Empresa de salmão transgênico anuncia liberação de venda ao Brasil
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Empresa de salmão transgênico anuncia liberação de venda ao Brasil

AquaBounty anunciou a conclusão bem-sucedida da primeira colheita em escala comercial de seu salmão do Atlântico geneticamente modificado

16 de junho de 2021

No começo do mês, a empresa de aquicultura canadense AquaBounty anunciou a conclusão bem-sucedida da primeira colheita em escala comercial de seu salmão do Atlântico geneticamente modificado (GE), em Albany. A empresa também anunciou a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança do Brasil (CTNBio) para a venda do salmão do Atlântico GE ao Brasil. 
 
Sylvia Wulf, CEO da AquaBounty, destacou o entusiasmo da empresa em começar a colheita em escala comercial. “As primeiras semanas de nosso fornecimento de colheita são totalmente comprometidas e nossos clientes estão entusiasmados para introduzir o salmão em seus mercados. Continuaremos a aumentar a produção até a capacidade total da fazenda ao longo do ano”, completou.
 
Segundo o comunicado à imprensa, com a aprovação de sua solicitação pela CTNBio para a venda do salmão do Atlântico GE no Brasil, a AquaBounty fica cada vez mais próxima de novas oportunidade na América do Sul. “Esta é outra conquista significativa para a AquaBounty, à medida que buscamos expandir nossa presença em novos mercados internacionais”, acrescentou Wulf.
 
Conforme a CEO, a aprovação permite que a empresa busque parceiros de produção e distribuição no Brasil. “O maior e mais populoso país da América do Sul com demanda significativa por salmão”, pontuou.
 
A AquaBounty destacou que a CTNBio avaliou o pedido da empresa para garantir que atendia aos padrões e requisitos regulatórios pertinentes e concluiu que a venda e o consumo de seu salmão GE são seguros para o meio ambiente e a saúde humana.
 
A aprovação da CTNBio se junta à da Food and Drug Administration (FDA) e Health Canada dos Estados Unidos, tornando a AquaBounty a primeira e única empresa no mundo a ter seu salmão do Atlântico GE aprovado nesses três principais mercados.
 
Uma discussão antiga
 
A discussão em torno da carne geneticamente modificada é antiga. Uma reportagem da Época destacou, em 2015, que a FDA, agência que regula a alimentação e medicamentos nos Estados Unidos, aprovou naquele ano a comercialização e consumo do primeiro tipo de carne transgênica do mundo. Logo, o salmão modificado geneticamente pela AquaBounty poderia ser vendido no mercado americano da mesma forma como um salmão comum.
 
Conforme a reportagem, o salmão GE foi modificado pela primeira vez em 1989, quando pesquisadores conseguiram implantar genes do salmão rei e da enguia no salmão do Atlântico. Como esses genes alteram o produção de hormônios, o novo salmão cresce tão rapidamente que pode chegar ao tamanho para ser comercializado na metade do tempo. Segundo a empresa, o peixe transgênico economiza tempo, espaço e recursos naturais, diminuindo a pressão na pesca da espécie nativa.
 
Na época, a venda do salmão GE já enfrentava resistência. Por conta de pressão de ambientalistas, vários supermercados americanos teriam dito que não venderiam o produto. Ativistas alegaram que a alta quantidade de hormônios encontrada no peixe poderia ser prejudicial à saúde.
 
No começo do mês, uma matéria da Olhar Digital ressaltou que o salmão da AquaBounty seria preparado apenas por restaurantes e outros serviços de entrega de refeições, justamente estabelecimentos que não precisam rotular a comida como geneticamente modificada. A AquaBounty garantia que o peixe geneticamente modificado é livre de doenças e antibióticos, além de ter pegada de carbono reduzida e sem risco de poluir ecossistemas marinhos.
 
Briga nos EUA
 
Segundo a Seafood Source, nesta semana, a senadora dos EUA, Lisa Murkowski,  anunciou a reintrodução de uma lei que exigiria diretrizes de rotulagem rígidas para produtos geneticamente modificados, garantindo que qualquer consumidor que encontrar produtos GE em um supermercado ou restaurante saiba o que está comprando.
 
A reintrodução da Lei de Rotulagem de Salmão Geneticamente Modificado, uma lei que Murkowski defende desde 2015, ocorre justamente após a divulgação da AquaBounty .
 
O veículo destaca que Murkowski tem lutado contra a AquaBounty desde a aprovação da FDA, em 2015. “É absolutamente essencial que os consumidores sejam totalmente informados sobre o que estão comprando e alimentando suas famílias - especialmente quando se trata de comprar um produto geneticamente modificado, o produto de salmão ”, disse Murkoski em um comunicado à imprensa.
 
“Como um alasquiano que conhece os enormes benefícios de comer salmão selvagem e saudável do Alasca, é fundamental que os americanos tenham as informações para fazer essa escolha. Quando você une o DNA de outro animal e o combina com o salmão de um viveiro, está essencialmente criando uma nova espécie, e tenho sérias preocupações com isso” , falou.
 
“Se vamos permitir que esse peixe falso seja vendido nas lojas, deve haver uma rotulagem clara. Devemos aos consumidores americanos garantir que qualquer rotulagem de salmão transgênico seja clara, eficaz e compreensível ”, disse Murkowski.
 
No final de 2015, Murkowski introduziu um rider em um projeto de lei de verbas federais que proibia a distribuição de produtos geneticamente modificados oriundos de fazendas nos Estados Unidos e bloqueava a importação de seus ovos.
 
Essa proibição foi posteriormente suspensa pelo FDA depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) desenvolveu regras que exigem que o salmão transgênico seja rotulado como "bioengenharia". Essas regras devem entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022.
 
 
Mas e a CTNBio?
 
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança é um órgão brasileiro vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que, segundo a  Lei de Biossegurança (11.105/05), é a responsável por uma avaliação criteriosa de qualquer organismo geneticamente modificado (OGM) para o uso comercial no Brasil.
 
A comissão é composta por um grupo de 54 doutores (27 titulares e 27 suplentes) e reúne representantes de ministérios envolvidos com a biossegurança (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Desenvolvimento Social e Agrário; Indústria, Comércio e Serviços; Meio Ambiente; Saúde; Trabalho; Defesa; e Relações Exteriores), além de especialistas nas áreas vegetal, ambiental, humana e animal, representantes dos interesses dos consumidores e de órgão legalmente constituído de proteção à saúde do consumidor.
 
 
Créditos da imagem: Pixabay
 

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