Fiesp recebe II Encontro Noruega Brasil de Aquicultura para acelerar cooperação aquícola
Grandes empresas norueguesas conheceram empresas brasileiras interessadas em adquirir tecnologia norueguesa
10 de novembro de 2018
O auditório do 4º andar da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu nesta quinta-feira (08/11) o II Encontro Noruega Brasil de Aquicultura. O evento é fruto de um esforço conjunto entre a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) e Innovation Norway, com apoio da Royal Norwegian Embassy e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Mais uma vez, o objetivo foi intensificar a cooperação entre representantes de instituições e empresas nacionais com grandes corporações norueguesas para promover parcerias e impulsionar a aquicultura brasileira. Além de uma manhã com diversas apresentações sobre novas tecnologias e soluções para o desenvolvimento do setor no País, o encontro teve ainda uma rodada de negócios.
Stein-Gunnar Bondevik, diretor da agência de promoção Innovation Norway, disse na cerimônia de abertura estar impressionado que as empresas nacionais estejam olhando além do Brasil, em busca de novas tecnologias e formas de fazer negócios. Ressaltou ainda a necessidade de dar resultados mais práticos para o evento.
Já o embaixador da Noruega no Brasil, Nils-Martin Gunnar, observou grandes progressos da primeira para a segunda edição. Para ele, o fato de a Noruega ser um dos principais exportadores de pescado do mundo gera grande interesse do governo em cooperar com o crescimento da aquicultura no Brasil.
Nils lembrou que apesar da aquicultura brasileira ser desenvolvida principalmente em água doce, também precisamos olhar para os oceanos: “Nossos oceanos terão importante crescente no futuro. A Noruega tornou as empresas marítimas o principal foco de interesse, porque existe uma necessidade de preservar este meio e torná-lo lucrativo com sustentabilidade”, comentou.
Inge Forseth, membro do NCE Aquatech Cluster, detalhou a função desta entidade, mantida por 140 fornecedores noruegueses da aquicultura e dedicada à pesquisa e desenvolvimento na área. "A combinação do crescimento da produção próxima à costa, com sistemas fechados e de recirculação, tem dado muito sentido ao nosso trabalho."
Francisco Medeiros, diretor presidente da PeixeBR, salientou a necessidade de fazer "menos cooperação e trabalhar mais". Bondevik concluiu chamando os presentes à rodada de negócios e, sobre a visão de Medeiros, cravou: "isso é muito norueguês".
O norueguês ainda colocou à disposição o programa de financiamento de tecnologia da Innovation Norway. Criado para apoiar as indústrias locais, ele financia até 80% do custeio de equipamentos para a aquicultura brasileira, desde que estes tenham pelo menos 30% de seu desenvolvimento realizado na Noruega.
Breno Davis, membro da PeixeBR, traçou um cenário positivo e otimista sobre a aquicultura nacional. "Estamos há cinco anos com crescimento superior a 10% e entendemos que este crescimento irá se consolidar com transformações, como o ganho de escala."
Segundo ele, a construção de empreendimento de grande escala é a próxima etapa. "Vamos sair do estágio atual para uma aquicultura em patamar profissional. Atualmente não temos capacidade para processar 50% do volume produzido. Isso precisa mudar."
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Intercâmbio de negócios
O painel da manhã teve o objetivo de apresentar alguns dos fornecedores noruegueses e aquicultores brasileiros para conhecimento mútuo. Pelo lado da Noruega, a AS Normex apresentou um sistemas de ozônio para desinfecção e limpeza de superfícies com tratamento de odor de produtores de ração, tratamento de água, sistemas de ozônio para RAS e plantas de processamento.
Já a Akva Group enfocou na fabricação de aparelhos para aquicultura, gaiolas de aço e plástico, tanques flutuantes e software de alimentação. Também diretor operacional da Akva Software, Inge Forseth detalhou a expansão de sistemas de RAS pelo mundo, sem deixar de apontar experiências negativas. "Um dos principais desafios que temos é a falta de conhecimento técnico sobre estes sistemas, então precisamos fazer muito treinamento."
A Kongsberg Maritime apresentou sistemas de posicionamento, inspeção, navegação e automação para embarcações mercantes e instalações offshore como as usadas na salmonicultura norueguesa. O diretor da divisão marítima da empresa, Geir Erik, disse que o conhecimento do negócio do petróleo e gás em alto mar ajuda na expansão da maricultura off-shore.
A Bjordal desenvolve sistemas para aquicultura e processamento de peixes. Na aquicultura tem soluções como separadores e classificadores de peixes, sistemas de tratamento de água, estações de classificação e vacinação, lavador de redes etc.
Completou o painel nórdico a Strada, que constrói equipamentos para well boats, refrigeração, filetagem, entre outros. Segundo a empresa, é possível adaptar todos os equipamentos, criados originalmente para salmão, a espécies menores, como a tilápia. O lançamento é um lavador de tanques capaz de higienizar um tanque de 60 metros de diâmetro em menos de uma hora.
Do lado brasileiro, a Zaltana foi a maior empresa a se apresentar. Sediada em Rondônia (RO), processa principalmente o tambaqui, mas também outros nativos como pirarucu e pintado. De início, fazia apenas a despesca, lavagem e congelamento, agora industrializa e comercializa no mercado nacional, além de contar com uma fábrica de ração própria. Bruno Leite, diretor da empresa, anunciou a expansão do frigorífico de 200 toneladas/mês de processamento para 600 toneladas/mês, obra que deverá ser concluída no primeiro trimestre de 2019.
Jorge Vieira, da Aquamerica, traçou a trajetória da empresa que iniciou em Alfenas (MG) com foco na produção e fornecimento de genética em tilápia. O empresário comentou sobre a expansão desejada para outras regiões, que já iniciou com filiais em Goiás (em parceria com a Lake's Fish) e Capitólio (MG), Nova Esperança (PR) e Santa Clara D'Oeste (SP). O próximo passo é ampliar em Mato Grosso, na região do lago do Manso, e no Nordeste.
A Puro Peixe, empresa de Santa Clara D'Oeste (SP) especializada em engorda de tilápia, mostrou a experiência de um pequeno produtor, focado na comercialização a pesque-pagues e frigoríficos. Já a Âmbar Amaral frisou em vídeo a estrutura do grupo, cuja divisão de piscicultura dispõe de selo ASC e se concentra na produção de 12 milhões de peixes anuais.
A própria Lake's Fish, de Niquelândia (GO), apresentou a trajetória de crescimento da empresa. Os tanques de engorda ficam localizados dentro do Lago Serra da Mesa, o maior lago artificial do Brasil em volume de água, onde conseguem potencializar as características locais, como oxigênio e temperatura. O frigorífico processa 2500 toneladas/ano de tilápia.
Sediada em Glória (BA), mas próxima de montar um escritório em Recife (PE), a Da Fonte Aquicultura pretende crescer com investimentos em tanques de grandes volumes, sistema de despesca automatizado, entre outros. Tudo para aumentar a produção atual de 200 toneladas/mês e venda ao varejo, atualmente apenas para frigoríficos parceiros e tradicionais feiras nordestinas.
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