Guedes faz live com lideranças do setor privado
Ministro ouviu pleitos do segmento em plena crise
14 de maio de 2020
O ministro da Economia, Paulo Guedes, teve uma audiência de 1h30 nesta quarta-feira (13/5) com as principais lideranças do setor privado do pescado. O encontro foi articulado pelo deputado federal Luiz Nishimori, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Pescado, que conseguiu um espaço de última hora na agenda do ministro para que ele ouvisse os pleitos do segmento em plena crise.
Depois de uma apresentação inicial, Nishimori passou a palavra a Eduardo Lobo, presidente da Câmara Setorial do Pescado do Mapa, que fez uma síntese dos problemas que a cadeia produtiva atravessa, com ênfase no estrangulamento que o fechamento do food service - responsável por mais de 70% das compras de pescado - causou no setor. “Estamos sem poder vender porque não existe mercado para absorver nossa produção” disse Lobo.
O empresário, que também ocupa a presidência da Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca), frisou os principais pleitos da entidade junto ao governo: inclusão da indústria e armadores de pesca no Manual de Crédito Rural para acesso a crédito e um fundo garantidor para manter o fluxo financeiro das empresas. “Não temos o cinturão do agronegócio nos apoiando quando fracassa uma safra, enchente ou peste, em que o seguro cobre. Quando a nossa embarcação naufraga, quando a pesca é ruim, quando há El Niño nada existe para nos proteger.”
Eduardo Ono, presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional da Aquicultura (CNA), fez uma intervenção em que sublinhou a dificuldade de o crédito chegar à ponta. “Quando saímos do pólo produtivo, em que o cara respira peixe, o sistema bancário desconhece a aquicultura. Precisamos colocar capital de giro nas empresas porque senão muita gente vai perder plantel e não vai ter como pagar.”
Segundo os presentes, Guedes mostrou sensibilidade aos pleitos: interrompeu a videoconferência para ligar à ministra da Agricultura e solicitar a inclusão dos dois elos dacadeia na política de crédito do Mapa. Depois informou, com a ajuda de Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, que o governo está preparando um fundo garantidor a indústrias e pediu ao assessor a inclusão da indústria de pescado neste programa, de acordo com Lobo. “Este fundo vai dar ao banco repassador a garantia de que, se houver dificuldades para o pagamento, o governo garantirá 85% [do empréstimo]”.
Em outra intervenção, Guedes se mostrou solidário à falta de recursos aos empresários brasileiros em detrimento dos Estados e Municípios, como relata Cadu Villaça, diretor técnico do Coletivo Nacional de Aquicultura e Pesca (Conepe) em texto no site da entidade. “Na sua forma franca e direta de se expressar, expôs sua indignação vendo bilhões sendo distribuídos para Estados e Municípios, enquanto o setor privado e o empreendedorismo encontra tantas barreiras e dificuldades de acesso a crédito para gerar emprego e renda, e finalmente recolher tributos aos cofres públicos.”
Francisco Medeiros, diretor-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), também participou da audiência, mas não teve tempo de fazer nenhuma intervenção junto ao ministro. Ele ressalta que os pleitos da entidade - isonomia do PIS/Cofins e dispensa do licenciamento para obtenção de crédito, que consta no manual do Banco Central e é uma atribuição do Ministério da Economia - não foram mencionados. No entanto, assegura ele, há uma forte articulação em prol destas causas em paralelo com a pasta chefiada por Guedes.
Itamar Rocha, Presidente da Associação Brasieira de Criadores de Camarão (ABCC), considerou que Guedes foi bem produtivo. Ele acredita que se abriu um canal para que as demandas de ordem financeiras e tributarias possam ser avaliadas por quem detem a chave das decisões econômicas.
Ele também ressalta as potencialidades e predicados naturais do País, como: espécies de peixes, disponibilidade de água e infraestrutura básica, mas critica a baixa participação brasileira nas exportações de pescado. "Por isso, no meu entendimento, deve ser com esse enfoque, que devemos justificar os nossos pleitos, que objetivam, no quadro da excepcionalidade, ou seja, no curtissimo prazo, manter os empregos e a produçao, mas no médio e longo prazos, reverter o quadro adverso e colocar o setor, aquicultura e da pesqueiro, na posição de destaque que o mesmo ha muito deveria ocupar", finalizou.
Thiago De Luca, diretor da Frescatto Company, também participou do encontro e percebeu alinhamento do ministro da Economia com a ministra da Agricultura em prol do setor. “Foi uma oportunidade excelente de explicar as diferenças do setor de pescado para as demais proteínas e porque necessitamos de condições diferenciadas neste momento.” Muitas destas condições, frisou, dizem respeito à isonomia com estes setores. “Saímos esperançosos de que há alguém ali dentro que entendeu como o Brasil tem uma mina de ouro na mão caso haja políticas públicas específicas para este setor.”
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