Marine Harvest deixa a SalmonChile e amplia maré desfavorável ao salmão chileno

Marine Harvest deixa a SalmonChile e amplia maré desfavorável ao salmão chileno

Maior empresa de cultivo de salmão no Chile critica condução de negociações da entidade com o governo sobre novas regulamentações

28 de julho de 2016

O ano de 2016 realmente não está fácil para a salmonicultura chilena. Após as ocorrências do início do ano (leia a seguir nas notícias relacionadas), governo e setor produtivo começaram a discutir uma nova regulamentação para a produção de salmão em tanques de grande volume. Descontente com o rumo das negociações e com a postura da SalmonChile, associação que respondia por 70% da produção de salmão no Chile, a gigante Marine Harvest anunciou esta semana a saída da entidade.

O gerente geral da empresa no Chile, Per-Roar Gjerde, disse em entrevista ao portal Aqua.cl que não está de acordo com a agremiação sobre como o setor deve avançar. O executivo garantiu que a empresa já estava em busca de uma "regulamentação mais estrita e planejada da salmonicultura chilena". Teria discutido suas propostas em "várias ocasiões" com a SalmonChile e concluído que não coincide com a entidade sobre o caminho que deve seguir a indústria chilena.

Na sequência, o senador Rabindranath Quinteros, representante da região de Los Lagos (onde a empresa tem produção), valorizou a postura adotada pela Marine Harvest. Afirmou que a posição da empresa é honesta e aponta ao fundo do problema.  “Se a maior salmoneira  advoga por uma maior e mais estrita regulação do setor e propõe que a proposta do governo nesta matéria é insuficiente, então é o momento de revisar e corrigir o trabalho que foi desenvolvido até agora." Segundo ele, com empresas autocomplacentes e normas brandas não podemos esperar bons resultados.

Alvo de artilharia pesada, a Salmon Chile respondeu prontamente. Segundo comunicado oficial enviado à Seafood Brasil, o presidente da entidade, Felipe Sandoval, disse que a indústria precisa estar unida e comprometida com o futuro do setor, "mais do que nunca". "Estas decisões individuais são lamentáveis e prejudicam o trabalho em distintas matérias, não só na regulatória, mas também no âmbito social e ambiental", disparou.

Sandoval interpretou que as principais diferenças manifestadas pela empresa não estão no fundo da atual discussão do modelo produtivo, mas em alguns alguns aspectos de sua implementação. Por isso, manifestou que a distribuição produtiva entre as empresas não afeta a sustentabilidade ambiental e sanitária da indústria.

O executivo diz que compartilha a convocação de trabalhar de maneira urgente em um modelo que estabeleça limites de produção por áreas geográficas em função de resultados sanitários e ambientais destas regiões. "Ao mesmo tempo, estamos de acordo que, para ser mais competitivos e operar a custos mais baixos - sem violar os princípios sanitários e ambientais - deveria haver menos concessões, maiores, mais distantes e com mais flexibilidade onde produzir."

Na prática

Segundo a SalmonChile, a Marine Harvest quer determinar os limites de acordo com o número de concessões de cada empresa. "Outros preferem outro tipo de distribuição e o governo está implementando um esquema no qual as companhias partem da produção que têm atualmente", pontuou Sandoval. Independentemente de qual seja a forma de distribuir as concessões, esclarece Sandoval, não haverá efeito no aspecto ambiental e sanitário do sistema. "É um assunto que diz respeito com o interesse particular de cada empresa, não do modelo produtivo."

Outro ponto de discórdia é que a Marine Harvest pretende que todas as mudanças sejam imediatas, com o que a SalmonChile não concorda. "Dadas as normas de livre-concorrência, aspectos legais e jurídicos. a lei de Pesca, outras restrições e os tempos de execução que determine o governo, a implementação não é possível em curto prazo e não depende da SalmonChile", diz Sandoval. O caminho adotado pelo governo, segundo ele, é de mudanças por etapas. "Este modelo é aceito pela maioria das empresas, com o compromisso de que a totalidade das mudanças se faça o mais rápido possível", complementou.

Enquanto isso, um levantamento da consultoria Urner Barry sobre os preços do filé fresco de salmão chileno praticados nos Estados Unidos mostra que o nível se aproxima do mais alto da série histórica. Na terça-feira, foi negociado nos EUA a US$ 5,150 a 5,350 a libra. Em 2010 e 2011, quando a salmonicultura foi atingida pelo vírus ISA, o preço ultrapassou a barreira dos US$ 5,5. 

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