Unidade de Beneficiamento Móvel: parceria Embrapa e iniciativa privada
Indústria

Unidade de Beneficiamento Móvel: parceria Embrapa e iniciativa privada

Falta de planejamento de escala motiva expansão de plantas de processamento de pescado não convencionais

Patrícia Mochiaro - 21 de maio de 2019

Os benefícios nutricionais provenientes do consumo regular de pescado e o seu baixo consumo reforçam os investimentos e os incentivos por meio de políticas públicas para o aumento da disponibilidade e do consumo deste alimento no Brasil (SARTORI; AMANCIO, 2012). Conforme Sidonio et al. (2011), a indústria de pescado no Brasil tem um problema no dimensionamento da escala de produção, o que inviabiliza plantas de processamento convencionais por falta da matéria-prima.
 
Os elos produtivos devem ser planejados no conjunto da cadeia, pois a verticalização da produção até a comercialização contribui para melhorar a qualidade do produto, reduzindo custos e adicionando valor ao produto final.
 
Figura 1: quantidade de unidades de beneficiamento de pescado com SIE (Serviço de Inspeção Estadual) e SIF (Serviço de Inspeção Federal) por Estado (Elaborado por: Marta Ummus – Embrapa).
 
 
O território brasileiro possui uma ampla área territorial e, para atender toda a necessidade de agricultores familiares no que diz respeito às demandas de beneficiamento de pescado, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, seria necessário um alto investimento em construções de agroindústrias. Na Figura 1, estão distribuídas as unidades de beneficiamento de pescado existentes por estado brasileiro.
 
É notório que a localização dessas indústrias na região Nordeste é, em sua maioria, na orla costeira. Nos Estados do Amazonas e Pará, as indústrias estão às margens do Rio Amazonas e também na região costeira. Roraima não possui unidade de beneficiamento e o Acre possui apenas uma. As regiões Sudeste e Sul foram as que apresentaram maior número de indústria, 139 e 121, respectivamente.
 
Nesse sentido, a distância do produtor de pescado até a indústria mais próxima pode explicar a falta de legalização da comercialização. Em razão disso, ocorre a limitação do acesso ao mercado por parte dos pequenos empresários, pois são menos competitivos e apresentam dificuldades em acompanhar as mudanças do padrão de consumo estabelecido pelo mercado (Ogawa, 1999; Santos 2011).
 
A dificuldade citada pelo setor também abarca: o custo de montagem e implantação, assim como a operacionalização de uma unidade convencional; o investimento em capital permanente, a incerteza de aquisição de matéria-prima de qualidade e quantidade nas regiões circunvizinhas; o custo do transporte; na impossibilidade de simples adaptações ou soluções para que se atenda uma nova demanda; entre outras.
 
Diante disso a Embrapa e a empresa Engmaq buscaram soluções com o maior compartilhamento possível da estrutura, para reduzir o tempo ocioso e reduzir custos de aquisição e de manutenção dessas estruturas. A Figura 2 mostra a estratégia estabelecida para auxiliar na viabilização do processamento inspecionado em pequenas agroindústrias que compartilham a estrutura.
   
Figura 2. Estratégia de operação itinerante
 
A validação dessa tecnologia foi aprovada por um edital da Embrapa e é específica para a unidade de beneficiamento móvel elaborada a partir de uma demanda da empresa privada Piscis para operar às margens do açude do Castanhão, no estado do Ceará. A capacidade de operação desta unidade é de 3 a 5 toneladas por dia de pescado eviscerado. 
    
Figura 3: Teste operacional (equipamentos) realizado na  empresa Pescado Pinhal, em Concórdia-SC
 
Vantagens em relação às unidades convencionais
 
A Unidade de Beneficiamento de Pescado da Embrapa e Engmaq pertence a uma família de equipamentos que podem ser modulares, móveis ou estacionários. É uma solução para superar os gargalos das pequenas agroindústrias brasileiras, que não conseguem viabilizar-se em estruturas fixas convencionais pelo baixo volume de processamento, resultando em ociosidade. 
 
Esses modelos de unidades de beneficiamento são ideais para Arranjos Produtivos Locais (APLs) organizados por associações, consórcios, cooperativas e empresas visando a ofertar peixes inspecionados, para o mercado local (Serviço de Inspeção Municipal, SIM) e mercado regional (Serviço de Inspeção Estadual, o SIE).
 
Algumas das vantagens são:
menor investimento;
início das operações em um tempo muito menor;
necessidade menor de área de terra;
instalação, frigorificação (quando for o caso) e equipamentos entregues prontos para operar;
pode ser transportado de um local para outro (inclusive diluindo os investimentos);
devido a sua mobilidade, ao encerrar ou ampliar as suas atividades, pode ser revendido.
 
 
 

Referências bibliográficas:
SIDONIO, L.; CAVALCANTI, I.; CAPANEMA, L.; MORCH, R.; MAGALHÃES, G.;
LIMA, J.; BURNS, V.; ALVES-JÚNIRO, A. J.; MUNGIOLI, R. Panorama da
aquicultura no Brasil: desafios e oportunidades. Agroindústria, v.35, n.1, p.421-463,
2011.
OGAWA, M.; MAIA, E.L. Manual de pesca: ciência e tecnologia do pescado. São Paulo: Livraria Varela. 1999. 430p.
SARTORI, A. G. O.; AMANCIO, R. D. Pescado: importância nutricional e consumo no
Brasil. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v.19, n.92, p. 83-93, 2012.
Disponível em: <http://www.unicamp.br. Acesso em: 10/11/2018.

Sobre Patrícia Mochiaro
 
  • Pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO)
 
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