Como o salmão selvagem do Alasca quer aumentar seu consumo no Brasil?
Com apelo à sustentabilidade, pescado aposta na ampliação de comunicação no mercado e na diferenciação das espécies para ganhar mais mercado
20 de outubro de 2025
Com a temporada de pesca de salmões selvagens em andamento no Alasca (EUA), que vai de junho a agosto, as projeções de captura para 2025 apontam para um ciclo promissor. Dados recentes do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) indicam um aumento de 85% na captura total anual de salmões no estado, em comparação com o ano anterior.
O principal impulso vem do salmão pink (Oncorhynchus gorbuscha), cuja estimativa de captura cresceu 245%, conforme informações do Alaska Department of Fish and Game. “Essa projeção está alinhada com o ciclo de vida bienal previsível dessa espécie e se destaca especialmente devido à baixa histórica nas capturas em 2024, quando comparadas a outros anos pares”, analisa Leonardo Silveira, consultor de Trade & Marketing do ASMI na América Latina.
Até o início de julho, as pescarias comerciais no Alasca já haviam registrado a captura de 11,3 milhões de salmões, o que representa 5% da meta projetada para a temporada. Entre as espécies, keta (Oncorhynchus keta), e sockeye (Oncorhynchus nerka) vêm se sobressaindo nas áreas da Enseada Prince William, Baía de Bristol e Península do Alasca.
Esse cenário reforça o movimento estratégico que o ASMI, entidade responsável pela promoção do pescado do estado norte-americano na América Latina, vem promovendo para ampliar a presença do salmão do Alasca no mercado brasileiro. O diferencial da origem selvagem, aliado a um modelo de gestão pesqueira, é o pilar da comunicação adotada nos canais de varejo e food service.
No entanto, esse apelo não é à toa. Com ações sustentáveis previstas em sua Constituição desde 1959, o Alasca é o único estado dos Estados Unidos da América a ter institucionalizado a prática de Rendimento Sustentado (Sustained Yield) que, em síntese, garante a preservação dos recursos naturais com base científica, controle e limites de captura definidos anualmente. “Peixes, florestas, vida selvagem, pastagens e todos os demais recursos renováveis pertencentes ao Estado devem ser utilizados, desenvolvidos e preservados com base no princípio do rendimento sustentado, respeitando-se as preferências entre usos benéficos”, explica Silveira.
Conforme ele, é justamente a gestão de pesca do estado norte-americano que cria apelo junto ao consumidor. “Isto gera a percepção de que ele está escolhendo um produto natural – o que é verdade. Um grande trabalho tem sido realizado para mostrar ao consumidor que este produto além de natural é sustentável”, completa.

Campanhas, diferenciação e desafios
Para tornar essa proposta de valor mais atraente, o ASMI tem intensificado suas ações no Brasil. A estratégia inclui campanhas com influenciadores, presença em eventos gastronômicos, inserções em revistas especializadas e parcerias com chefs e distribuidores locais. Recentemente, o instituto lançou ações voltadas à divulgação das cinco principais espécies de salmões do Alasca — sockeye, pink, coho (Oncorhynchus kisutch), king (Oncorhynchus tshawytscha) e keta — destacando características como tonalidade da carne, perfil nutricional e sabor.
O foco está em comunicar ao consumidor final, à indústria, varejo e food service os atributos distintos de cada uma das espécies. “Todas essas ações de comunicação junto aos consumidores finais (com influencers e chefs), mostram como o salmão selvagem congelado agrega sabor, frescor, aroma, textura e segurança do alimento aos pratos e ao consumidor”, completa Letícia Fernanda Baptiston, consultora de Trade & Marketing do ASMI.
Já a atuação com um portfólio amplo de espécies também traz desafios. Por isso, o instituto atua em parceria com as empresas no Brasil, não apenas na importação e distribuição, mas também no apoio regulatório, na promoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia e na forma de apresentação do pescado congelado. “A indústria brasileira já importa e distribui o produto, e está preparada para trabalhar com o salmão selvagem congelado”, ressalta Baptiston.
Outra aposta é no fracionamento do pescado que, por ser feito localmente, possibilita, segundo a especialista, a venda em itens diversos. “Um exemplo são as pequenas porções para os que moram sozinhos, algo comum nos grandes centros urbanos, para que estes possam comprar, descongelar e preparar porções práticas e suficientes para uma refeição”, finaliza Baptiston.

Este texto faz é a Parte 05 da seção "Capa" da Seafood Brasil #59. Para ler esta e outras matérias desta edição na íntegra, clique aqui.
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Créditos imagens: Canva
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