63% dos bares e restaurantes não retomaram as vendas da pré-pandemia
Para 48%, recuperação pode levar até 3 anos
16 de dezembro de 2021
Cerca de 63% das empresas do setor de bares, restaurantes, cafés e lanchonetes de todo o País ainda não recuperaram as vendas em relação à pré-pandemia, na comparação de outubro de 2021 com outubro de 2019. 37% afirmaram que superaram a receita no mesmo período. Os dados forama apresentados na nova pesquisa da série Covid-19, realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), pela consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB).
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 28 de novembro com 560 empresas de todo o País e de diversos perfis – de redes a independentes - que representam 15.512 lojas. 54% estão localizadas nas ruas e outras 21% em shoppings e centros comerciais.
O nível de endividamento das empresas teve uma pequena melhora em relação a setembro. Na ocasião, 55% do setor se declarava endividado. Hoje, esse percentual caiu para 48%. A maior parte das dívidas, segundo 78% dos entrevistados, está nos bancos. 48% têm tributos em atraso. 48% afirmaram que levarão até 3 anos pagar seus débitos, mesmo índice da pesquisa anterior.
Para Fernando Blower, diretor executivo da ANR, a pesquisa revela que a recuperação está apenas no início e o setor ainda tem um longo caminho a percorrer para um crescimento consistente. “A boa notícia é que temos uma pequena melhora de alguns indicadores, como o número de empresas endividadas. Mas o processo de recuperação será longo. E ainda vivemos momentos de muita apreensão com o aumento de casos de Covid-19 na Europa e a chegada dessa nova variante”, afirma Blower.
Desafios
A pesquisa quis saber também das empresas se os clientes voltaram a consumir como antes da pandemia. 47% disseram que não e 34% responderam afirmativamente. Outros 18% dos entrevistados representam lojas que foram abertas na pandemia. Um dos fatores que ajuda a explicar a situação atual do segmento é a quantidade de empresas que afirmaram operar com número de colaboradores abaixo do ideal: 69%.
Sobre trabalhos temporários de fim de ano, a maior parte das empresas – 53% - afirma que não irá contratar e outros 47% admitem que devem ampliar o quadro de colaboradores. Com o avanço da vacinação no segundo semestre e a abertura do setor sem restrições na maior parte do país, as empresas esperam faturar neste segundo semestre 39%, em média, acima do primeiro (período em houve novo lockdown em boa parte do país por causa da expansão da Covid-19, especialmente entre os meses de março e abril).
A respeito do faturamento total do ano, 53% das empresas afirmam que esperam terminar com aumento do lucro em relação a 2020. Outros 20% disseram que seguem em estabilidade e 17% com prejuízo. Em relação aos principais desafios para 2022 aparecem com destaque atrair novos cliente e crescer vendas (68%) e a inflação (64%).
“O setor certamente terá que se equilibrar no ano que vem entre esses desafios de seguir a retomada, crescer e ainda ter que lidar com a inflação crescente. Seguiremos em um cenário de incertezas, tanto em relação à política como na macroeconomia. Mas há indicadores muito claros já sobre inflação e crescimento do país abaixo das expectativas em 2021 com o qual teremos que lidar”, afirma o diretor executivo da ANR, Fernando Blower.
Para Paulo Camargo, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a pesquisa mostra uma retomada gradual do setor, porém, algumas áreas ainda precisam de atenção para retornarem ao estágio da pré-pandemia. “Um ponto relevante é a consolidação dos canais de vendas digitais no foodservice. A pandemia acelerou essa tendência e agora os operadores devem estar mais atentos a esse novo desafio nos próximos anos” complementa o executivo.
Segundo Simone Galante, CEO da Galunion e responsável pela pesquisa, 2022 começará como perspectivas mais positivas, embora haja ainda algumas incertezas. “Entre os eventos do final de 2021 e o carnaval, devemos sentir a retomada do turismo, a continuidade da vacinação e o retorno mais amplo ao trabalho presencial, incentivando não somente o consumo pelos encontros sociais, mas também do almoço de conveniência. Quem investe na comunicação digital e no atendimento cuidadoso seguirá com a preferência do consumidor", disse.
Mas, conforme ela, ainda há a questão da inflação nos ingredientes chaves e as dívidas geradas pela pandemia, fatores que demandarão muito foco e gestão neste momento. "O futuro pode reservar algumas soluções, cada vez mais baseadas em tecnologia, para as principais dores do setor. Como exemplo, vale pensar em questões como alterar o modelo que apresenta baixa capacitação, salários de entrada e tolerância de alto turnover, para um modelo operacional em que haja menos pessoas, porém com mais capacitação, melhor remuneração e mais tecnologia", disse.
Outro ponto crucial será a capacidade de inovar, trazendo sabores e experiências. "E desta vez, a inovação certamente estará acompanhada por práticas de sustentabilidade, atenção à competitividade e valorização da saúde física e mental, para que as pessoas se sintam melhor e mais confiantes”, finaliza.
Créditos: PXHere
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