Como a Noronha Pescados dribla tarifaço para manter plano nos EUA
Empresa aposta em produção terceirizada nos EUA para evitar taxa de 50% e expandir vendas de peixe empanado no mercado americano
21 de agosto de 2025
Mesmo com a entrada da nova tarifa de 50% sobre o pescado brasileiro imposta pelos Estados Unidos a partir de 6 de agosto - veja uma análise completa neste artigo publicado em nosso site -, a Noronha Pescados manteve seus planos de internacionalização. Em resumo, a estratégia da empresa para driblar o impacto foi apostar em fábricas terceirizadas em solo americano, responsáveis pelo processamento de seus peixes empanados.
Segundo o CEO Guilherme Blanke, em entrevista para a revista Exame, o modelo garante competitividade e eficiência logística. “Em vez de processar o peixe no Brasil e exportar, vamos levar a matéria-prima direto para os Estados Unidos, onde será processada e distribuída”, explica.
A medida chega em um momento de apreensão no setor. A Abipesca manifestou “profunda preocupação” com a nova tarifa, lembrando ainda em nota que o mercado norte-americano representa 70% das exportações brasileiras de pescado, que somaram US$ 244 milhões no último ano.
Parceria com marca Popeye
A estratégia da Noronha Pescados ganhou força após a participação da empresa na Seafood Expo North America, em Boston, em março, quando apresentou a marca internacional Popeye Seafood, licenciada do famoso personagem de desenho animado. A receptividade de grandes redes, como Sam’s Club e Walmart, superou expectativas e poderia esgotar a capacidade ociosa da planta brasileira.
Para atender à demanda, a Noronha já visitou seis plantas nos estados de Massachusetts e Geórgia, onde deve iniciar a operação terceirizada ainda em 2025. O volume inicial será de 1.000 toneladas mensais, com meta de atingir 10.000 toneladas ao mês em até cinco anos. A companhia também avalia inaugurar uma unidade própria de processamento em até dois anos.

Fornecimento global e portfólio diversificado
A operação da Noronha será abastecida por uma rede internacional de fornecedores. O peixe branco, principal insumo, virá do Alasca, isento de tarifas. Já o camarão e salmão serão adquiridos de países com taxas menores, como Equador e Chile, ambos taxados em 10% pelos EUA.
Inicialmente, o portfólio internacional contará apenas com empanados congelados. No entanto, há planos para incluir azeite de oliva (marca Olivia Palito), batata frita, pizza congelada e até açaí, dependendo do cenário tributário. “Começamos como Noronha Pescados, mas estamos nos tornando Noronha Alimentos. É um movimento de longo prazo para diversificar globalmente”, afirma Blanke.
Crescimento interno
No Brasil, a empresa mantém produção mensal de cerca de 1.000 toneladas de matéria-prima, com 600 a 700 toneladas de produto acabado. Fundada em 1980, a companhia pernambucana encerrou 2024 com alta de 20% e receita líquida de R$ 232 milhões, figurando no ranking Negócios em Expansão 2025 da revista Exame.
Créditos imagens: Divulgação
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