A curiosa aposta da Bomar para crescer no mercado do camarão cearense
Aquicultura

A curiosa aposta da Bomar para crescer no mercado do camarão cearense

Empresa combina produção de camarão com unidade de alevinos de tilápia e mantém uma fazenda de engorda para se destacar no Ceará

27 de setembro de 2024

Apesar de ser o protagonista da história, não é apenas o L. vannamei que tem sido crucial para o desenvolvimento de empresas cearenses – para entender o contexto da região, leia a Parte 01 (clique aqui), Parte 02 (clique aqui), Parte 03 (clique aqui) e Parte 04 (clique aqui) da matéria de Capa da Seafood Brasil #54.

A Bomar Pescados, que nasceu no Estado e tem se consolidado na produção e comércio do crustáceo, aposta em Icaraizinho de Amontada (CE), uma de suas maiores unidades, na combinação da produção de camarão com um laboratório de alevinos de tilápia e uma fazenda de engorda de peixe. Ao combinar a produção de camarão com a tilapicultura, a empresa não apenas otimiza o uso de seus recursos naturais e estruturais, mas também abre novas frentes de mercado que garantem maior estabilidade financeira e operacional, mostrando que às vezes nem todos os “ovos precisam estar na mesma cesta”. 

A unidade em Amontada ganhou mais relevância há cerca de 2 anos, quando a empresa deixou de investir na indústria própria para concentrar investimentos nos laboratórios. "Gentil [Gentil Linhares, diretor comercial] teve a visão de que, sendo produtores tanto de camarão quanto de tilápia, poderíamos explorar melhor esses laboratórios e fazendas, focando mais no agronegócio para ganhar dinheiro no campo, ao invés de apenas vender camarão congelado", explica Ricardo Carriero, gerente comercial da Bomar.

Força no camarão

A produção de camarão da Bomar atinge cerca de 2 mil toneladas por ano com animais variando de 9 a 20 g - só em Amontada são produzidas cerca de 450 toneladas anuais. "Temos 39 viveiros escavados, com média de 4 hectares cada e uma capacidade de produção de 1.300 kg por hectare, produzindo camarões de 14 g em 90 dias de cultivo", detalha Irlandir Alves de Melo, gerente de produção dos camarões da Bomar em Amontada.

O camarão da empresa é majoritariamente destinado à industrialização, com 80% sendo beneficiado e enviado para supermercados e restaurantes no Ceará, Sul do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. Porém, nos últimos anos, a Bomar tem investido em novas tecnologias e práticas de manejo na produção do crustáceo para aumentar a produção e garantir a sustentabilidade da empresa, minimizando os impactos das oscilações climáticas e sanitárias. Porém, a expansão da fazenda também é uma prioridade. "Estamos licenciando 100 hectares adicionais para aumentar nossa capacidade de produção e reduzir custos. Esse é um passo essencial para atender à demanda crescente e garantir nosso crescimento sustentável", finaliza Melo.

A fazenda Bomar em Icaraizinho de Amontada ainda tem 3 hectares dedicados à produção de alevinos e 12 hectares para a engorda de tilápia. "Nosso laboratório tem uma capacidade de produção de até 10 milhões de larvas por mês, embora ainda não estejamos aproveitando essa capacidade ao máximo", conta Claudinei Battirola, responsável pela unidade de laboratório de alevinos e piscicultura da Bomar. Ele lembra que a decisão de incorporar a tilapicultura foi motivada por problema sanitário na carcinicultura e pela alta demanda local pelo peixe, que tradicionalmente era suprida pelo Sul-Sudeste do País.  

Recentemente, a Bomar investiu em uma nova genética de tilápia, adquirida do Paraná, com o objetivo de melhorar o rendimento do filé e do crescimento. No entanto, a adaptação ao clima nordestino ainda está sendo avaliada. Ao mesmo tempo, a tilápia GIFT, utilizada há 10 anos, foi melhorada para se adaptar às condições ambientais locais, suportando altas salinidades e temperaturas. Além disso, a estratégia de diferentes cultivos na mesma propriedade é vista como uma otimização de recursos e espaço, aproveitando a presença de água doce e salobra para produzir tanto camarão quanto tilápia. "Estamos livres das principais doenças que afetam a tilápia no Sul, o que nos permite fornecer alevinos saudáveis para o mercado", destaca Carriero.

Entretanto, assim como o camarão, os desafios climáticos, especialmente durante o inverno, impactam a produção de alevinos. "O período de chuvas pode reduzir a qualidade da água, afetando nossa produção. No entanto, estamos preparados para identificar e prevenir problemas antes que eles se tornem críticos", explica o responsável pela piscicultura. Essas e outras ações já têm gerado resultado considerando que nos últimos anos, a produção de alevinos da Bomar dobrou, chegando a 2 milhões por mês.
 

Essa matéria é o Texto 5 da série "Ceará, o líder absoluto na carcinicultura brasileira" e integra a matéria de capa da Seafood Brasil #54. Clique aqui e leia na íntegra.


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Créditos imagem: Seafood Brasil

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