5 Perguntas a Agnaldo Santos, novo presidente do Sindipi
Entrevista completa na Seafood Brasil #46
13 de janeiro de 2023
A pesca é uma atividade de forte caráter hereditário. No pólo de Itajaí (SC), por exemplo, todos conhecem o “Grande”, apelido de Hilton Ciriaco dos Santos, armador de pesca com mais de 60 anos de atividade. Coube ao filho dele, Agnaldo Hilton dos Santos, assumir o desafio de suceder Jorge Neves Filho, o presidente que deixou a marca de ter moralizado o Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) e procurou estabelecer sólidas pontes com outros elos da cadeia, cunhando a expressão “povo das águas”.
Tudo indica que Santos seguirá a linha de Neves. Formado em economia e nascido no Rio de Janeiro, Santos se estabilizou em Itajaí há mais de 40 anos, sendo associado ao Sindipi há mais de 15 anos, onde possui atualmente quatro embarcações.
Além de ter sido delegado e também coordenador da Câmara Setorial do Cerco, Santos é vice-presidente para assuntos relacionados à pesca da Associação Empresarial de Itajaí. Neves segue na nova gestão, como primeiro secretário, enquanto o sócio da Costa Sul, Luzaldo Pscheidt, assume como vice-presidente. A marca da nova gestão? “Investir em pesquisa”, garante o novo presidente.
Seafood Brasil: O senhor, assim como o senhor Jorge, tem uma larga trajetória como armador de pesca, além de acumular diversos outros cargos associativos. Na sua gestão, como pretende trabalhar em cada uma das vertentes a seguir: pesquisa, armadores e indústrias?
Agnaldo: Participo ativamente do Sindipi há mais de 15 anos e, agora, me deram a oportunidade de presidi-lo a partir de janeiro de 2023. Pretendo manter muito do que já vem sendo realizado na entidade, principalmente no que compete à pesquisa. Hoje, temos parceria com universidades e um corpo técnico. Entendo que o caminho é investir seriamente em pesquisa, gerando dados confiáveis e acompanhando com seriedade. Sem pesquisa, esbarramos em situações como a própria falta de ordenamento. Sob minha gestão, o Sindipi vai manter seu corpo técnico e continuar investindo em pesquisa e aprimoramento para dar todo o suporte necessário, tanto aos armadores quanto às indústrias.
Seafood Brasil: Qual é a sua expectativa em relação ao relacionamento do Sindipi com o novo governo e que assim, pode recriar o Ministério da Pesca e Aquicultura?
Agnaldo: O Sindipi foi consultado pelo Grupo de Transição da pesca do novo governo e adiantamos que a posição do setor produtivo é unânime para que a pesca não tenha uma gestão compartilhada. Isso já aconteceu no passado e foi péssimo. Não temos dúvida do tamanho e da importância do nosso setor. Demandamos orçamento e políticas públicas urgentes de fomento e de fortalecimento. No entanto, o que mais defendemos é bom senso. Afinal, não adianta falarmos em Ministério sem orçamento ou simplesmente para que sirva de cabide de empregos. Queremos uma gestão enxuta e eficiente, que o setor produtivo seja ouvido e que o governo federal tenha um papel de fomentar e melhorar cada vez mais a atividade, e não para engessar o setor. É isso que vamos buscar e cobrar para dar, assim, a nossa contribuição.
Seafood Brasil: Diante dos problemas enfrentados em anos anteriores, o senhor Jorge passou sete anos à frente da entidade sustentando que sua gestão era moralizadora. Qual será a marca da sua gestão?
Agnaldo: A gestão do Jorge reforçou a credibilidade que temos. Um sindicato que investe e apoia a pesquisa e a ciência é um sindicato fortalecido. Sou economista por formação e uma pessoa tranquila, que busca sempre o diálogo. Sendo assim, estou certo de que essas características irão contribuir para manter a credibilidade e o respeito não apenas junto à entidade, mas junto a todos os associados, que são os verdadeiros donos do Sindipi. Em todas as esferas e em várias organizações, o Sindipi já conquistou uma cadeira forte e de respeito, com credibilidade para discutir nossas demandas. Minha intenção é fortalecer cada vez mais esse papel do sindicato.