Pauta do “peixe fake” no Fantástico ajuda ou atrapalha o consumo de pescado no Brasil?

Pauta do “peixe fake” no Fantástico ajuda ou atrapalha o consumo de pescado no Brasil?

“Peixes fakes" são espécies mais baratas vendidas como nobres e mais caras

18 de abril de 2019

A reportagem do Fantástico que foi ao ar no último domingo (14/04), chamou atenção do consumidor para a compra de pescado na Semana Santa. O foco era na pesquisa realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que chegou a uma conclusão grave: de cada dez peixes vendidos em alguns Estados, quatro seriam falsos.

A projeção dada pelo Fantástico, às vésperas da época de maior consumo de pescado no País, gerou apreensão e críticas de entidades representativas. A Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes), declarou que “acreditam numa imprensa livre e que deve agir de forma imparcial com o intuito de melhor informar a população” e também são favoráveis às praticadas por órgãos públicos regulatórios, como o Mapa, Inmetro e Anvisa, desde que essas ações sejam realizadas sobre os preceitos da lei.

Entretanto, a entidade considera que “reportagens como a veiculada no Fantástico apenas tiveram o intuito de denegrir a imagem do pescado, trazendo informações contraditórias e imprecisas, além de generalizar todo o comércio de pescado realizado no Brasil, taxando as empresas que atuam neste segmento como ‘fraudulentas’, o que não condiz com a realidade do setor”.

Segundo a Abrapes, os estabelecimentos que não ofertam produtos de qualidade e agem ilegalmente, devem ser punidos e até proibidos de exercerem suas atividades, sejam eles de qualquer setor.

“Temos convicção de que empresas que fraudam os consumidores existem em todos os ramos de atividade, seja na carne bovina, aves, suína ou pescado, contudo as mesmas são exceções, jamais a regra”, afirmou.

Consultado, o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros, considera que matérias assim atrapalham o consumo de pescado no País. Para ele, a necessidade é que o Mapa faça essa inspeção diariamente e não apenas na época do aumento de consumo.

[Parte dos] produtos identificados vem de frigoríficos com Serviço de Inspeção Federal, ou seja, a responsabilidade da fiscalização é do Mapa. Então esperamos que essa fiscalização seja durante todo o ano e não somente no período de Quaresma.”

Ele reconhece que há fraudes, porém. “Provavelmente esses dados encontrados agora são bem inferiores à realidade, precisamos de mais fiscalização porque a maioria dos empresários são corretos, mas infelizmente temos alguns que continuam trabalhando ilegalmente”, finalizou.

Operação Semana Santa

A reportagem se apoia na “Operação Semana Santa”, do Mapa, que acontece todos os anos desde 2015. A última fiscalização foi realizada no dia 12 de março deste ano, em 16 Estados e no Distrito Federal.

Foram obtidas 220 amostras de DNAs de diferentes espécies de pescado resultando em 32 com inconformidades. Dessas amostras, oito produtos estão sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF) e 16 de Inspeção Estadual (SIE).

De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal,  em 2018 o índice de fraude foi de 21,4% e, agora, caiu para 11%. Nos produtos sob fiscalização direta do Mapa e nos importados, o índice de conformidade foi de 95,03%. “Vamos incentivar cada vez mais esse tipo de fiscalização, pois pretendemos acabar com essa fraude que prejudica o consumidor brasileiro”, afirmou.

Para o pescado com fraude nos frigoríficos com SIF, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, abrirá processo administrativo para a apuração.

Poderão ser adotadas medidas cautelares, como a suspensão de expedição dos peixes do estabelecimento até a total regularização do processo produtivo, além de terem de recolher os produtos que não passaram no teste.

Os frigoríficos podem solicitar a contraprova das análises e apresentarem sua defesa. Se for comprovada a fraude, as punições vão desde multa, suspensão da atividade, interdição e até o cancelamento do registro no SIF.

Sobre as amostras com inspeção Estadual e municipal, Leal informou que os resultados são encaminhados aos Estados e municípios para que adotem providências.

As marcas das empresas testadas não foram divulgadas pelo Mapa.

 
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