Os altos e baixos na realidade da pesca industrial brasileira
Pesca

Os altos e baixos na realidade da pesca industrial brasileira

Por Cadu Villaça, Presidente do Conepe*

26 de dezembro de 2024

*Artigo escrito para o Anuário Seafood Brasil #55

A pesca industrial continua com resultados variados em diferentes regiões e modalidades no País, com algumas áreas apresentando bons resultados e outras, enfrentando baixas produções. Neste contexto, cada vez mais a ciência, gestores e atores do setor produtivo, tanto frotas quanto indústrias, se aproximam e, embora ainda tímidos, com avanços na relação e respeito entre esses pilares.

No caso dos atuns, os reflexos de erros de gestão em 2023 resultaram na suspensão das pescarias no final do ano em todo o País, causando perdas para todas as frotas reguladas relacionadas à albacora bandolim, cardume associado e Espinhel Nordeste, com os dois primeiros sendo obrigados a retornar aos portos, perdendo cardumes formados e sua dinâmica que só agora, está sendo restabelecida. Já os espinheleiros sofreram grandes prejuízos financeiros, pois perderam a última viagem do ano, que por sua vez, foi crucial pela produção e pelo período de alta demanda, com impacto significativo no balanço anual dessa frota. Além disso, no Sul, a tradicional frota de vara e isca viva para o bonito-listrado, motor da indústria conserveira de atuns, perdeu a primeira viagem da safra 23/24.

De fato, esperava-se mais foco dos gestores neste ano. No entanto, após a publicação das cotas de 2024 no final de março, apenas em meados de agosto a alocação de capturas entre modalidades e regiões foi normatizada, seguindo a proposta estabelecida nos Comitês Permanentes de Gestão da Pesca (CPGs) - a portaria apresenta melhorias, mas ainda demonstra pouco controle e efetividade no monitoramento e fiscalização. Já em frotas fechadas, submetidas a rastreamento pelo PREPS e entrega dos Mapas de Bordo na plataforma PesqBrasil, preocupa-nos ver que ainda são considerados modelos preditivos e extrapolações que levaram às drásticas medidas adotadas no final de 2023. Aliás, é bom lembrar que o reporte de produção por Mapas de Bordo em 2023 ainda não foi divulgado, situação essa que gera desconfiança e falta de respeito.

Também é preciso destacar o caso do tubarão-azul, cuja situação se complicou com a inclusão no Anexo CITES e sob pressão de militantes ambientais. Mesmo sob cota da Comissão Internacional de Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT), sua alocação não está definida, apesar de já ter passado quase três quartos do ano - inclusive, para importações, este produto enfrentou dificuldades durante 2024. A busca de solução também foi terceirizada via consultoria, a qual desejamos que possa separar sentimentos e posicionamentos claramente conservadores, pensando na espécie e seu comércio como um recurso que, bem gerido, traz benefícios a toda a cadeia.

Este texto faz parte da série de artigos publicados no Anuário Seafood Brasil #55. Para ler este e outros artigos na íntegra presentes nesta edição, clique aqui.


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