Relatório da FAO aponta queda no consumo de proteína animal
Comercialização

Relatório da FAO aponta queda no consumo de proteína animal

Publicação semestral da FAO/ONU sobre o mercado global de alimentos

10 de agosto de 2020

O relatório semestral das Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) sobre o mercado global de alimentos, Food Outlook (acesse aqui na íntegra), ilustra uma tendência já explorada neste boletim e na mídia especializada: o consumo de proteína animal está em queda.
 
O índice per capita mundial deve cair dos 44,6 kg/ano em 2018 para 42,4 kg/ano em 2020, segundo projeção do documento. O órgão estima ainda que a produção de aves bovinos, caprinos e suínos caia 1,7%, para 333 milhões de toneladas.
 
No caso do pescado, a produção deve cair em 2020 no mesmo ritmo das demais proteínas, com redução de consumo de 2,4% no resultado anual. A análise dos preços entre janeiro e maio de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, mostra como o pescado definitivamente foi o mais afetado pela crise da Covid-19 entre as proteínas animais: aves, bovinos, suínos e ovinos tiveram preço global reajustado para cima em 4,5%, enquanto o valor do pescado comercializado em todo o planeta caiu 8,3%.
 
Entre os destaques do relatório está a produção de camarão, que conforme o estudo, será gravemente prejudicada. O início da temporada na Ásia, que geralmente começava em abril, já atrasou. A situação levou a uma previsão geral de queda entre 30% e 40% no crustáceo cultivado na região.
 
A pandemia também impactou a demanda nos mercados doméstico e internacional, com a busca por frescos e congelados diminuindo significativamente.
 
Embora tenha havido fortes aumentos nas vendas de alimentos e entregas de comida, o órgão analisa que o consumo geral diminuiu. A tendência deve continuar pelo resto do ano.
 
Atum
Já no atum, em termos de suprimentos de matéria-prima, há relatos de que a Ásia foi menos afetada, já que muitos produtores mantiveram estoques suficientes desde 2019, mas as capturas podem cair devido às medidas implementadas para combate à Covid-19.
 
O menor poder de compra das famílias ocasionado pelas dificuldades econômicas generalizadas se traduziu em um aumento da demanda mundial por conservas, em contrapartida, o mercado do atum não enlatado (peixe fresco e congelado, filés etc ) certamente foi afetado pela desaceleração econômica.
 
Polvos
Já as perspectivas de suprimentos para o polvo indicam que a oferta diminuirá um pouco neste ano, em comparação com 2019. Países produtores como Mauritânia e Marrocos estão com maiores restrições na pesca, o que reflete na redução dos suprimentos. Já para grandes produtores como a China e o México são esperados volumes aproximados aos registrados no ano passado.
 
Conforme a publicação, a pandemia foi um “amortecedor severo” no comércio de cefalópodes. O colapso da indústria do turismo e o enfraquecimento geral da demanda provocaram um declínio nas importações nos dois principais mercados da UE27:  Espanha e Itália.
 
O interesse de compra também está lento no Japão.
 
Panga
Depois que os preços dos pangasius atingiram picos em 2018 e forte fornecimento em 2019, a pandemia fez o preço do peixe entrar em colapso.
 
Na China, um importante mercado para a indústria do Vietnã - um dos maiores fornecedores do mundo-, as autoridades começaram a afrouxar as restrições no final de março. No entanto, vai demorar algum tempo para a demanda dos chineses se recuperar totalmente.
 
Tilápia
Na China, maior produtor mundial de tilápia, as medidas de contenção associadas à pandemia têm sido traduzidas em atrasos na produção, escassez de ração e atividade de processamento limitada.
 
No Brasil, onde o setor de tilápia vem se expandindo, representantes da indústria solicitaram que o Governo suspende imediatamente alguns impostos aos produtores e estendesse o acesso ao crédito para os aquicultores. 
 
Os chineses têm lutado para fazer progresso no mercado morno dos EUA há alguns anos, mas no ano passado foram atingidos duramente por uma tarifa de 25% sobre as importações de origem chinesa para os EUA. Agora, o surto da Covid-19 levou incertezas que pressionam os preços do mercado para baixo. No entanto, a oferta mais restrita combinado com fortes vendas de varejo de produtos congelados e a remoção das tarifas dos EUA em abril de 2020 pode amenizar o impacto em certa medida.
 
Salmão
Para 2020, estima-se que o crescimento da produção de salmão do Atlântico deverá desacelerar entre 2–3 por cento. No Chile, onde o setor de salmão teve que enfrentar uma série de desafios associados à agitação social no último trimestre de 2019, o surto da Covid-19 está afetando a produção nacional e o comércio exterior.
 
Na Noruega, impactos diretos nas operações de abastecimento têm sido mais limitados, mas os produtores estão, no entanto, tendo que lutar com um mercado enfraquecido e cheio de dificuldades  na logística. 
 
No setor de salmão selvagem, entretanto, a indústria está procurando soluções para a potencial escassez da mão de obra sazonal que deverá resultar das restrições de locomoção e isolamento.
 
O impacto da pandemia no mercado de salmão mundial tem sido significativo, com analistas projetando uma queda na demanda global em pelo menos 15%. Em particular, as vendas no varejo de salmão fresco e trutas caíram muito, o que leva a previsão de que o segmento não deverá se recuperar por algum tempo.
 
 
 

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