Os desafios para a consolidação da cadeia dos peixes nativos no Brasil
Aquicultura

Os desafios para a consolidação da cadeia dos peixes nativos no Brasil

Ausência de pacotes tecnológicos aparece como um dos grandes desafios para o segmento

05 de agosto de 2024

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A necessidade de ampliar mercado interno e externo, os altos custos de produção (principalmente relacionados à ração), a ausência de estruturas de governança (sistemas integrados, cooperativas, etc.) e a falta de investimentos em inovação (genética e automação) são alguns dos grandes gargalos estruturais da cadeia dos peixes nativos no Brasil. Os desafios da categoria estiveram em destaque na palestra de Licía Lundstedt, chefe adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, durante a 13ª edição da Aquishow Brasil, realizada em maio deste ano.
 
Uma das fortes tendências da aquicultura apresentada por Lundstedt é a migração dos produtores de nativos para a tilapicultura. Para ela, isso ocorrerá pela ausência de um pacote tecnológico adequado para a cadeia de nativos. “É claro que temos a continentalidade do país, temos uma forte regionalização. E temos que sim respeitar as tendências regionais. Mas, acredito que isso ocorre pela falta de um pacote tecnológico adequado para as nossas espécies nativas. Elas são amplamente apreciadas por todos no Brasil e fora dele.”
 
Logo, se a cadeia de nativos necessita de mais investimentos em pacotes tecnológicos adequados, Lundstedt cita alguns desses investimentos. "As demandas de melhoramento genético do tambaqui devem promover o crescimento, a remoção da espinha em Y, melhorar o processamento e a reprodução, e propiciar o desenvolvimento de rações específicas que atendam às exigências nutricionais da espécie", comenta. "Além disso, pacotes tecnológicos eficientes devem impulsionar significativamente a produção, reduzir os custos de produção, criar oportunidades para novos mercados (locais e regionais), garantir a segurança alimentar e o acesso a uma proteína animal de qualidade, além de alcançar mercados internacionais."
 
Ferramentas tecnológicas existentes
 
Lundstedt comenta que a Unidade da Embrapa Pesca e Aquicultura de Palmas (TO) possui coleções de germoplasma de tambaqui, que são a base para a implementação de melhoramento genético. Ferramentas genômicas para detecção de pureza e serviços de sexagem pelo DNA estão disponíveis, permitindo maior eficiência na produção. Outra ferramenta destacada foi a coleção criopreservada de sêmen. Esses programas de germoplasma são utilizados tanto para o melhoramento quanto para a reconstituição de germoplasma.
 
“Já colocamos no mercado ferramentas genômicas para detecção de pureza. Temos um serviço de sexagem [inédito], pelo qual hoje conseguimos, pelo DNA, fazer a sexagem em machos e fêmeas. Agora você consegue colocar um chip, identificar um animal, [usando partes do corpo] como a nadadeira, mas antes, por ser um teste químico, era necessário esperar esse animal entrar em fase de reprodução por ser  [um procedimento] realizado pela detecção de hormônios”, completa.
 
Conforme ela, com o teste genético baseado no DNA, indivíduos menores podem ser testados, o que é mais produtivo e gera economia de recursos humanos e financeiros.
 
Desenvolvimento de co-produtos e produção multitrófica
 
Lundstedt também pontua que a Embrapa está desenvolvendo subprodutos de tambaqui em nanotecnologia, como biofilmes e nanoemulsões, que podem ser utilizados nas indústrias alimentícia, cosmética e ambiental. A produção multitrófica, como a combinação de tambaqui e curimatã, é uma oportunidade significativa, com exportações de curimatã alcançando US$ 2,2 milhões em 2021.
 
Veja a cobertura da Aquishow Brasil na Seafood Brasil #54. Clique aqui e leia gratuitamente.
 
Créditos da imagem: Canva

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