SSLA realizou intensa programação de pescado ao longo de três dias
Comercialização

SSLA realizou intensa programação de pescado ao longo de três dias

Organizada pela Francal Feiras e Seafood Brasil, o evento foi até a quarta-feira (19) de outubro, em São Paulo

21 de outubro de 2022

Ao longo dos três dias de evento, a intensa programação da Seafood Show Latin America (SSLA) ofereceu mesas-redondas, painéis e debates abrangendo desde a indústria de processamento até a importação, varejo e food service.
 
Nesta quarta-feira (19) e último dia não foi diferente, e a programação contou importantes e atuais temas do setor, como por exemplo, as boas práticas de gestão, compliance e às demais tendências de mercado, Selo ‘Mais Integridade’, transformações de peixarias para alavancar as vendas, a relação da cadeia produtiva com o food service, tecnologia de dados a serviço de bons negócios e o potencial do mercado Halal para o pescado brasileiro e certificação.
 
A SSLA é uma feira de negócios para produtores de pescado frescos e congelados, distribuidoras, frigoríficos, importadores e a cadeia de maquinário auxiliar. Organizada pela Francal Feiras e Seafood Brasil,  o evento foi até a quarta-feira (19) de outubro, das 13h às 20h, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo.
 
Confira a seguir alguns dos destaques do 3º dia:
 
A importância das boas práticas de gestão no setor de pescado
 
A implementação da Lei Anticorrupção Brasileira, em 2013, trouxe significativas mudanças para todas as instituições, incluindo a indústria do pescado. Para apontar a relevância deste mercado adotar as práticas ESG (do termo em inglês que dita as boas normas de Governança ambiental, social e corporativa), o escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe trouxe a pauta para a Seafood Show Latin America com uma série de painéis moderados por Gustavo Biagioli, diretor de compliance da banca, na manhã desta quarta (18).
 
“Estamos falando de uma lei muito ampla, com algumas particularidades que precisam de atenção neste setor. Não é mais necessário que haja o pagamento, somente a promessa já caracteriza um ato de corrupção. Ainda há a responsabilidade objetiva, onde a empresa pode ser responsabilizada por qualquer vantagem oferecida em seu nome, com sanções que podem ser administrativas ou judiciais”, avaliou a advogada associada Fernanda Casagrande, que abriu o primeiro painel.
 
“É preciso se adaptar, adotando uma gestão de risco, criando políticas e controles internos, fomentando a cultura de integridade, com treinamentos e medidas periódicas de comunicação, canais de denúncia e procedimentos de investigação. Por fim, categorizar e dividir em níveis as  divergências apropriadas de parceiros com base em risco e monitorar a aplicação das medidas adotadas”, complementou.
 
Gustavo Biagioli também reforçou a relevância de adotar canais de denúncia para ampliar a credibilidade do negócio. “É um ponto fundamental do programa. Não existe nenhum canal com órgão público que não leve o canal. Mais do que internamente, ele precisa ser visto pelo mercado e por todas as pessoas que giram em torno da sua empresa para trazer uma informação relevante. Por isso, é importante que ele seja colocado em um local, como um site, para que possa também ser acessado externamente. Os canais de denúncia têm um mercado abundante e cada vez mais barato. Fazem todo processo de recepção e triagem, facilitando para a empresa. Gosto de falar que integridade é resiliência, é uma jornada que não tem. Só vamos nos beneficiar estando nela”, avaliou.
 
Já o sócio Felipe Ferenzini falou sobre o Decreto n.º 11.129, de 11 de julho de 2022, que regulamentou a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas por atos contra a administração pública. “Foi um grande reforço no papel da alta administração e é imprescindível que a liderança das empresas precisa ter essa consciência. É importante reforçar que tanto o poder privado quanto o público precisam de um ambiente menos complexo e que as duas partes colaborem com a legislação”, apontou.
 
Olhar das empresas
 
Em seguida, Alvaro Gallo Neto, também sócio da Trench Rossi Watanabe, e Roberto Kikuo Imai, presidente da Sipesp (Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo) falaram sobre como as empresas precisam estar atentas ao compliance e às demais tendências de mercado para que possam expandir ou até mesmo para possíveis fusões ou aquisições.
 
“As empresas têm a cultura de fazer a operação andar da mesma forma há gerações. Hoje, no agronegócio, vemos as novas gerações indo estudar e voltando ao setor. Com preparo, a empresa se torna mais atrativa para investimento. A indústria está em fase de maturação e o setor privado precisa se ajustar, lançando mão de ferramentas disponíveis e consultoria adequada”, ponderou Alvaro.
 
