Unidades móveis para abate e beneficiamento
Indústria

Unidades móveis para abate e beneficiamento

Toda estratégia e custo para coletar os animais vivos e levá-los à indústria, exige uma programação e engrenagem muito afinadas

Uilians Emerson Ruivo - 20 de maio de 2019

 

O Brasil como sabemos, é um País continente, com inúmeros recursos naturais e possibilidades, sua grandiosidade gerou uma série de núcleos de produção, havendo desde a agricultura familiar bem resolvida, como alguns assentamentos que se mostraram prósperos, até as grandes áreas de milhares de hectares de produção, superiores em dimensão, a muitos países da Europa.

Em áreas de menor custo da terra e favorecidas pelo clima, desenvolveram-se grandes núcleos de produção de soja e milho, fundamentais na elaboração de ração para aves e suínos, que propiciaram por sua vez a instalação de aviários e de infraestrutura para a criação de suínos, permitindo a construção de frigoríficos, para industrializar estas duas fontes de proteína animal.

Estar mais próximo dos insumos utilizados na fabricação da ração diminui o custo de transporte. Isso é excelente para manter o segmento competitivo, no mercado nacional e global.

Despesas com combustível e o trânsito por estradas nem sempre em bom estado, pesam na planilha de custo e são um fator de preocupação.

Melhor para os frigoríficos é transportar em carretas o produto final congelado, sem penas, sem vísceras, etc... já embalado e, na forma mais prática de acesso e compra pelo consumidor.

Toda a estratégia e custo para coletar os animais vivos e levá-los à indústria, exige uma programação e engrenagem muito afinadas, para que não ocorra o desabastecimento, bem como exige esforço e custo para fornecer aos criadores, os pintinhos e porquinhos recém-nascidos, a ração, os suplementos, a assistência técnica, fazer o monitoramento da sanidade dos criatórios, entre outras ações preventivas.

Porém, há muitos núcleos menores de produção, espalhados por este Brasil.

Como integrá-los na cadeia? Como estimular que continuem no campo, realizando sua vocação, ocupação de espaço e produzindo alimentos?

Não tenham dúvidas que em outros países, isso seria visto sob a ótica da estratégia nacional da produção de alimentos. Quem já experimentou uma guerra, entenderá isso!

Porém, a abundância nem sempre traz este raciocínio conjugado.

Assim como diz a música de Milton Nascimento: “a música tem de ir onde o povo está”, são vários os exemplos de unidades móveis, transportadas sobre caminhões, para diversos usos, para poder chegar até os interessados.

Os exemplos no Brasil remontam há muitos anos, ex. no pátio do Instituto de Pesca de Santos, nos anos 60, uma fabricante de motores marítimos, montou uma “Oficina Móvel”, para dar treinamento aos pescadores que cuidavam da manutenção dos motores das embarcações. Era uma forma de difundir seu produto, levar os técnicos até onde estavam os núcleos mais fortes de pesca, firmar a marca, etc... Ou seja, cumpriam um papel importante, até dar tempo ao tempo, para que oficinas fossem surgindo em várias cidades.

Em programa rural na TV, foi mostrado uma clínica veterinária sobre rodas, que levava o atendimento à várias propriedades rurais, não havendo necessidade em transportar os animais.

O Sistema “S”, há décadas montou em um trailer, uma clínica que visita centenas de indústrias, para alertar e realizar consultas preventivas em mulheres.

Bibliotecas itinerantes e até mesmo cinemas, estão sendo montados em carretas.

Há no exterior, fábricas de farinha compactas, montadas em containers.

No Canadá, país de grande extensão e de características singulares, com muitos lagos e com liberações de pesca de algumas espécies por horas, por tonelagem ou por dia, não se justificaria economicamente instalar um frigorífico de pescado em cada lugar.

Como solução, foram criadas unidades móveis para o beneficiamento inicial do pescado, para descabeçamento ou evisceração, com o peixe gelado e transportado por outros veículos.

No Brasil, isso também já foi concebido, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). São “mini-abatedouros”, construídos no formato de um container (12 m), todo em inox, com mesas, carretilhas, nórias, esteiras, geração de calor, iluminação blindada, climatização, pedilúvio, pias, depósito para efluentes líquidos e, caixas para a contenção dos descartes.

Com essa concepção, podem cumprir uma missão fundamental, que é a de ir até as propriedades que tenham algumas cabeças de suínos, caprinos ou ovinos, para realizar a insensibilização, lavação, abate, queima de pelos, evisceração, segunda lavação...

Um segundo veículo (do frigorífico p.ex. ou de empresas de logística), poderá recolher os animais já beneficiados e colocá-los em seu baú, para o devido transporte.

As unidades embora sejam concebidas de forma móvel, podem ser afixadas na propriedade rural, unidas a outras que sirvam de câmara de resfriamento, a outra que sirva como barreira sanitária para os colaboradores, outra que cumpra a função de sanitários & vestiários, escritório, etc…

É um conceito novo, que visa em especial, agilizar os processos de construção frigorífica, entregando cada módulo pronto e, contribuir com o produtor rural de pequena escala, que cumpra as boas práticas de criação e sanidade. Ex: uma unidade em 8h de trabalho e 7 colaboradores pode abater 80 suínos.

Em Minas Gerais, recentemente uma empresa fabricante desta solução, concluiu a instalação de 10 módulos integrados em sua propriedade, para o processamento de caprinos. O de peixe está em finalização.

Vemos com extrema vantagem a adoção destas unidades móveis para a aquicultura, realizando o abate e sangria dos peixes, nas propriedades rurais. Dessa forma os produtos poderão chegar a indústria com menos sangue no corpo, adequando-se cada vez mais aos padrões do mercado.

É preciso gerar competitividade de condições com os peixes que chegam vivos aos frigoríficos.

A empresa fornece as recomendações e tecnologias para o tratamento dos efluentes, bem como elabora o Memorial Descritivo Construtivo e o Memorial Econômico Sanitário, além de todo o suporte para o encaminhamento do processo ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para sua habilitação.

 

 

 

 

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Sobre Uilians Emerson Ruivo
 
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