Abilio Diniz: Um legado saudável (e nada perecível)
Varejo

Abilio Diniz: Um legado saudável (e nada perecível)

Empresário deixou uma herança que auxiliou no desenvolvimento do mercado de varejo e do pescado em todo o País

29 de maio de 2024

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Abilio Diniz, um dos maiores empreendedores brasileiros, que morreu em 18 de fevereiro de 2024 aos 87 anos, costumava dizer que desde os 29, já se preparava para os 80. Coincidência ou não, foi bem nessa época que o empresário, conhecido por sua atuação à frente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), ouviu de um cardiologista, após crises de stress e dores no peito, que poderia ter problemas cardíacos se não começasse a cuidar direito da saúde.
 
A partir disso, uma alimentação saudável e equilibrada, bem como a prática de exercícios físicos, tornaram-se prioridades na vida de Diniz, passando a pautar também diversas decisões do empreendedor ao longo da carreira. E por conta dessa sequência de fatos, hoje, o setor de pescado – e de perecíveis como um todo – tem muito a agradecer àquele cardiologista que previu os problemas que Diniz poderia ter. 
 
O papel social do supermercado 
 
Não foi à toa que o empresário conseguiu transformar uma empresa familiar em um gigante do varejo brasileiro – Diniz foi um visionário, conhecido por sua capacidade de liderar e inovar. Desde o começo de sua carreira, o paulistano possuía uma visão holística sobre o papel do supermercado na vida das pessoas, entendendo que oferecer produtos frescos e de qualidade não era apenas uma estratégia comercial para a fidelização, mas também uma responsabilidade social e de saúde pública.
 
Com essa visão em mente, o Grupo Pão de Açúcar passou a investir de forma significativa no mercado de perecíveis. Afinal, para Diniz, esses alimentos eram essenciais para uma dieta equilibrada e, consequentemente, para o bem-estar dos clientes. 
 
Até então, os supermercados não consideravam tão atrativas as áreas de bancas de frutas, legumes e verduras, além dos setores de carnes e peixes. Por esse motivo, antigamente, esses itens eram mantidos nos fundos das lojas, algumas vezes sem os cuidados corretos para manutenção do frescor e atratividade dos produtos.
 
No entanto, Abilio Diniz fez exatamente o oposto: ele foi um dos primeiros a dar protagonismo aos perecíveis quando compreendeu o deslumbramento que esses produtos poderiam ter no varejo, implementando ainda técnicas de armazenamento e logística para assim, garantir qualidade e frescor nas prateleiras. Prova disso é que hoje em dia, na rede Pão de Açucar, a “feira” é uma área nobre, colorida, quase sempre logo na entrada do supermercado.
 
 
Pedro Pereira, que atualmente é gerente de negócios da Opergel Alimentos, trabalhou no Grupo Pão de Açúcar entre 2003 e 2012 e conta um pouco de sua experiência com o empresário. “Tive a honra de trabalhar no GPA durante 9 anos e, durante esse tempo, pude ouvir o Abilio na famosa ‘Reunião Plenária’ que realizávamos toda segunda-feira pela manhã. Era uma verdadeira aula, uma lição de varejo e um enorme aprendizado de gestão e estratégia empresarial”, relembra.
 
Segundo ele, o empreendedor sabia exatamente a importância dos perecíveis como ferramenta de diferenciação social e fidelização dos clientes. “Ele era um grande incentivador dos produtos frescos, saudáveis, alinhados a sua forte vertente esportista e sua constante preocupação com saúde.”
 
Uma herança ao perecível e pescado no varejo 
 
Ainda pensando no apreço de Abilio Diniz pelos perecíveis, vale lembrar que a história do Grupo Pão de Açúcar nasceu de uma vertente, digamos, doce: a Doceria Pão de Açúcar, uma pequena loja familiar fundada pelo pai de Abilio, Valentim dos Santos Diniz, em 1948. “Com isso, já podemos imaginar o carinho dele pelos produtos frescos das lojas”, observa a hoje diretora da Frescatto Company, Meg C. Felippe, que atuou por 18 anos no GPA. “É incrível pensar em tudo que foi feito neste departamento. O GPA inúmeras vezes convidou as diferentes cadeias produtivas a darem saltos em sua qualidade, em sua forma de produzir e em sua forma de comercializar [devido à atuação inovadora de Abilio no varejo]".
 
De acordo com a diretora, que fez parte da criação da área de Desenvolvimento de Perecíveis no grupo, foram muitas as conquistas garantidas pelo GPA ao setor e que ficou de legado para todo o varejo brasileiro. "Para você ter uma ideia, nós pegávamos na mão dos fornecedores para implementar as melhorias, criar controles, rastreabilidade, estimular as certificações, entre outras coisas. Tudo era feito para garantir a qualidade dos produtos." 
 
Quando começou a trabalhar no Grupo Pão de Açúcar, no início dos anos 2000, a intenção de Felippe, que é médica veterinária sanitarista, já era atuar no setor de pescado. "Encontrei um universo bastante inconsistente. Na época, os produtos congelados eram comercializados a granel, com bastante glazer e constante troca ou mistura de espécies. O produto fresco era entregue direto nas lojas e transportado em Kombis sem refrigeração, por vezes sem gelo", relembra. À época, a regulamentação, relata a diretora, era insuficiente ou inexistente e as redes de varejo eram obrigadas a criar suas próprias regras e não comprar mais de fornecedores que não aceitassem segui-las.
 
Ali já entrava em cena o pioneirismo de Diniz, do GPA e a herança que eles começaram a construir para o pescado: devido a todo seu interesse e conhecimento no setor de peixaria, Felippe acabou sendo convidada pela equipe da Cadeia de Suprimentos para realizar um estudo sobre possibilidades de centralizar o recebimento e a distribuição do pescado fresco na companhia. "Aquilo soou como música, aqueceu meu coração. Já nessa época, era apaixonada pelo pescado e com esse convite, me senti livre para mudar a história da comercialização dentro da líder do varejo”. 
 
Foi feito, então, um projeto piloto desse novo modo de distribuição para a bandeira Extra que, em poucos meses, se mostrou um sucesso. Com isso, Abilio e toda a diretoria executiva do GPA aprovaram um investimento para centralizar 100% do pescado fresco no GPA, em toda a região Sudeste e parte do Centro-Oeste.  "Para conseguir isso, exigimos muitas mudanças no modus operandi da cadeia e nem todos ficaram felizes. Mas o cliente, sem dúvida, ganhou muito: em qualidade, em preço, em conservação e em sortimento. É um orgulho gigante ter feito parte disso", vibra Felippe.
 
Leia a matéria completa em "Especial", na Seafood Brasil #53. Clique aqui.
 
Créditos da imagem: Divulgação GPA.
 

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