“Quando você faz um valuation (uma avaliação da empresa), passa a entender seu negócio na visão de outras pessoas. Se não pretende vender, ao menos comece a avaliar seu negócio. O peixe ainda é um mercado extremamente difuso. Teremos, em breve, a consolidação desse mercado e é preciso aproveitar essa onda”, ressaltou Roberto.
 
O evento teve ainda outras mesas de debate até ser finalizado com a apresentação sobre o selo ‘Mais Integridade’ do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Ele serve como uma chancela do Ministério e é um diferencial para as empresas que adotam os programas de integridade”, disse Ana Carolina Mazzer, advogada associada do escritório e atua com foco em ética, compliance e investigações.
 
Peixarias se transformam para alavancar as vendas
 
A coordenadora de Agronegócios do Sebrae Nacional, Newman Maria da Costa, mediou um painel na feira com o intuito mostrar como as peixarias podem se tornar verdadeiras boutiques do pescado. Manu Ornelas, influenciadora digital e proprietária da peixaria Divina Providência, e Hermes Marcatti, proprietário das peixarias Hermes Pescados, integraram a mesa.
 
Manu e Hermes ajudaram a transformar a visão que o público tinha das peixarias, anteriormente vistas como locais sujos e com cheiro desagradável. Ao longo dos anos, conseguiram conquistar clientes, crescer e passar a ofertar, além de peixe fresco, alternativas ainda mais práticas para o consumo.
 
“Sofri muito preconceito quando larguei o mestrado para abrir uma peixaria em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Percebi que para fidelizar muitos clientes era preciso ganhar a confiança deles, processo que se tornava mais fácil com as instruções que dava para a compra e para o consumo. Vi nas redes sociais um grande meio chegar em um grande número de pessoas para mostrar as possibilidades do pescado. Com esta troca, percebemos que as pessoas queriam mais facilidades na hora do consumo e o ambiente da peixaria se tornou um local que, hoje, recebe eventos, como um aniversário de casamento”, contou Manu.
 
Hermes também esteve atento ao mercado para se readequar. Feirante, começou sua trajetória sofrendo com clientes que pediam um peixe e não apareciam na semana seguinte para efetuar a compra. A peixaria, que começou em Santo André, no ABC paulista, além de sanar esse problema, abriu uma grande oportunidade de expansão: ensinar receitas aos consumidores.
 
“Trabalhei por 40 anos em feira e sempre imaginei um lugar para guardar a mercadoria. No começo, trabalhávamos com peixe fresco. Depois, fomos para o congelado e ainda migramos para a culinária japonesa. Atualmente, trabalhamos no preparo, sem utilizar nenhum produto frito, e congelamos para a venda. Viramos uma peixaria completa. Todo mundo tem medo de preparar, mas o peixe é muito simples. Quando você indica o produto, passa uma receita e ela dá certo, você ganha o cliente”, concluiu.
 
Painel Seafood Talk Show aponta caminhos e discute a relação da cadeia produtiva com o food service
 
No último dia da Seafood Show Latin America, as discussões na Arena Talks começaram abordando os entraves e as dores dos principais agentes da cadeia produtiva de pescado e o setor de food service. Intitulado Produção, comércio e perspectivas: como aprimorar a relação entre a cadeia do pescado e o food service?,  o bate-papo contou com a mediação de Ricardo Torres, editor-chefe da Seafood Brasil. No palco Flávia Carro, sócia-proprietária da consultoria ECD Food Service, Fernando Blower, diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), e Pedro Pereira, gestor comercial da importadora e distribuidora de alimentos Opergel.
 
A relevância desse encontro pode ser expressa em números – 70% da produção de pescado nacional é consumida pelo setor de food service. No entanto, todos os participantes do painel concordam que ainda há muito a ser explorado, mas para isso é preciso que os três setores que compõem essa cadeia – indústria, distribuidores e todo o food service – enfrentem as dificuldades e gargalos que limitam o potencial do pescado como matéria-prima.
 
Blower iniciou reforçando o quanto o setor de food service é heterogêneo, com negócios que vão do pequeno restaurante familiar às grandes redes, fator que sempre dificulta uma relação equilibrada entre os agentes da cadeia. Mas um outro problema é ainda mais determinante: conhecimento. “Em toda a cadeia, falta conhecimento dos operadores sobre pescados”, afirma Blower. “Há pouco entendimento sobre esses produtos, sobre as melhores formas de trabalhar com eles.” Ele também lembrou que entre os avanços que precisam ser feitos está um melhor entendimento sobre rastreabilidade, além de processos mais bem formalizados pela cadeia.
 
Carro segue o mesmo raciocínio ao atribuir à falta de informação um dos principais gargalos para ampliar a distribuição de pescados no food service. “Entre as empresas que atendo, só uma parcela muito pequena trabalha com pescados”, afirma. “Tanto a indústria quanto os distribuidores precisam discutir mais sobre esses produtos, conhecer melhor suas características, qualidades e potencial.”
 
