Às vésperas da estreia na Apas, Peixes da Amazônia já mira exterior

Às vésperas da estreia na Apas, Peixes da Amazônia já mira exterior

Executivo da JP Klausen visita complexo, que já vende pintado da Amazônia, pirarucu e tambaqui ao GPA

20 de abril de 2016

Aos cinco meses de atividade, o complexo Peixes da Amazônia, no Acre, prepara sua estreia na feira Apas, no próximo dia 02 de maio. A empresa vai aproveitar o evento para lançar suas embalagens de 450 g e 1 kg de cortes de pirarucu, pintado da Amazônia e tambaqui ao varejo nacional.

É uma estratégia para incrementar a venda de cortes congelados em todo o País, já que as primeiras experiências com o pescado fresco foram positivas. Só na última Semana Santa foram vendidas 200 toneladas, das quais 140 foram ao Grupo Pão de Açúcar (GPA).

O nível de exigência do GPA serviu de aprendizado, conforme revela Fábio Vaz, diretor-presidente da Peixes da Amazônia (foto no destaque). “Na primeira compra do GPA enviamos 12 toneladas e 350 kg foram recusados por inconformidades. Depois disso, em 5 meses de operação, não tivemos mais nenhuma ocorrência de devolução.”

Atualmente, os produtos são acondicionados dentro do frigorífico em caixas plásticas do próprio GPA e chegam em até 4 dias por via terrestre no Centro de Distribuição da rede varejista de São Paulo. “É uma demonstração de confiança do GPA, já que poucos fornecedores têm esse privilégio”, opina Diego Fávero, do Grupo5, empresa responsável pelo departamento comercial da Peixes.

Na opinião de ambos, é um momento positivo pelo qual atravessa o complexo instalado em Senador Guiomard (AC), próximo à capital Rio Branco, depois de enfrentar percalços diversos, como a falta de uma linha de energia para alimentar a estrutura que atrasou em ao menos seis meses o início das atividades do frigorífico.

Na última quinta-feira, 14/04, a equipe da Seafood Brasil visitou a convite da empresa o complexo, que compreende centro de alevinagem de pirarucu e pintado da Amazônia, fábrica de ração e frigorífico. Fizemos ainda um sobrevoo em um raio de 100 km de distância para conhecer as várias pisciculturas que fazem parte do arranjo produtivo – descrito como um projeto de parceria público-privada e comunitária.

“Nosso objetivo é ter a cadeia produtiva perfeita funcionando: nós produzimos e vendemos o alevino e a ração, o produtor, que é sócio da empresa, compra os insumos e engorda os peixes para depois processarmos aqui na indústria”, explica Vaz.

Vaz indica ainda que a ideia é que o tambaqui e o pintado sejam produzidas em propriedades localizadas em um raio de, no máximo, 400 km. Já o pirarucu em um raio de 50 km. Tudo por conta do frescor com que o produto precisa chegar ao frigorífico.

O projeto passa também pela implantação de fábricas de gelo descentralizadas para manter a cadeia do frio no transporte dos animais abatidos. Outra novidade que deve ser implantada em breve é um sistema de pontuação para premiar a qualidade do fornecimento de acordo com parâmetros ainda em concepção.

Vaz revelou ainda que o modelo de integração da Peixes pode ser replicado em outros Estados, a começar pela fábrica de ração. “Estamos criando uma filial para produção de ração em Rondônia. Já há uma grande empresa do ramo instalada no local, mas a produção não é suficiente para atender à grande demanda por nutrição animal da região”, conta.

A Agência de Negócios do Acre (Anac), sócia do negócio, também vislumbra novos passos. “Obra civil está completa e o arranjo produtivo já está funcionando. Agora queremos melhorar a produção primária, para que os produtores tenham acesso à tecnologia de aumento da produtividade em menor quantidade de hectares”, diz o diretor da entidade, Inácio Alves Moreira Neto.

Novos planos para alevinagem, fábrica de ração e frigorífico
Pontos centrais do complexo além do frigorífico, a central de alevinagem e a fábrica de ração têm alcançado conquistas importantes. “Aqui o pirarucu tem uma sobrevivência de 90% a 95% em média”, conta Jacob Kehdi, que acumula 20 anos de experiência no segmento e gerencia o centro da alevinagem. Segundo ele, parte dos planos para a estrutura passa pela introdução de outras espécies, como o filhote.

Já na fábrica de ração, Vaz conta que já a disponibilizou para um estudo da Embrapa sobre aproveitamento nutricional de peixes. “Temos aqui um equipamento que pode ser muito útil para estudos de digestibilidade e aproveitamento de energia, já que ele pode injetar componententes nas rações”, conta. Ele se refere ao vacuum coater, que é capaz de extrair ar dos pellets para injetar óleo e até fármacos autorizados, se houver necessidade.

O frigorífico opera atualmente com 80% de ociosidade, já que a produção e comercialização ainda não são suficientes para a estrutura atingir sua capacidade máxima instalada, de 20 mil toneladas/ano, como revela Jair Bataline, gerente de operação da unidade de beneficiamento.

De olho lá fora
A próxima Seafood Expo Global, que começa em Bruxelas na próxima terça (26/04), será a primeira oportunidade de inserção internacional da Peixes da Amazônia. Marcelo Lempê, responsável pelas atividades da gigante JP Klausen no Brasil, esteve na mesma visita ao complexo e pretende apresentar o que viu a seus colegas durante a feira.

O executivo se disse impressionado com as instalações, mas fez questão de solicitar uma degustação off-flavor dos produtos, sem qualquer tempero, apenas com um ligeiro aquecimento no micro-ondas. A experiência foi positiva, diz ele. “Nota-se que nenhum dos três produtos tem o gosto de barro característico das mesmas espécies que são vendidas por aí.”

Outro diferencial que pode potencializar a imagem dos produtos da Peixes no exterior, segundo Lempê, é a versatilidade de apresentações, que a Seafood Brasil também constatou. Filés e lombos altos, postas, medalhões e cortes especiais, como a ventrecha de tambaqui, já estão disponíveis, mas outras opções podem ser desenvolvidas em parceria com os clientes internacionais de acordo com a demanda de mercado.

A Peixes da Amazônia ainda não está inscrita na lista geral de exportadores do Ministério da Agricultura (Mapa), o que a impede, neste momento, de iniciar as vendas externas. No entanto, isso deve mudar em breve após uma inspeção dos fiscais da autarquia. “A vantagem é que a matéria-prima está muito próxima do frigorífico, chega fresca ao processamento, questão muito valorizada no exterior”, ilustra Lempê.

Veja algumas fotos da visita abaixo:

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Anac, centro de alevinagem, Fábio Vaz, fábrica de ração, frigorífico de pescado, grupo 5, Peixes da Amazônia, pintado da amazônia, Pirarucu, tambaqui

 
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