Ostras depuradas ganham restaurantes de Alagoas; seminário discute projeto social que agrega valor ao molusco

Ostras depuradas ganham restaurantes de Alagoas; seminário discute projeto social que agrega valor ao molusco

Evento em 1º de novembro vai discutir processo de produção, comercialização e consumo do produto

28 de outubro de 2016

Algumas das melhores praias do País já contam com uma novidade saborosa e sustentável. Ostras que passam por um processo de depuração conduzido por comunidades de pescadores no litoral sul de Alagoas começam a ser vendidas nos restaurantes locais, como Akuaba, Ninquim e Macuípe.

Os chefs aos poucos incrementam as compras da iguaria, nacionalmente conhecida e apreciada, mas que por meio de um projeto social apoiado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) chegam aos estabelecimentos com valor agregado.

Os dois órgãos implementaram uma unidade de depuração em Coruripe, que atua no beneficiamento da produção de cinco comunidades diferentes do litoral sul, como a Palateia, considerada um dos mais preservados manguezais do Nordeste, que fica na Barra de São Miguel.

De acordo com a coordenadora do projeto, Marcela Pimenta, a cadeia produtiva da ostra normalmente é artesanal e sofre com a falta de qualidade e remunerações adequadas. “Normalmente, o processo de produção é com baixo uso de tecnologias e as estratégias de comercialização transcendem os aspectos referentes a simples relação comercial, principalmente no caso de produção de base comunitária. Neste caso, é necessário agregar valor ao processo produtivo tradicional e fortalecer a cultura gastronômica local dentro de premissas ainda não convencionais em todos os mercados, como comércio justo e consumo sustentável.”

Segundo ela, é necessário adotar cuidados especiais no manejo de produção e beneficiamento do produto, pelo fato de se tratar de um organismo filtrador suscetível à contaminação do ambiente e normalmente consumido vivo in natura. “As ostras, conhecidas como iguarias, juntamente com outros moluscos apresentam grande apelo comercial e atrativo turístico”, completa.

No âmbito do projeto, os moradores percorrem trilhas alagadas a bordo de canoas rústicas em meio à vegetação nativa até a área de cultivo, onde é preciso acompanhar o desenvolvimento de cada ostra. Depois os frutos do mar são encaminhados para a unidade de beneficiamento em Coruripe.

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Como explicam os responsáveis pelo projeto, a depuração consiste na filtragem e purificação do molusco. “As ostras permanecem no depurador por aproximadamente 48 horas antes de serem comercializadas, imersas na água do mar filtrada, tratada com luz ultravioleta, cloração, filtração, oxidação com baixa concentração de cloro, eliminando os riscos de contaminação por bactérias, vírus e outros microrganismos que são comuns nesse produto, evitando os riscos do consumo.”

Para discutir este modelo de arranjo produtivo, as Associações de Produtores, juntamente ao SEBRAE/AL, IABS, Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri), farão um seminário gratuito na Barra de São Miguel em 1º de novembro. (Mais informações aqui: http://iabs.org.br/10anos/1o-seminario-curso-ostra/)

O seminário Ostras e Comunidades pretende discutir temas relevantes para o desenvolvimento sustentável de tal cadeia produtiva, como a estratégia de sanidade do produto e sua base comunitária. “Será um espaço propicio de diálogo sobre esta atividade capaz de gerar trabalho e renda e conservar o meio ambiente”, avalia Marcela.

O objetivo é apresentar o processo de depuração e discutir produção, comercialização e inserção do produto de forma mais expressiva nos menus alagoanos. Uma das possibilidades é incrementar o apelo gastronômico do produto com uma base social. “Estamos promovendo a conexão direta entre os chefs e os produtores de comunidades inseridas em belos ecossistemas. O turista certamente se sente privilegiado de conhecer a cultura local, através da nossa gastronomia”, explica Marcela.

Até maio de 2016, o IABS afirma que o programa já injetou mais de R$ 112 mil na comunidade para a construção de um modelo de gestão comunitária, subsidiando “estratégias diferenciadas que melhoraram a comercialização e a inserção do produto nos mercados turístico e gastronômico.” A expectativa do IABS é ampliar cada vez mais a comercialização de ostras, melhorando assim a possibilidade desenvolvimento das famílias envolvidas.

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