Novidades na produção de biomaterial de pele de tilápia liofilizada
Registro de patente e licitação vão acelerar a produção do produto a ser utilizado em pesquisas clínicas de diversos tratamentos
29 de janeiro de 2025
Em dezembro de 2024, a Universidade Federal do Ceará (UFC), em conjunto com os pesquisadores Edmar Maciel Lima Jr. e Marcelo Borges, concluiu uma importante conquista: o registro da patente do biomaterial à base de pele de tilápia liofilizada. Em resumo, esse produto vem tendo grande destaque na pesquisa clínica para tratar queimaduras, problemas oftalmológicos de animais, além de outras utilizações – saiba mais aqui.
Na semana de 13 de janeiro, o projeto acabou avançando para mais uma etapa fundamental para que assim, esse tratamento possa ter uma abrangência maior e chegar na grande população: um edital de licitação foi aberto para que empresas que tenham capacidade de produzir o material em grande escala possam apresentar seus projetos à UFC e assim, a instituição escolher a melhor candidata.
"Trata-se da primeira pele animal ofertada em chamada pública, no Brasil, para ser comercializada. Não existe no país, atualmente, nenhuma pele animal registrada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercialização", informa Odorico Moraes, diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento da UFC. “Depois, cabe à empresa vencedora da chamada pública providenciar o registro junto à agência brasileira.”
O que é a pele de tilápia?Considerado um produto desidratado, a pele de tilápia liofilizada é embalada à vácuo. Antes disso, ela ainda é radioesterilizada no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN-SP), sob a coordenação da pesquisadora Mônica Mathor.
Sobre as vantagens do produto, Edmar Maciel, pesquisador e coordenador geral da pesquisa, destaca que a pele de tilápia liofilizada, por ser desidratada e embalada a vácuo, tem menor risco de contaminação em relação aos produtos mantidos em ambientes úmidos (como a pele no glicerol). Além disso, ela ainda pode ser aplicada diretamente na ferida, após hidratação. “O que proporciona uma melhora substancial na qualidade de vida do paciente, reduzindo a dor, os riscos de infecções, a permanência hospitalar e o gasto com insumos médicos”, comenta Maciel.
Dentro deste contexto, Maciel ainda destaca que a utilização do produto como curativo ainda tem a vantagem de diminuir a carga de trabalho da equipe médica durante o tratamento, porque ele reduz as trocas de curativos.
Outra vantagem que o produto tem trazido é a possibilidade que a pele liofilizada oferece novos métodos cirúrgicos. “Isso reduz a morbidade pós-operatória, os custos cirúrgicos e a necessidade de autoenxertos (transferência de tecido ou órgão do próprio paciente para outra parte do corpo), acelerando a recuperação após essas intervenções consideradas mais invasivas”, informa o pesquisador.
Por fim, mais um ponto positivo diz respeito ao fato do produto ser de fácil transporte. “Por ser desidratado tem redução de até 90% nos custos do transporte que a pele no glicerol, já que não precisa de refrigeração, que exigiria acondicionamento adequado e gelo seco”, indica o pesquisador Felipe Rocha.
Principais utilizações da pele liofilizadaSegundo o pesquisador Carlos Paier, em resumo, a pele de tilápia tem diversas utilizações em pesquisas clínicas de saúde, dentre elas:
- Feridas
- Úlceras varicosas
- Queimaduras
- Sindactilia (dedos das mãos juntos)
- Agenesia vaginal (mulheres que nascem sem vagina)
- Reconstrução do canal vaginal
- Redesignação sexual
- Feridas em animais de pequeno e grande porte
- Odontologia
A ideia começou em 2018, quando a pesquisadora Elisabete Moraes, juntamente com o grupo de pesquisadores que contava com Edmar Maciel, Odorico Moraes, Carlos Paier e Felipe Rocha – aqui, cabe ressaltar que Paier e Rocha são responsáveis pela coordenação do desenvolvimento pré-clínico laboratorial no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM/UFC). Porém, a pesquisa em animais aconteceu no biotério do NPDM e a pesquisa clínica no Instituto Dr. José Frota, pelo coordenador geral da pesquisa, que é justamente o cirurgião plástico Edmar Maciel.
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Créditos imagem: Divulgação UFC
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