Do mar ao bar: a presença do pescado na vida boêmia
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Do mar ao bar: a presença do pescado na vida boêmia

Bares e botequins apostam em peixes e frutos do mar para renovar experiência a partir de uma viagem gastronômica ao mundo do pescado

14 de janeiro de 2025

Alguns etimologistas dizem que a palavra botequim é originada do termo grego apothéké, que significa “depósito” e que originou também os termos biblioteca, botica (farmácia) e bodega (pequena venda). Para o historiador e escritor Luiz Antonio Simas, entusiasta da cultura popular brasileira, o botequim é isso tudo: “um centro de difusão do saber, como as bibliotecas; um lugar onde se preparam medicamentos para o corpo e a alma, como as boticas; e uma taberna onde se come e se bebe com simplicidade, sabor e sustância, como as bodegas”.

Em qualquer esquina, em todos os bairros, há sempre um deles: espaços de identidade e pertencimento, fundamentais para entender o espírito do Brasil. Mas, como até o que temos de mais tradicional, às vezes, precisa ser reinventado, muitos empreendedores e chefs estão deixando o torresmo de lado e apostando em peixes e frutos do mar para atrair novos públicos e oferecer experiências gastronômicas – e boêmias – diferentes.

Aberto há pouco mais de um ano no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo, o Sororoca Bar é um projeto conjunto dos chefs Marcelo Corrêa Bastos (Jiquitaia e Lobozó), Gustavo Rodrigues (Lobozó) e Thiago Castanho (Remanso do Peixe, em Belém do Pará). O espaço, que une bar e peixaria, surgiu como resposta ao desejo dos três chefs de terem um lugar onde pudessem receber os pescados e frutos do mar inteiros e frescos, tratá-los e servi-los da forma mais integral e com o maior controle da qualidade possível. Apesar de recente, o bar já está colhendo frutos pela qualidade que entrega: neste ano, levou o título de melhor bar-restaurante pela Veja São Paulo Comer & Beber.

Segundo o chef Gustavo Rodrigues, o número de bares que têm os peixes e frutos do mar como carros-chefes está crescendo porque hoje, o público tem maior aceitação para pescados. “Antigamente, era difícil encontrar grupos em que todos consumissem peixe, o que tornava arriscado abrir restaurantes monotemáticos. Isso mudou, em grande parte, devido à influência dos restaurantes japoneses, que popularizaram o consumo de pescados e reduziram preconceitos, permitindo que mais pessoas experimentassem e aprovassem”, opina.

Como a qualidade era um dos pontos cruciais para o Sororoca, a proposta sempre foi trabalhar com peixes da estação. “A estrutura do Sororoca parte de uma peixaria, o que nos permite receber diretamente dos pescadores ou transportadores e tratar o pescado da maneira que acreditamos ser ideal. Não seguimos a lógica de comprar peixes para encaixar em pratos fixos. Por isso, nosso cardápio muda constantemente, de acordo com o que encontramos de mais fresco e de melhor qualidade”, explica Rodrigues.


Pescado com drink, pescado com chopp

Se em São Paulo os pescados invadiram os bares acompanhados de coqueteis em copos chiques, no Rio de Janeiro, eles saíram da água já acompanhados de uma cerveja no copinho americano. 

E um dos lugares onde essa mistura mais prosperou foi o bairro de Irajá – onde, por coincidência, nasceu o maior fã dos botecos desse Brasil, Zeca Pagodinho –, mais especificamente no Bar da Peixaria, campeão nacional em 2024 do “Comida di Buteco”, que todos os anos elege os melhores botecos e petiscos do País. A responsável por essa conquista chama-se Manuela Ornelas, conhecida como "Manu da Peixaria" pelos seus mais de 315 mil seguidores no Instagram. 

A empreendedora abriu, em 2019, a Peixaria Divina Providência, também em Irajá. Como gostava de cozinhar frutos do mar – apesar de não ser chef –, Manu passou a divulgar suas receitas nas redes sociais e logo seus clientes quiseram comprar os pratos prontos, ao invés de levar os ingredientes. Nasceu assim o Bar da Peixaria, em 2022. 

Mesmo com todo o sucesso – hoje em dia, além da peixaria e do bar, a empreendedora conta também com um sushi bar –, Manu acredita que ainda há muito a explorar no mercado de pescados. “A busca por uma alimentação saudável vem crescendo e os empresários, vendo esse oceano azul onde estamos, estão investindo em mais peixarias. Não apenas bares especializados, mas lojas com pescado como protagonista vem crescendo justamente por encontrar espaço”, opina Ornelas.


Esta matéria faz parte da seção “Na Cozinha” da Seafood Brasil #56. Clique aqui para ler essa e outras matérias na integra!


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