Coluna da Qualidade | Recall, uma realidade no setor de pescado nos EUA

Coluna da Qualidade | Recall, uma realidade no setor de pescado nos EUA

Para estrear como colunista do site Seafood Brasil, vou abordar um assunto considerado muito sério para o FDA: o temido recall

25 de novembro de 2015

por Angela Busnello*

Para estrear como colunista do site Seafood Brasil, vou abordar um assunto considerado muito sério para o Food and Drug Administration (FDA - órgão dos Estados Unidos análogo à Anvisa), o temido recall.

No Brasil, este assunto é regulamentado pela RDC N° 24 de 2015 da Anvisa. Por meio dela, um recolhimento pode ser iniciado por qualquer irregularidade no produto fabricado, seja por denúncia, fiscalização das fábricas, coleta de produtos nos pontos de vendas, reclamação de consumidores (SAC) ou quando a empresa fabricante comunica a Anvisa sobre alguma irregularidade com os produtos fabricados por ela.

Exemplos de irregularidades e que podem gerar recolhimento: erro na descrição de embalagens, surtos, falha no processo produtivo observada nas inspeções, estrutura da fábrica inadequada que não atende à legislação, falta de controle de qualidade na fabricação, falta de declaração de alergênicos, excesso de metais pesados, presença de perigos como plásticos, por exemplo, sulfitos não declarados (alergênicos para FDA) e outros.

Nos chamou a atenção a quantidade de recolhimentos nos últimos meses nos EUA iniciados pelo mesmo motivo, que ocorreram após a fiscalização do FDA nestes estabelecimentos. A suspeita é de estarem contaminados com Clostridium botulinum, devido à constatação de reprocessamentos nas fábricas ou fabricantes subcontratados.

O Clostridium botulinum pode levar à morte. É a bactéria que causa o botulismo e os sintomas são: fraqueza geral, tonturas, visão dupla e dificuldade em falar ou engolir, dificuldade em respirar e fraqueza de outros músculos. Dor abdominal e constipação também podem ser sintomas comuns.

O mais interessante é que os produtos listados por este recall não apresentavam alteração de odor ou sabor, ou seja, iniciou-se o recolhimento por uma suspeita de estarem contaminados e por supostamente terem sido reprocessados, ou seja, é uma fiscalização muito rigorosa e voltada a segurança dos consumidores.

Veja no quadro abaixo as datas e marcas envolvidas neste recall pelo mesmo motivo.

Alguns casos envolvidos no recall por suspeita de Clostridium botulinum em produtos supostamente reprocessados pelo fabricante terceirizado ou pelo fabricante:




Data do recall




Companhia




Produto





15/10/2015
Ecola Seafoods
Peixes enlatados


15/10/2015
Garibaldi Cannery
Peixes enlatados


16/10/2015
Seafood Pacífico
Peixes enlatados


17/10/2015
Bornstein Seafoods, Krooke de, Sharyn de, Chioce de Logger
Peixes enlatados


19/10/2015
Brigham Fish
Marisco enlatado


20/10/2015
Northwest
Peixes enlatados


20/10/2015
Dungeness Seaworks
Conservas de atum


21/10/2015
Spot On
Marisco enlatado


21/10/2015
Vis Seafoods
Marisco enlatado


21/10/2015
Seaquest Seafood Corp.
Peixes eviscerados desidratados e marinados


23/10/2015
Smokehouse Josephson
Produtos do mar em conserva (salmão, atum)


27/10/2015
Seafoods OleBob
Conservas de salmão e atum produtos


28/10/2015
Sockeye Suzy Fish Co.
Conservas de salmão


10/11/2015
Old Oregon Smokehouse
Conservas de atum



 

Evitar o recall é atender à legislação sanitária, é controlar e validar seus processos e garantir a segurança dos alimentos processados ou manipulados pela sua empresa de pescado. Um motivo importante para evitar um recolhimento é pensar em sua marca. Recolhimentos possuem um custo altíssimo e ainda deixam sua marca comprometida no mercado. Basta lembrar do recall da Ades, que teve custo de R$ 235 milhões para a Unilever.

Pense nisto e elabore programas eficazes de rastreabilidade e de recolhimento, assim você é capaz de atender mercados nacionais e internacionais e fazer a diferença.

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*Angela Busnello é engenheira de alimentos e auditora líder em ISO 22004 e FSSC 22000, regulamentada pelo GFSI Global Food Safety Initiative, ambos certificados pela International Register of Certificated Auditors (IRCA), da Inglaterra. Está a frente da consultoria Qualität- Gestão da Qualidade em Alimentos e Bebidas.





 


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