Governo do RN quer incentivar panga com camarão

Governo do RN quer incentivar panga com camarão

Decreto de SP será modelo para licenciamento ambiental de propriedades, que podem rotacionar cultivo com camarão

22 de dezembro de 2017

Em plena 14ª Feira Nacional do Camarão, em Natal (RN), uma das principais estrelas foi o pangasius. Representado pela Associação Brasileira de Criadores de Panga (ABCPanga), que levou um aquário à feira, a espécie originária do Vietnã caiu nas graças do governo potiguar, que pretende incentivar a criação de uma cadeia produtiva voltada à espécie, com fábrica de ração, fazendas e uma unidade de processamento.

Durante o evento, o secretário da Agricultura do Estado, Guilherme Saldanha, confirmou o interesse na espécie. "É um peixe com conversão alimentar melhor que a da tilápia e que já tem um mercado no Brasil inteiro." O secretário indicou que a legislação atual que impede o cultivo de espécies exóticas não deve ser um empecilho, já que uma nova lei está em gestação com base no decreto paulista que regulamentou o cultivo de espécies exóticas em viveiros escavados.

A intenção do governo do Estado é incentivar o cultivo em propriedades originalmente focadas no cultivo do camarão vannamei que sofreram com a mancha branca e paralisaram ou diminuíram drasticamente as atividades. "Nossa estimativa é de que existem no RN de 2 mil a 5 mil hectares de lâmina d´água que podem ser explorados para o cultivo deste peixe. " O cultivo seria feito em forma de rodízio, alternando a engorda de camarões com a de panga, para produzir até 2 ciclos do peixe por ano.

O governo do Estado já foi consultado e pode dar o aval para um incentivo fiscal destinado a atrair fábricas de ração capazes de suprir esta demanda, segundo Saldanha, embora já exista atuação local de fábricas instaladas no Ceará e em Pernambuco. Outra iniciativa prevista é a revitalização do terminal pesqueiro da Ribeira por meio de uma parceria com a iniciativa privada.

Há dúvidas, porém, sobre a adaptação da espécie à região. De acordo com Fernando Kubitza, Diretor Geral da consultoria Acqua Imagem, o panga não tolera águas com mais de 15 ppt por muito tempo e não cresce bem em salinidades acima disso. "Mortalidade total a 20 ppt em poucos dias, vai ser possível apenas em águas com menores salinidades."

Na visão dele, esta é uma frágil plataforma que está se propondo e defendendo como solução dos problemas sofridos pelos produtores de camarão do RN e do Nordeste.

Capacitação e interesse

Enquanto o governo destrava as condições para a produção, a ABCPanga trabalha agora na capacitação dos produtores. "A região tem todas as condições para produzir muito panga. Só o clima, por exemplo, são 12 meses de calor, o que estimula o crescimento do peixe", conta Gaetano Furno, presidente da entidade.

Junto a representantes do governo do Estado e da equipe coordenada pela professora da Universidade Federal de São Carlos, Luciana Seki Dias, ele realizou uma série de visitas técnicas a interessados, trabalho que prosseguirá nos próximos meses. Um workshop realizado paralelamente à Fenacam reuniu mais de 80 interessados.

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