Pesquisa mostra que 71% dos bares e restaurantes têm dívidas
Participantes da pesquisa, 29,2% têm dívidas que representam de 1 a 3 meses de faturamento mensal médio de 2020
01 de junho de 2021
Uma pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), com a consultoria Galunion e o Instituto Foodservice Brasil (IFB), mostra a situação crítica e de endividamento do setor na pandemia: 71% dos bares e restaurantes têm dívidas, sendo 79% para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% com fornecedores.
Os dados da pesquisa foram discutidos nesta segunda-feira (1/06) em um webinar que contou com a presença de Simone Galante, fundadora da Galunion Consultoria, Fernando Blower, diretor executivo da ANR, e Ely Mizrahi, presidente do IFB.
Dos participantes da pesquisa, 29,2% têm dívidas que representam de 1 a 3 meses de faturamento mensal médio de 2020. Mas a maioria está em pior situação: 28,1% afirmam que o endividamento representa de 4 a 6 meses da receita, e 15% que sobe para 7 a 12 meses. 19,4% do total têm dívidas que representam mais de um ano de faturamento e apenas 8,3% afirmam que o total é menor que um mês da receita.
Fernando Blower, diretor executivo da ANR, destaca que pesquisa mostra que o setor chegou ao seu limite. “Quem sobreviveu, em sua imensa maioria, está muito endividado. Nós, da ANR, estamos empenhados em todas as esferas para que não haja mais retrocessos, fechamentos ou lockdown”, falou.
Para ele, é fundamental que as autoridades se sensibilizem, e que sejam criadas novas linhas de crédito específicas para o setor, como fizeram muitos países. “Só assim conseguiremos amenizar a situação, evitar novos fechamentos e demissões”, afirma Blower.
Já Ely Mizrahi, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), aponta que a pesquisa evidencia a dimensão do impacto da pandemia sobre a cadeia de valor do Foodservice. “Os desafios destacados pela pesquisa refletem na dinâmica de todos os elos da cadeia e demandam senso de urgência nas ações de apoio ao setor, especialmente aos pequenos operadores. O momento é de dificuldade e incerteza principalmente em relação ao apoio governamental, visto em outros países como fundamental para a recuperação desta indústria”, disse.
A quantidade de bares, restaurantes e similares que afirmaram não ter mais recursos para funcionar em casos de novas restrições ou lockdown também é alarmante: 66% afirmam que o capital de giro não dura mais de 30 dias.
A pesquisa também apontou que desde o início da pandemia 64% promoveram demissões. Na média, 21% dos colaboradores foram desligados.
Quando perguntado como foi o faturamento do mês de março de 2021 em comparação com o mesmo mês em 2019, quando ainda não havia pandemia. 40% tiveram queda acima de 51% e outros 22% apontaram que houve diminuição de faturamento entre 26% e 50%.
Uso de programas de apoio
Conforme a pesquisa, o uso do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) caiu entre bares e restaurantes. Há um ano, a pesquisa apontou que 76% fizeram uso da medida que autoriza a suspensão de contratos e redução de jornadas. Hoje a adesão é de 48%.
Quando perguntadas sobre quais os tipos de ajuda consideram fundamentais para enfrentar a crise, a imensa maioria das empresas (71%) apontou que que o Governo deveria criar uma linha de crédito específica para o segmento, com alto prazo de carência. 57% também citaram a diminuição das taxas dos aplicativos de delivery como outro fator importante no combate à crise.
Conforme a pesquisa, a redução do desperdício como a principal ação para aumentar as vendas. O salto foi de 66% em 2020 para 75% agora. O delivery também já atinge um grande número de bares e restaurantes no país: 86% afirmam ter o serviço. Entre as principais soluções utilizadas, uma delas chama a atenção: o WhatsApp. 70,5% dos entrevistados dizem utilizar o aplicativo para seus serviços de entrega.
Para Simone Galante, CEO da Galunion, a pesquisa mostra o esforço gigantesco que o setor está fazendo para manter suas operações. “Um dos destaque é a busca de redução do desperdício. O delivery continuou a crescer, mas em ritmo menor e através de mais canais de vendas, como o WhatsApp, e foi interessante notar que há uma consciência maior do setor de que é necessário caminhar em direção a digitalização, aspecto que será ainda mais importante na retomada”, afirma
O que está por vir
O futuro ainda está incerto ao setor. Bares e restaurantes ainda são muito cautelosos quando perguntados sobre perspectivas de faturamento do próximo trimestre. 39% afirmaram que ainda não é possível fazer qualquer tipo de previsão, mas 34% acreditam em um pequeno crescimento e outros 17%, mais otimistas, em uma expansão acentuada.
Para a retomada, retomada, a questão do endividamento voltou a aparecer com destaque. 70% consideram o capital de giro e as dívidas como principais desafios no ano. A rentabilidade do modelo de negócio (48%) e a mudança de hábitos do consumidor (47%) também são citadas como grandes desafios do segmento.
A pesquisa foi realizada entre os dias 9 de abril e 5 de maio de 2021.
Créditos da imagem: Canva
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