Novas tarifas dos EUA e o que muda no comércio global de frutos do mar
Comercialização

Novas tarifas dos EUA e o que muda no comércio global de frutos do mar

Comércio global de frutos do mar será redefinido pelas novas tarifas, abrindo oportunidades e desafios para exportadores brasileiros

Wilson Santos - 10 de abril de 2025

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Neste primeiro momento, há um consenso de que o cenário de comércio global sofrerá mudanças significativas após a implementação das novas tarifas estabelecidas pelos Estados Unidos.

Altamente dependente de importações de frutos do mar, que em 2024 somaram U$S 25,8 bilhões, em resumo, o impacto no setor é inevitável. Sendo assim, no curto prazo, certamente haverá um aumento nos preços ao consumidor americano, o que poderá provocar uma migração para o consumo de outras fontes de proteína animal, como frango, suínos e bovinos, cujas cadeias de suprimento têm menor dependência de importações.

Já a médio e longo prazo, porém, as empresas irão otimizar e adaptar suas cadeias de suprimento com novas estratégias comerciais, em resposta às barreiras comerciais. E como ponto de partida, em síntese, é essencial analisar os recursos de maior consumo no mercado americano, bem como seus principais fornecedores.

Neste ponto, é importante ressaltar que pela ordem, as espécies mais consumidas nos Estados Unidos são: camarão, salmão, atum em conserva, tilápia, panga, Alaska Pollock e bacalhau.
Por outro lado, os principais países exportadores de frutos do mar para os Estados Unidos são: Canadá, Chile, Índia, Indonésia, Vietnã, Equador, China, Noruega, União Europeia e Tailândia, todos com exportações acima de US$ 1 bilhão em 2024. Ou seja, ao interpretar a relação entre tarifas estabelecidas e fornecedores, fica evidente que os países asiáticos foram severamente atingidos, enquanto a América Latina sofreu impactos mais brandos.

Sendo assim, podemos dizer que oportunidades e riscos surgirão tanto nas espécies de maior consumo, quanto em nichos de mercado. Por isso, cada caso merece uma análise individual, algo que é feito a seguir:


---> Tilápia

Vejo uma enorme oportunidade para o filé de tilápia congelado e fresco brasileiro. Em resumo, o produto de origem chinesa, maior fornecedor dos Estados Unidos, foi atingido por uma alíquota total de 79%, resultado da taxa implementada na última semana, que é cumulativa com a alíquota anterior.

Já o produto brasileiro, que antes tinha uma alíquota menor, agora recebeu um benefício adicional de 24% (34% para a China e 10% para o Brasil). Neste contexto, outros players da América Latina, como Honduras, Colômbia e El Salvador, compartilham dos mesmos benefícios, mas focam principalmente na exportação de peixe fresco, o que representa uma oportunidade única, que pode representar uma grande virada na produção e exportação dessa espécie.

Internamente, o espaço deixado pelos chineses poderá ser ocupado, e há a possibilidade de que produtos chineses busquem novos mercados, incluindo o brasileiro.


---> Camarão

Em resumo, países asiáticos, como a Índia (responsável por 40% das importações americanas de camarão), serão prejudicados. Por outro lado, o Equador, um dos maiores players globais nessa espécie, terá uma grande oportunidade.

Sendo assim, é difícil para o Brasil competir de forma significativa no mercado americano devido à concorrência do Equador. No entanto, o mercado interno brasileiro, que é imenso, poderá enfrentar pressão de produtos asiáticos que antes eram direcionados aos Estados Unidos.


---> Salmão

Os dois maiores produtores, Noruega e Chile tiveram alíquotas diferentes - com pequena vantagem para o Chile. Essa diferença, que já era favorável aos nossos vizinhos sul-americanos, teve um pequeno aumento. Ou seja, o Brasil, grande consumidor do produto chileno, poderá sofrer pressão de preços se houver um aumento significativo no fluxo entre Chile e Estados Unidos.


---> Panga

Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil são grandes mercados abastecidos pelo Vietnã, que enfrentou forte aumento nas alíquotas americanas. A redução do consumo americano resultará em maior disponibilidade de filé de panga, possivelmente com ajuste de preços para baixo, o que aumentará sua competitividade no mercado interno brasileiro.


---> Alaska Pollock

Os Estados Unidos importam grande parte dos filés da China, que por sua vez, importa o peixe da Rússia para contornar os embargos decorrentes da guerra Rússia-Ucrânia. O Brasil, que já tem alta na importação dessa espécie, poderá aumentar ainda mais suas compras devido à maior disponibilidade e à possível queda nos preços internacionais.


Outras informações

As exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024 somaram US$ 224 milhões, representando 56% do valor total das exportações brasileiras de frutos do mar, com o país americano sendo o maior destino dessas exportações. Já no balanço comercial, em síntese, o Brasil teve um superávit de US$ 219 milhões, com destaque para importação brasileira de pescados de origem americana, que por sua vez, é muito reduzida.

Neste contexto, em 2024, as três principais espécies brasileiras que representam 54% do total exportado para os Estados Unidos foram:

--> Tilápia (em diferentes formas): US$ 52 milhões.
--> Pargo: US$ 35 milhões.
--> Lagostas (em diversas formas): US$ 35 milhões.

Por fim, embora os produtos brasileiros ainda representem menos de 1% em valor do total importado pelos Estados Unidos, oportunidades estão surgindo em espécies como atuns, pescado resfriado (sem classificação NCM), pescado congelado (sem classificação NCM) e outras, incluindo meca, corvina, garoupa, pescadas e cavalinhas. Os próximos capítulos vão dizer.


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Créditos imagem: Canva

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Sobre Wilson Santos
 
  • Engenheiro Industrial Químico e Diretor Industrial da Coqueiro- Quaker por 25 anos. Atualmente na área de consultoria com empresa WS Consultoria. wsconsul58@gmail.com
 
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