IPS registra alta histórica em março; pescado teve queda
Pescado foi impactado diretamente pelo aumento dos preços dos combustíveis e da ração
29 de abril de 2022
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS) foi de 2,64% em março, o maior da série histórica para o mês. O grupo de alimentos foi um dos mais impactos pela alta das commodities, o que explica a aceleração registrada. O IPS acumulado em 12 meses chegou a 15,22%. O índice é apurado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria com a Fipe.
Entre as proteínas animais, o pescado foi impactado diretamente pelo aumento dos preços dos combustíveis para pesca selvagem e da ração para a piscicultura. Mesmo assim, essa cesta apresentou queda de 0,91% em março, apesar de aumentos pontuais, como a da pescada (4,33%). O setor enxerga com otimismo a venda de pescado nesta Páscoa. “A volta aos encontros presenciais incentiva as famílias a comemorar a data”, analisa Diego Pereira, economista da Apas.
Elaboração Apas
Os cortes suínos, na contramão das demais proteínas animais, apresentaram deflação (7,62%) pelo 12º mês seguido, beneficiados principalmente pelo aumento de produção (4,86%) em relação ao mesmo período de 2021. A tendência, segundo Diego Pereira, é de queda no primeiro semestre. “A guerra dificultou a exportação da nossa carne suína para a Rússia. Por isso, a oferta no mercado interno deverá continuar alta”, avalia o economista.
Alta generalizada
O conflito entre Ucrânia e Rússia, a alta dos combustíveis, a desorganização das cadeias logísticas e a inflação generalizada no mundo pressionam os preços no Brasil e refletem na ponta do consumo, onde estão os supermercados e a população.
“A expectativa para o primeiro semestre deste ano é de instabilidade em muitos setores da economia, principalmente naqueles que são sensíveis aos preços internacionais das commodities. O processo de alta é generalizado. A desmobilização da cadeia de suprimentos no mundo produz inflação mundial no curto prazo, já que a realocação da cadeia produz elevação no custo logístico”, conta Diego.
Conforme ele, a inflação nos Estados Unidos já chega a 7,8% e é a maior em 40 anos, na Zona do Euro a inflação fechou o mês de março em 7,5%. “No Brasil não é diferente, o IPCA volta a ganhar força por conta da pressão internacional e acumula 10,54% nos últimos 12 meses”, fala.
Ainda, novas projeções para a taxa de juros já chegam a 13% a.a. até o término de 2022. “Portanto, nesse cenário inflacionário cabe aos supermercados negociar cada vez mais com os fornecedores e ao consumidor ampliar as buscar por alternativas de produtos que ainda não receberam todo o peso da inflação, como é o caso dos cortes suínos e seus derivados, por exemplo, que elevaram sua oferta interna por conta do rompimento da exportação para a Rússia”, explica o economista.
Alta das commodities
Desde 2020 o mercado sinaliza alta nos preços das principais commodities. O conflito entre Rússia e Ucrânia acelerou essa tendência. O relatório do Banco Central aponta que a escalada dos preços internacionais não dá sinas de reversão.
Produtos industrializados e estiagem
Outro fator que pesa na composição do preço são os custos de produção dos produtos alimentícios industrializados. O custo nos serviços de logística, de matérias-primas e da energia elétrica tiveram elevação de 16,09% em março.
Fatores climáticos também influenciaram na alta dos industrializados. A estiagem na região Sul reduziu a área de pasto, deteriorou a qualidade da forragem e da silagem, intensificando o efeito da entressafra. Em março, por exemplo, o leite inflacionou 7,80% e, no acumulado, 10,13%.
Hortifrutigranjeiros
Os hortifrutis (produtos in natura) tiveram inflação de 8,93% em março, com acumulado de 31,58% nos últimos 12 meses. Os preços foram puxados pelos legumes e verduras, que apresentaram aceleração de 18,75% e 13,77% em março, respectivamente.
O setor agrícola vem sofrendo forte pressão inflacionária causada principalmente pelo aumento dos combustíveis e pelas dificuldades da importação de fertilizantes. Os nitrogenados e fosfatados já apresentavam supervalorização desde o ano passado, tendência que se intensificou com a guerra, pois a Rússia era a principal exportadora de fertilizantes para o Brasil.
Créditos: Pixabay
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