Com aquicultura 4.0, MSB busca novo significado para maricultura
Aquicultura

Com aquicultura 4.0, MSB busca novo significado para maricultura

Projeto do grupo espanhol foi detalhado na terça-feira (17), durante a live do IFC TV

19 de agosto de 2021

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No final do ano passado, o Mexilhões Sudeste Brasil (MSB) agitou o setor ao anunciar que a maior fazenda marinha de bivalves do País começaria a sua produção. Com uma proposta calcada na aquicultura 4.0, a empresa espanhola deseja oferecer um novo significado para a maricultura brasileira e, especialmente, ao Rio de Janeiro. Para isso, haverá a adoção de tecnologias modernas na planta que tem sua produção estimada em 20 mil toneladas de mexilhões no primeiro ano.
 
O projeto do grupo espanhol foi detalhado na terça-feira (17), durante a live do IFC TV. Com mediação de Altemir Gregolin, presidente do IFC Brasil e ex-ministro da Pesca, o encontro teve a participação de Segundo Lago, presidente do  MSB; Júlio Avelar, responsável pelo projeto de Cultivo e Produção; Edmir Amanajás, responsável pelo projeto de Comercialização e Distribuição e Gonzalo Gonzales, diretor de mercado e responsável pelo projeto Econômico e Financeiro.
 
Conforme Lago, o atual Plano de Negócio do Grupo é resultado de 5 anos de desenvolvimento, envolvendo trabalho externo, técnico, comercial, estratégico e de relações institucionais com as administrações brasileiras. "Conseguimos a licença em abril de 2019, após a concessão do uso das águas pelo Mapa", contou. Mas, segundo ele, a pandemia da Covid-19 atrasou um pouco o desenvolvimento do projeto. 
 
Com uma área estimada para o cultivo equivalente a 200 hectares e investimento de R$ 420 milhões, na Praia do Peró, em Cabo Frio (RJ), a empresa estima duas colheitas anuais. 
 
 
A maior aposta do MSB está justamente nas condições climáticas favoráveis à produção na região, como contou na época o diretor administrativo, José Manuel Perez (saiba mais aqui). “A área de Cabo Frio é única na América do Sul, com temperatura da água fria, clima subtropical prevalente e outras qualidades ambientais que permitem o cultivo de mexilhões de altíssima qualidade”, falou.
 
Atuação integrada
 
Durante a live, Júlio Avelar, responsável pelo Projeto de Cultivo e Produção, explicou que o sistema produtivo da empresa é inovador ao usar uma tecnologia associada à produção e integrado a um sistema de controle. Tal sistema garantirá a rastreabilidade desde a produção de semente até o consumidor. “É uma tecnologia bastante avançada e também tem um sistema de monitoramento ambiental extremamente rigoroso, onde pretende-se fazer todo o monitoramento dos parâmetros físico-químicos da água, biológicos e também de segmento”, explicou.
 
 
Conforme ele, outro ponto importante é que, apesar do fato da qualidade da água na região de Cabo Frio ser considerada "extremamente boa", nenhum animal produzido no local será comercializado sem passar pelo sistema de depuração. “Essa é uma premissa que a empresa coloca”, contou. 
 
Segundo ele, no local também há o compromisso da empresa com a colônia dos pescadores de Cabo Frio e de Búzios para a realização de um trabalho integrado. “A própria área de cultivo será aberta para a pesca artesanal e parcerias também no sentido de contribuir com o desenvolvimento da pesca artesanal nessas regiões”, falou. Também deverão ser feitas parcerias com as instituições de pesquisa e ensino.
 
Aquicultura 4.0
 
Edmir Amanajás, responsável pelo projeto de Comercialização e Distribuição destaca que, ao atuar com a aquicultura 4.0, a MSB traz ao País diversas tendências de automatização de processos e de ecoeficiência.
 
Essa digitalização, conforme ele, será feita através da criação de um ambiente com realidade aumentada que possibilitará o monitoramento de todas as etapas de produção até a comercialização. “A partir dessa ideia de aquicultura 4.0, a gente tem toda uma proposta de utilização de novas tecnologias dentro da proposta de aquicultura aplicada no projeto e isso inclui a rastreabilidade através de sinal de satélite”, completou. 
 
Novos cenários
 
A vida útil dos produtos frescos que deverão ser produzidos e comercializados pelo MSB são estimados entre 5 e 8 dias, a depender dos dois formatos de entregas. Já o fornecimento abrangerá dois cenários, conforme Edmir Amanajás.
 
O primeiro cenário considera mercados em até 1.000 km de distância do centro de produção, ou seja, para os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. 
 
 
O outro cenário avalia uma distância de até 2.000 km do centro de produção, ou seja, fornecimento aos empreendimentos na Bahia, Sergipe, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
 
“Isso proporciona impacto imediato no mercado. Então, a gente teria como criar fornecimento para restaurantes, butiques de pescado especializadas em produtos de alta qualidade, também trazendo isso de forma mais acessível para as grandes redes de supermercado e com um novo conceito de mostruário para a venda do produto vivo”, explicou.
 
Fomento ao turismo
 
A proposta de mercado do grupo espanhol também inclui a venda direta ao Trade Center Botafogo MSB, que, como contou Edmir Amanajás, será implementado na Baía de Botafogo. Com uma área com cais, a ideia do grupo é realização do aporte de barcos, e  principalmente, os cruzeiros. 
 
“Mas também permitindo a livre circulação de pessoas dentro de uma área que vai conter restaurantes com a possibilidade de venda também de mexilhões e pescado, através da parceria que a gente pretende estabelecer com os pescadores artesanais de pequena escala, garantido a rastreabilidade também do produto pescado na área de cultivo e trazendo isso como um diferencial”, completou o responsável.
 
O projeto também foi desenvolvido para proporcionar impacto em outras cadeias, principalmente de turismo, porque assim como na Galícia, a ideia é ter no Brasil toda uma cadeia associada ao setor. Logo, um dos objetivos do grupo, também é desenvolver o turismo orientado dentro da área de cultivo. 
 
Entre outras propostas do MSB, a gastronomia também aparece com a possibilidade de realização de festivais. “Não só na área de produção em Cabo Frio, mas também no Rio de Janeiro e até em outras áreas do litoral do Estado”, contou.
 
Retorno à sociedade
 
Outro ponto importante destacado por Edmir Amanajás é a possibilidade do empreendimento abrir espaços para questões sociais que “extravasam o papel da empresa como uma grande força de mercado”. “Houve a sugestão e isso foi acatado, de se criar um Observatório de Desenvolvimento do Turismo Gastronômico Marinho no Estado do Rio de Janeiro (Otur)”, falou. 
 
“Uma das coisas que a gente percebeu quando estava fazendo a análise de comercialização e distribuição, é que não haviam fontes confiáveis e concretas de dados transparentes e acessíveis, principalmente em relação à questão turística. Então, a proposta do Observatório entra como algo paralelo a atuação da empresa. Teremos uma fundação que vai ser responsável por esse Observatório e a análise do turismo ligado à questão gastronômica” explicou.
 
A atuação do Observatório poderá gerar indicadores que posteriormente serão utilizados não só pelo grupo espanhol, mas também pelas prefeituras locais. “Tentando fazer com que esses dados sejam transparentes e acessíveis”, destacou.
 
Da mesma forma, também está no projeto a criação de um Observatório de Pesca Artesanal e Aquicultura Sustentável (Opas). Já para o Opas, a ideia é estabelecer promoções em prol do desenvolvimento da aquicultura de forma sustentável no Rio de Janeiro.
 
Créditos: Pixabay
 
 

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