ENTREVISTA: Reestruturação e desafios à frente da Abrasel-SP
Nesta entrevista, para a seção "5 Perguntas", Hirata detalhou os estragos que a Covid-19 deixou no setor
19 de março de 2024
Certa vez, William Shakespeare, lendário escritor, poeta e dramaturgo inglês, disse que “Alguns nascem grandes, alguns conseguem a grandeza e outros têm a grandeza imposta a eles”. Talvez, essa seja a melhor frase para resumir o desafio encontrado por Luiz Hirata, atual presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP).
Afinal, não há maneira melhor de se mostrar que se está preparado para a grandeza do que colocá-la em prática quando se assume uma grande responsabilidade. Luizinho, como é conhecido no setor, assumiu a presidência da entidade em julho de 2023 com um desafio e tanto: representar um setor que sofreu como poucos os efeitos da pandemia e assim, ajudar o segmento de bares e restaurantes a continuar desempenhando sua responsabilidade de ser um dos principais agentes da economia municipal, estadual e nacional.
Nesta entrevista, para a seção "5 Perguntas", Hirata detalhou seus desafios à frente da Abrasel-SP, os estragos que a Covid-19 deixou no setor, como a entidade vem trabalhando para oferecer mais possibilidades de o segmento continuar se reerguendo em 2024 e qual será a sua atuação para auxiliar os restaurantes de comida oriental. Confira!
SB: Como você avalia o seu período à frente da Abrasel-SP e quais foram as principais ações da associação sob seu comando?
LH: Assumi a Abrasel-SP em julho de 2023 e nesses 7 meses que estou à frente do cargo, posso falar de forma certeira que o maior desafio foi e está sendo a reestruturação que precisa ser feita na entidade. Claro que essas reestruturações são normais quando entra um novo presidente e uma nova diretoria, mas isso traz muitos desafios e trabalho.
Além deste ponto, existem variáveis fora da entidade, como as inúmeras mudanças e desafios que o setor tem enfrentado como a Reforma Tributária, PERSE, Inflação, entre outras demandas que vão afligindo a economia dos bares e restaurantes e que nós, como entidade representante, precisa ficar atenta para agirmos quando possível e necessário.
Por fim, outro desafio que vale ser mencionado é que o setor é muito carente de dados analíticos. Por isso, estamos investindo muito em pesquisa para captar números a fim de mapear melhor as necessidades do segmento.
SB: Como foi assumir a liderança da Abrasel-SP em um cenário onde o setor de bares e restaurantes lutava - e ainda luta - para se recuperar dos impactos da pandemia da Covid-19? Qual era o cenário quando você assumiu?
LH: O cenário pós-Covid é de um setor bastante endividado. Neste contexto, é importante deixar registrado que muitos tinham a esperança de conseguir evoluir com o aumento do movimento, que se por um lado não voltou 100% da maneira que era antes, ao menos ajudaria com cada empresário a minimamente tentar pagar as contas e dívidas. Mas, infelizmente, não é isso que tem acontecido na prática.
A verdade é que tivemos alta constante nos valores dos insumos, além de muita dificuldade em contratação de mão de obra e na aquisição da linha de crédito. O cenário real é que estamos passando por grandes dificuldades, depois de ter enfrentado as terríveis consequências causadas pelo fechamento do setor devido a Covid-19. Sendo assim, a euforia da volta pós-pandemia se mescla com essas dificuldades, o que levou à quebra de muitos estabelecimentos e implica na luta de muitos outros para sobreviverem.
Outra implicação foi o fato de grande parte do consumidor paulistano ter se adequado ao trabalho remoto. Isso teve também um impacto para o setor de bares e restaurantes no ano passado, principalmente na região do Itaim, que tinha grandes empresas que traziam muito fluxo aos estabelecimentos. Aos poucos, esse cenário está estabilizando, pois muitas empresas perceberam a necessidade do retorno do trabalho presencial.
Créditos da imagem: Divulgação Abrasel-SP