Fishtag quer “encurtar caminho entre compradores e vendedores” de pescado
21 de dezembro de 2018
Imagine se você pudesse encurtar até 10 atravessadores na cadeia de compra do pescado? Esta é a proposta da Fishtag, uma ferramenta recém-lançada que pretende oferecer serviços integrados e permitir que os produtores e o cliente final “cortem os intermediários”, entregando produtos porta a porta a um preço melhor e com rastreabilidade.
O projeto foi idealizado pela dupla Cesar Calzavara, veterinário e mestre em recursos pesqueiros e aquícolas há 12 anos na indústria, e Barbara Granek, ex-executiva de multinacionais de alimentos que teve a ideia após um MBA no MIT Sloan School of Management (EUA).
Em entrevista à Seafood Brasil, Granek contou que a Fishtag surgiu não apenas da ideia de encurtar a cadeia, mas também levou em consideração aspectos como preços, já que hoje os produtores arcam com todos os custos e riscos, na visão dela.
A ideia não é tirar totalmente o intermediário, mas ter uma plataforma em que os produtores possam colocar seus peixes à venda para quem quiser comprar, inclusive um distribuidor. "O foco são os restaurantes para encurtar a cadeia, mas pode ser um intermediário também", explicou a co-fundadora.
A ferramenta já está cadastrando antecipadamente os produtores, para que o peixe comercializado seja legal com todos os registros e certificados de requerimento para a venda do produto. “E essa informação da qualidade precisa chegar do produtor ao restaurante” disse.
Marketplace do pescado
Granek explica que a ferramenta se baseia em 4 pilares: O primeiro é marketplace, com a função de conectar um grande número de pessoas. “Ou seja para que o produtor tenha acesso a muito mais gente para ele vender, a Fishtag faz indiretamente o papel de comercial para eles. Os restaurantes não ficam dependentes de intermediários, já que podem comprar de qualquer produtor”, completou.
O segundo pilar se trata da logística. “A logística hoje é super complicada, quem toma conta é o produtor. Para cada lugar é uma logística, quando chega no destino é o intermediário quem recebe. A Fishtag está entregando do produtor à porta do restaurante”, declarou.
A terceira base da ferramenta é a qualidade. Além de ser necessário um produto formal, outro ponto é a rastreabilidade. Granek comenta que o atum já se enquadra neste conceito: "Entregamos o peixe com a informação de rastreabilidade: sabemos a temperatura do peixe quando foi pescado, se chegou vivo ou morto a bordo, em que latitude e longitude”, disse.
A forma de pagamento completa a lista: ”O pagamento será via plataforma, como qualquer compra na internet: paga e recebe. Então o produtor fica mais seguro”, comentou.
Também faz um trabalho muito interessante na conscientização dos pescadores e armadores para ter um produto de qualidade na ponta.
Resultados e novos caminhos
O pré-lançamento surpreendeu as expectativas. “A experiência comprovou a certeza de que a qualidade do peixe seria muito superior, com um preço acessível. E já temos cadastros de restaurantes do Rio Grande do Sul até Rondônia”, finalizou a co-fundadora. Enquanto a plataforma é aprimorada o trabalho é feito manualmente: os restaurantes perguntam o preço e a equipe faz a intermediação com os produtores, desde a compra até a entrega no cliente.
A empreendedora revelou que plataforma também será adequada à comercialização de outras espécies, além do atum. Agora a dupla busca investidores para dar escala ao negócio.
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