedíamos aos entrevistados para identificar outras espécies não listadas, as quais contabilizamos no grupo 'outros peixes'", relata Costa. Embora não possa divulgar dados da pesquisa antes da publicação oficial, o porta-voz adiantou que a expressividade do jundiá fora tão elevada nas respostas do Rio Grande do Sul que possivelmente entrará na lista do próximo ano. "O problema é qual espécie excluir para que ele entre."

Além da tilápia, integravam a lista os grupos nomeados como carpa, curimatã, dourado, jatuarana (que incluía piracanjuba), lambari, matrinxã, pacu (que também considerava a patinga), piaus (que englobava piava, piau, piau-uçu e piapara), pintado (incluindo outros como surubim e pincachara), pirapitinga, pirarucu, tambacu (junto com tambatinga), tambaqui (que, por sua relevância, ganhou seu próprio grupo), traíra, truta e tucunaré.

Além da piscicultura, o PPM abordou a produção total de alevinos, camarões (inclusive na forma jovem de larva) e ostras, vieiras e mexilhões (incluindo suas sementes). A unidade de medida utilizada será o quilograma, exceto para as formas jovens (alevinos, larvas e sementes). A pesquisa também considerou o valor de produção de outros animais não listados anteriormente, como rã, siri e jacaré.

Em relação aos preços, foram levados em conta apenas os peixes in natura e valores livres de frete e impostos. No que diz respeito aos limites da pesquisa, Costa acrescenta que o levantamento considerou exclusivamente a produção primária voltada para a comercialização e a alimentação. "Desconsideramos serviços de lazer, como "pesque e pague", ou a produção de algas, por exemplo", ressalta.

Números em detalhes

Veja na próxima edição da Seafood Brasil, em dezembro, a cobertura completa sobre todas as pesquisas que o IBGE faz com o setor.

Confira aqui outras edições revista.

(Crédito da imagem: Michael MK Khor/Flickr e Depositphotos)

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