Crescimento exponencial da tilapicultura em Morada Nova (MG) e região
Aquicultura

Crescimento exponencial da tilapicultura em Morada Nova (MG) e região

Região tem se tornado exemplo de arranjo produtivo no País nos últimos anos

10 de junho de 2024

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Em meio a obstáculos enfrentados por empresas e produtores, Morada Nova de Minas e região faz a tilapicultura mineira crescer exponencialmente para assim, fazer dela exemplo de arranjo produtivo no País nos últimos anos. Leia a matéria completa na reportagem de capa da Seafood Brasil #53. Clique aqui. 
 
Desde os tempos coloniais até os dias atuais, Minas Gerais tem uma história ligada as suas águas. De fato, a região ficou conhecida por sua riqueza natural, incluindo ouro e pedras preciosas como diamantes. No entanto, foram seus recursos hídricos que mantiveram - e ainda mantêm - suas principais atividades econômicas.
 
Graças ao seu grande armazenamento de água, o território mineiro também é conhecido como “caixa d’água do Brasil”, justamente porque abrigar nascentes importantes de rios das grandes bacias hidrográficas, entre elas o rio São Francisco. Por sua vez, com grande potencial hidrelétrico, o rio tem a presença de importantes usinas instaladas, como a Usina Hidrelétrica (UHE) Três Marias.
 
E foi justamente no reservatório da UHE Três Marias que a história de outro garimpo mineiro - a tilapicultura - começou há poucas décadas. A atividade se expandiu ao longo dos anos e se tornou atualmente exemplo de organização e desenvolvimento de pequenos, médios e grandes produtores e de diversas empresas que constituem o município de Morada Nova de Minas e região como uma das principais cadeias produtivas de tilápia do Brasil.
 
Colocando os primeiros peixes na água
 
A história da tilapicultura em Minas Gerais remonta aos passos pioneiros de figuras como o médico veterinário José Eduardo Aracena Rasguido. Em 1976, Rasguido ingressou na equipe da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e testemunhou os primeiros esforços de um projeto destinado aos pequenos produtores. "Naquela época, o pequeno produtor estava precisando melhorar a sua alimentação. E qual alimento seria melhor para ele do que o peixe?", indaga.
 
O experimento inicial foi com carpas e logo evoluiu para incluir a tilápia, que destacou-se por sua produtividade. Em 1978, na fazenda experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), junto aos peixes, o experimento ganhou espaço, integrando a suinocultura.
 
Com o avanço do conhecimento sobre a tilapicultura, os tanques rudimentares que eram feitos de bambu deram lugar a tanques-rede mais modernos, fruto de uma parceria entre Emater-MG e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Em 2001, um marco importante foi a doação de alevinos para produção comercial, impulsionando o setor. “Foram 30 tanques-rede de 2x2x1,20 para produzir na época 400 quilos de peixes de até 40 gramas porque era cada peixe como refeição para uma pessoa em um prato” pontua Rasguido.
 
A partir daquele momento, a atividade que, de início, provocou também preocupação aos pescadores que especularam que não poderiam mais capturar peixes no local, precisou da união dos produtores locais para a formação da sua primeira associação, a Associação dos Piscicultores de Morada Nova (ASPIM). Já no ano de 2002, diversas questões transformaram a associação na Cooperativa dos Piscicultores de Morada Nova (COOPIM).
 
Depois de 2003, a atividade seguiu em expansão e deu início também às articulações para uma nova organização cooperativa e, em 2006, a Cooperativa dos Piscicultores do Alto e Médio São Francisco (Coopeixe) foi implantada oficialmente. Posteriormente, para viabilizar o escoamento da produção, com apoio da prefeitura e da Codevasf, o primeiro frigorífico licenciado da região foi inaugurado - que segue em funcionamento até hoje. “A partir daquele momento, foi a arrancada que a tilápia estava precisando. Mostramos o caminho e a atividade foi crescendo”, celebra Rasguido.
 
Fomentando a tilapicultura local
 
Documentos da Epamig contam que a expansão da atividade no Estado ainda foi impulsionada por uma série de fatores, entre eles: os cursos de capacitação destinados aos produtores; atuação de diversas instituições públicas e privadas para fomento; extensão e difusão de tecnologia e laboratório de produção de alevinos; e novos estabelecimentos de beneficiamento de pescado.
 
Conforme uma reportagem do Agro Educa, uma dessas instituições foi o Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob Aracoop), cooperativa de crédito com histórico de oferecer financiamentos com condições favoráveis de pagamento a taxas mais acessíveis. Em 2023, a Sicoob Aracoop contava com 45 cooperados dedicados à tilapicultura no município de Morada Nova de Minas. 
 
Destaque mineiro
 
Segundo dados do recente Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), em 2023, o Brasil produziu um total de 887.029 toneladas de peixes de cultivo, das quais 579.080 toneladas correspondem à tilápia. 
 
No cenário estadual, o Paraná desponta como o líder no cultivo da espécie (209.500 toneladas), seguido por São Paulo (75.700 toneladas). Contudo, dentre os três principais Estados produtores, Minas Gerais se destacou, registrando um aumento significativo de 12,6% em relação ao ano anterior, com uma produção de 58.200 toneladas. Além disso, o Estado também figura como o terceiro maior produtor de peixes de cultivo do País em 2023, totalizando 61.600 toneladas. 
 
Conforme a Associação dos Aquicultores e Empresas e Especializadas do Estado de Minas Gerais (PeixeMG), são estimados que Morada Nova de Minas e região tenham atualmente cerca de 90 empreendimentos de produção de peixes. Além disso, são 7 frigoríficos certificados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF) que atuam no local.
 
Créditos da imagem: Seafood Brasil
 

 
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