Praticamente inédita em SC, toxina interrompe maricultura

Praticamente inédita em SC, toxina interrompe maricultura

Presença de toxina em moluscos no litoral de Santa Catarina teve primeira detecção em 1997

20 de outubro de 2017

Em maio de 2016, todo o litoral de Santa Catarina ficou impossibilitado de cultivar e comercializar moluscos provenientes de cultivos por conta da proliferação de algas nocivas. Neste quinta-feira, 19 de outubro, os mitilicultores catarinenses receberam uma nova - e catastrófica - notícia: os moluscos da região apresentaram a ocorrência de PSP (Paralytic Shellfish Poisoning). 

 

A sigla faz referência a uma toxina paralisante que foi encontrada após exames laboratoriais na Ilha João da Cunha, no município de Porto Belo (SC). Depois de constatar o problema, a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca anunciou a interdição dos cultivos de ostras, vieiras, mexilhões e berbigões em todo o Estado.

Resta proibida a retirada, comercialização e o consumo destes animais e seus produtos, inclusive nos costões e beira de praia. A medida é preventiva, pois existe a possibilidade de ocorrer contaminação de moluscos bivalves em todo o litoral catarinense - o que seria uma catástrofe para o maior produtor nacional de moluscos, com mais de 95% da produção.

Segundo a mais recente PPM, do IBGE, dos 10 principais municípios produtores de moluscos, nove são catarinenses. Palhoça é o município brasileiro de maior destaque, com 65,7% da produção nacional e 67,0% da produção estadual. Os episódios de maré vermelha provocaram uma renda 26,7% menor aos produtores no ano passado, totalizando uma receita de R$ 68,4 milhões. O preço médio, de R$3,29, ficou 25,3% mais barato que no anterior.

Segundo a Secretaria de Agricultura, o PSP é causado por toxinas do grupo saxitoxina que podem causar diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, perda de sensibilidade da nas extremidades corpo e, em casos severos, paralisia generalizada e óbito por falência respiratória. Os sintomas podem começar aparecer imediatamente ao consumo dos moluscos contaminados.

Essas toxinas são estáveis e não são degradadas com o cozimento ou processamento dos moluscos. Todos os moluscos filtradores, independente se são ou não cultivados, podem acumular as toxinas. Nota da assessoria indica que a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) seguirá realizando coletas para monitoramento das áreas de produção de ostras, vieiras, mexilhões e berbigões. Os resultados dessas análises definirão a liberação ou a manutenção da interdição das áreas afetadas.

O representante do Laboratório Laqua-Itajaí/IFSC, Luis Proença, indica que as microalgas que vivem na água compõe a principal fonte primária de alimento dos organismos marinhos. Em condições ambientais favoráveis, o número de células em suspensão na água pode aumentar de forma significativa. Embora a grande maioria de espécies de microalgas seja benéfica, algumas espécies produzem potentes toxinas que pode ser acumuladas por organismos filtradores, como, por exemplo, moluscos bivalves.

Essas toxinas quando acumuladas em organismos marinhos, principalmente moluscos bivalves, podem causar intoxicação de seres humanos quando consomem os organismos contaminados. Proença explica que a presença de toxina em moluscos no litoral de Santa Catarina teve a primeira detecção em 1997 e é relativamente rara.

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