Peixe na Cesta Básica: setor comemora, mas lamenta exclusões
Comercialização

Peixe na Cesta Básica: setor comemora, mas lamenta exclusões

Com a medida, produtos terão alíquota zero ou reduzida dos novos impostos introduzidos pela Reforma Tributária

16 de julho de 2024

arroba publicidade
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (10) o texto-base do projeto de lei complementar que inclui o peixe e outras proteínas animais na Cesta Básica Nacional. Com essa medida, esses produtos receberam isenção dos novos impostos introduzidos pela Reforma Tributária - uma conquista celebrada pelo setor.
 
No entanto, a falta de algumas espécies de pescado no texto que seguiu para análise do Senado Federal indica que ainda existem desafios e pontos a serem corrigidos, especialmente no que tange aos produtos enlatados.
 
Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), destacou a conquista e a ação do setor junto ao governo para garantir a inclusão dos peixes de cultivo na cesta básica. "Essa não é uma ação isolada agora especificamente. Recentemente, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que excluía carnes e peixes da Cesta Básica. Então, fizemos uma ação junto aos deputados, especialmente aos parlamentares da agropecuária, para a manutenção desses itens", explicou Medeiros.
 
Enfatizando que a aprovação não foi um movimento de última hora, Medeiros analisa que a decisão é resultado de um trabalho contínuo. "Foi um embate no Congresso, uma vitória de todos, haja vista que o governo também entendeu essa importância e votou favorável à proposta. Isso é fundamental para os negócios da piscicultura no Brasil, além de ser muito importante para a saúde da população brasileira", acrescentou.
 
Agnaldo Hilton dos Santos, presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) ressalta que zerar as alíquotas, incluindo o pescado na Cesta Básica Nacional, é uma forma de promover a pesca catarinense, uma vez que o Estado é o maior produtor de pescado industrial do País. "Com isso não estamos apenas impulsionando a geração de empregos e renda, mas também tornando as proteínas saudáveis mais acessíveis à população, contribuindo para uma alimentação equilibrada dos brasileiros. Esperamos que o texto passe pelo Senado e seja sancionado pelo presidente”, afirma.
 
O CEO da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Jairo Gund, também celebrou a conquista do setor em ação junto ao governo, mas fez ressalvas importantes em relação ao texto-base. "A expectativa que a Abipesca tinha era colocar todo o pescado na Cesta Básica, mas infelizmente não conseguimos. E a proposta inicial contemplava o salmão e o atum totalmente fora da alíquota até de 60%, e agora conseguimos colocar o pescado nela", disse Gund.
 
No entanto, ele expressou preocupação com a falta dos enlatados. "Outro problema que encontramos é que esqueceram de colocar as conservas que estavam acordadas para entrar na Cesta Básica. Pelo menos a sardinha em conserva deveria ter alíquota zerada, e a conserva de atum deveria estar na alíquota de 60%, mas nem foram mencionadas. Se essa correção não for feita, as conservas estarão fora de qualquer benefício", alertou.
 
Com mais de 90% sendo destinados à produção de conservas, Gund reforça que a exclusão da sardinha e do atum enlatados ainda pode gerar resultados negativos. "De certa forma, isso impacta novamente toda a cadeia nos dois principais recursos da pesca extrativa em termos de volume", finalizou Gund.
 
O presidente da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes), Julio César Antonio, disse que a Abrapes vê com grande avanço a decisão da Câmara dos Deputados de incluir o peixe na Cesta Básica. “Esta medida representa um avanço significativo para o setor de pescado, que há muito tempo lutava por uma maior valorização e reconhecimento da importância nutricional do peixe na alimentação dos brasileiros", disse. Contudo, ele pontuou as exclusões do texto aos salmonídeos, atuns; bacalhaus, hadoque, saithe e ovas e outros subprodutos. "Continuaremos trabalhando para que todas as espécies, sem restrição, sejam incluídas na Cesta Básica”, afirmou.
 
Antonio acredita que, ao adicionar todas as espécies de peixes na Cesta Básica, a medida contribuirá não apenas para a desoneração dos produtos, mas também para o fortalecimento do setor no Brasil, incentivando a produção sustentável e a geração de empregos. “A isenção dos novos impostos introduzidos pela Reforma Tributária já é um passo importante para tornar o peixe mais acessível à população, promovendo uma alimentação mais saudável e equilibrada. Além disso, essa decisão fortalece a cadeia produtiva do pescado, beneficiando pescadores, produtores e toda a indústria relacionada”, concluiu.
 
Parâmetros de alimentação saudável
 
Conforme a Agência Câmara de Notícias, em relação aos alimentos, a proposta que será enviada ao Senado segue parâmetro da Emenda Constitucional 132/23 sobre garantia de “alimentação saudável e nutricionalmente adequada” e define os alimentos da Cesta Básica nacional com alíquota zero de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), tomando por base o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Assim, produtos in natura ou minimamente processados terão preferência. 
 
Além da inclusão nessa lista das carnes, peixes, queijos e sal. Também terão alíquota zero o uso de água do mar, cloreto de sódio puro e outros agentes semelhantes.
 
Redução de 60%
 
Em relação aos crustáceos e moluscos, contarão com a redução de 60% ostras, camarões, lulas, polvos e caranguejos, mas não terão alíquota menor as lagostas e o lagostim.
 
A proposta reduz em 60% a CBS e o IBS incidentes sobre a venda de produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura, considerados aqueles não submetidos a nenhum processo de industrialização. Será permitido, entretanto, beneficiamentos básicos, como resfriamento, congelamento, secagem, limpeza, debulha de grãos, descaroçamento ou acondicionamento indispensável ao transporte.
 
Créditos da imagem: Canva

, , Abipesca, Abrapes, Agnaldo Hilton dos Santos, Cesta Básica peixes, Francisco Medeiros, Jairo Gund, Julio César Antonio, PeixeBR, Reforma tributária, Sindipi

 
publicidade 980x90 bares
 

Notícias do Pescado

 

 

 
SeafoodBrasil 2019(c) todos os direitos reservados. Desenvolvido por BR3