Reunindo líderes, representantes e produtores: como foi o IFC 2024
Com mais de 4.000 participantes e 150 empresas expositoras, IFC 2024 promoveu lançamentos e debateu temas importantes do segmento
17 de janeiro de 2025
Novamente, o Paraná foi destino para quem esteve à procura de oportunidades e soluções para os desafios da aquicultura. Entre os dias 24 e 26 de setembro de 2024, em Foz do Iguaçu, líderes do setor pesqueiro e aquicultura, representantes governamentais, empresas do setor e produtores se encontraram na sexta edição do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil).
A edição deste ano também recebeu delegações de diversos países, como Argentina, Paraguai e Chile. “O IFC Brasil se consolida como um evento internacional e um dos grandes eventos da aquicultura e pesca da América Latina. Essa é a marca da sexta edição”, celebrou o presidente do IFC, Altemir Gregolin.
“O IFC Brasil se diferencia pelo cuidado especial com os expositores e visitantes, buscando proporcionar um ambiente confortável, oferecer conteúdo de qualidade com uma programação ampla e focada, e uma feira direcionada. Com tudo isso, é um evento que busca excelência”, disse a CEO do IFC Brasil, Eliana Panty.
Segundo ela, a edição atingiu um nível de maturidade, com avanços a cada ano marcados também pelo envolvimento da gastronomia, o ritual do corte do atum, o festival do tambaqui e o interesse de outros Estados, tanto para comprar quanto para vender.
Alinhando as ideias
Em um dos momentos-chave da abertura do congresso, o secretário executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Édipo Araújo, pontuou a importância de consolidar a aquicultura como um vetor essencial no combate à fome e no fortalecimento da economia brasileira. Para ele, o setor precisa estar alinhado com as demandas globais e as transformações internas. "Ao recriar o Ministério da Pesca, sob a liderança do presidente Lula, o Brasil reafirmou seu compromisso com esses territórios estratégicos, garantindo espaços tanto na pauta presidencial quanto internacional para essa temática", afirmou. O MPA, segundo o secretário, tem se empenhado em várias frentes para promover a sustentabilidade e o crescimento do setor. Uma das iniciativas em destaque é o trabalho em torno da isonomia no preço da ração para aquicultura, no contexto da reforma tributária, além da histórica demanda pela inclusão do pescado nas cestas básicas.
Além disso, conforme ele, o MPA se dedica à reabertura de mercados importantes para o Brasil, como o Reino Unido e a União Europeia, através de negociações que envolvem mudanças nas regras sanitárias da frota pesqueira. “Entretanto, vale lembrar que o crescimento do setor deve estar alicerçado na ciência, respeitando os acordos internacionais e as normas nacionais vigentes, além de contar com a participação social no processo de gestão, visando a sustentabilidade da atividade e a segurança jurídica dos empreendedores”, concluiu.
Alto nível nos debates
O Congresso Internacional de Aquicultura trouxe um alto nível em seus debates. Entre os temas mais discutidos estiveram as exportações de pescado, a Economia Azul e o desenvolvimento sustentável da produção de pescado, com uma atenção especial à crescente demanda mundial e à preservação ambiental.
O painel "Exportações de pescado: Evolução, desafios e estratégias para consolidação das exportações brasileiras" trouxe à tona discussões estratégicas para o setor. Altemir Gregolin iniciou o debate destacando a evolução recente das exportações brasileiras, que atingiram cerca de US$ 400 milhões por ano. No entanto, ele chamou atenção para a balança comercial negativa do Brasil, enfatizando a necessidade de aumentar a produção de pescado no País, já que o mercado interno é um dos maiores consumidores de peixe.
“O mundo quer alimento, o mundo quer produto sustentável”, afirmou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para ele, tecnologia que garante a produção de alimentos sustentáveis e comunicação são fatores cruciais para o setor de produtos cárneos.
Já Paula Soares, coordenadora de Agronegócio da Apex Brasil, defendeu que o setor está trabalhando com melhor valor agregado no mercado internacional. “Hoje, os pescados são a maior proteína comercializada mundialmente”. Contudo, considerando o mercado de exportação de proteína animal brasileira, o setor de pescado comercializa apenas 0,23% desse total. Logo, para ela, há muita oportunidade de crescimento. “A gente sabe que isso [volume de exportação de pescado] pode ser bem maior que 1%. Mas, para isso, a gente precisa da cadeia integrada.”
No painel “Economia Azul e o desenvolvimento sustentável da produção de pescado para atender à crescente demanda e preservar o meio ambiente”, especialistas de renome internacional discutiram como a inovação e a sustentabilidade são essenciais para o futuro da aquicultura. José Aguilar Manjarrez, oficial de aquicultura da FAO para a América Latina e Caribe, alertou que, no ano de 2050, os mares possuirão uma tonelada de plásticos para cada tonelada de peixes, sendo necessário proteger os recursos ambientais. “A transformação azul, lançada no ano de 2022, pretende aproveitar as oportunidades que os sistemas alimentares aquáticos oferecem para aumentar a segurança alimentar, erradicar a pobreza e apoiar as metas da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.”
Gonçalo Santos, diretor de projetos na Hatch Innovation Services, destacou as principais tendências da aquicultura mundial, como sistemas autônomos para diversos segmentos que integram a cadeia de valor da aquicultura. “A tendência em inovação na aquicultura é unir distintas tecnologias para o desenvolvimento da genética, prevenção e tratamento de enfermidades; desenvolvimento de nutrição com distintos ingredientes e origens, provenientes dos insetos e micróbios; e novos sistemas aquícolas”, disse.
Esta matéria faz parte da seção “Marketing & Investimentos” da Seafood Brasil #56. Clique aqui para ler essa e outras matérias na íntegra!
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Créditos imagem: Canva
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