Governo eleito coloca deputado André de Paula à frente do novo MPA
Ex-ministro Altemir Gregolin, opção preferencial do setor, é preterido pelo deputado pernambucano do PSD
30 de dezembro de 2022
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (29/12) o restante da composição ministerial de seu terceiro governo, que recriou oficialmente o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Diferentemente do esperado pelo setor, o médico-veterinário Altemir Gregolin não foi reconduzido ao posto de ministro da pasta. Ele já havia sido ministro da pasta entre 2006 e 2010.
O novo titular da pasta é o advogado e deputado federal André de Paula, do PSD de Pernambuco (leia aqui a biografia política no site da Câmara dos Deputados). Ele havia se candidatado ao Senado em outubro, mas não foi eleito. Desta forma, diferentemente de ministérios "mais técnicos" como Meio Ambiente (Marina Silva) e Esportes (Ana Moser) , o governo Lula opta por atender ao PSD e utilizar o novo MPA em prol da governabilidade.
O novo ministro já atuou como Secretário de Produção Rural e Reforma Agrária e Secretário das Cidades do Estado de Pernambuco e integrou as Frentes Parlamentares em Defesa do Litoral Brasileiro, de Defesa da Pesca Artesanal e da frente em Defesa da Pesca. Politicamente, votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e, na campanha de 2022, alinhou-se ao presidente Lula e à candidata ao governo de Pernambuco Marilia Arraes, que não foi eleita.
Gregolin fora do governo
Gregolin disse à Seafood Brasil que vê como "muito difícil" sua participação como um dos diretores do novo ministério ou outro cargo associado. Desde que foi alçado ao cargo de coordenador do GT temático na Transição, Gregolin sempre foi apontado como ministeriável, mas nos bastidores já havia a sensação de que a pasta poderia ser "moeda de troca" em prol da governabilidade.
Desde as Eleições, ele vem participando ativamente do GT. Na semana passada, apresentou o relatório final da transição do GT de Pesca, que previa um aumento no orçamento. Gregolin descreveu a intenção de aumentar o orçamento para a pasta para R$ 200 milhões já na PEC da Transição. "Neste ano, a Secretaria de Aquicultura e Pesca teve orçamento de R$ 18 milhões e o projeto de lei orçamentária para 2023 que tramita no congresso nacional é de R$ 15 milhões."
O ex-ministro sempre foi um defensor da recriação do MPA, pleito que não tinha o respaldo das principais associações empresariais do segmento que compõem o Fórum Nacional da Pesca e Aquicultura (FENAP), mas contava com o apoio dos movimentos sociais ligados à pesca artesanal - que se consideraram preteridos durante os anos do governo Bolsonaro.
Altemir Gregolin, André de Paula, Ministério da pesca, Pesca e Aquicultura