Coluna de Negócios: é o momento da virada!
Condições domésticas desfavoráveis não são empecilho para exportação brasileira de pescado crescer
03 de março de 2016
No final do ano passado, em um artigo publicado no Anuário da Seafood Brasil (leia aqui), eu discorri sobre minha visão do que aconteceria com o mercado da aquicultura no Brasil, frente à constatação de mais uma crise político-econômica que estaríamos enfrentando.
Infelizmente, as projeções do mercado se concretizaram: a inflação oficial em 2015 foi de 10,67%, o dólar permanece no patamar de R$ 4,00 e, recentemente, foi divulgada a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E o efeito perverso de tudo isto é o aumento do desemprego, a queda no poder aquisitivo da população, a redução da produção, queda nas vendas do varejo e dificuldades do produtor de comercializar o pescado.
Dentre as quatro ações imediatas que eu sugeri no texto publicado no Anuário, uma delas já está acontecendo. A aquicultura brasileira começou a exportar filés frescos e resfriados de tilápia, vejam:
[caption id="attachment_8045" align="aligncenter" width="342"] Valor médio mensal das exportações brasileiras de filé fresco e resfriados de tilápia. Fonte: Aliceweb, acessado em 01/03/2016[/caption]
Dados do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) mostram que o Brasil não exportava filés de tilápias. Em 2012, ocorreu o primeiro registro com a exportação de 11 toneladas e faturamento bruto de US$ 80.103,00. A exportação dos filés oscilou entre 51 e 61 toneladas nos dois anos seguintes e, em 2015, atingiu 131 toneladas, com faturamento bruto de US$ 1.041.084,00. No ano passado, o Brasil exportou uma média mensal de 11 toneladas de filés frescos e resfriados, notadamente para os Estados Unidos.
No mês de janeiro de 2016, a exportação de filés de tilápia resfriados para os Estados Unidos aumentou em mais de 400%, tendo alcançado o patamar das 58 toneladas, com receita bruta de US$ 471.709,00.
É o sinal positivo de que as empresas começaram a buscar alternativas para o que vinham fazendo exclusivamente no mercado interno. Baseadas nestes números, as exportações brasileiras de filés frescos e resfriados de tilápia poderão chegar a 700 toneladas e alcançar a receita bruta de US$ 5,6 milhões em 2016.
A profissionalização da atividade e a busca por certificações permitirão que a aquicultura brasileira participe de novos mercados. Vamos todos trabalhar para que sejamos inseridos no mercado internacional.
*Silvio Romero Coelho, diretor da SRC&C Consultoria, é coordenador da BAP/GAA no Brasil
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