Ela destaca essa falta de conhecimento do setor por meio do que considera um mito muito disseminado. “Muitos dizem que na proteína vermelha se aproveita cerca de 900g/kg enquanto no pescado seria de 600g/kg. Porém, uma pesquisa recente mostrou que a maioria sequer faz algum tipo de controle de perda. A gente precisa acabar com esse mito, porque tem muita gente que quer trabalhar com pescado, mas tem receio.”
 
A necessidade de gerar conhecimento e fazer mais informações circularem na cadeia também foi reforçada por Pereira. “Aproximação é o que falta para o nosso setor”, enfatiza. Ele também atribui à pandemia um efeito que persiste até agora. “A pandemia reduziu o contato entre vendedor e cliente e isso segue sendo uma questão quando vemos que muitos seguem trabalhando de casa. Acho isso prejudicial. Precisa ir à rua, falar com o cliente, oferecer opções, explicar as vantagens do pescado.”
 
Para reduzir esses gargalos, os participantes acreditam que a solução passa por dar treinamentos e gerar mais conhecimento, como o que a Seafood Show Latin AmericA vem fazendo para toda a cadeia nos três dias de evento.
 
Outro ponto levantado foi o fato de que na hora de lidar com o food service, foca-se muito nos donos dos negócios, mas esquece-se de quem realmente é o decisor da compra de insumos. “Em uma pesquisa, identificamos que em 30% do setor de food service a compra é feita por um profissional da cozinha e 15% por algum profissional de nutrição”, informa Carro, demonstrando que é preciso unir esforços para também levar informação e conhecimento sobre pecados para esse público.
 
Painel do Pescado – tecnologia a serviço de bons negócios
 
Informação confiável e de qualidade é fundamental para a tomada de decisões em qualquer negócio. No setor de pescados, claro, não é diferente. Em sua apresentação no palco da Arena Talks, Abraão Oliveira, sócio do Painel do Pescado e diretor da Jubart Data, apontou para a relevância da plataforma Painel do Pescado para essa finalidade.
 
A ferramenta une dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Comex (Comércio Exterior). “É uma solução indispensável para quem estiver operando no comércio exterior. Trabalhamos com os dados mais atualizados que existem e permitimos tanto agrupar como desagrupar esses números. É possível, por exemplo, ver o preço médio do produto que você comercializa, além das tendências do mercado, bem como acompanhar qual país ou estado está aumentando a importação e qual preço está sendo praticado”, ressaltou.
 
O especialista em fluxos comerciais de pescados, debateu os preços e os volumes globais da tilápia, salmão, entre outros itens, a partir das informações disponíveis na plataforma. Mostrou, por exemplo, que o Brasil já exportou 4.800 toneladas de tilápia entre janeiro e setembro, e comparou a variação dos preços mensais.
 
“Temos recebido excelente feedback sobre a plataforma e visto o interesse em assinar crescer rapidamente. É uma ferramenta barata, de 489 reais por mês, preço bastante acessível pela inteligência e pela capacidade que garante ao negócio. É possível acompanhar com exatidão a realidade do que está acontecendo no mercado, algo de valor inestimável”, concluiu.
 
Certificação Halal  e o potencial do pescado nacional para a comunidade islâmica
 
Na busca por novos mercados, disseminação de conhecimento e geração de oportunidades, a Seafood Show Latin America recebeu a palestra de Sheikh Yuri Ansare, auditor religioso da CDIAL Halal, no painel Potencial do Mercado Halal para o Pescado Brasileiro e Certificação. Em sua apresentação, o auditor discorreu sobre as possibilidades a serem exploradas no mercado de pescado destinado à comunidade muçulmana. 
 
A certificação Halal atesta que um produto seguiu todos os procedimentos de produção, manuseio, armazenamento e comercialização exigidos pelos seguidores da religião islâmica, seguindo critérios determinados pela Sharia. É um certificado indispensável para quem quiser atender a um público que, segundo dados da Pew Research Center, representa hoje quase 24% da população mundial, com 1,9 bilhão de pessoas.
 
Ansare afirmou que o Brasil já é um dos maiores exportadores de produtos Halal do mundo. No segmento de pescados, 17% das nossas exportações são de produtos com esta certificação, o que mostra a oportunidade de crescimento. 
 
“Há um grande potencial para ampliar as exportações de pescado, especialmente porque, diferentemente de outras proteínas animais, os pescados são muito mais fáceis de serem certificados”, explicou Ansare. Entre as vantagens de obter uma certificação Halal, ele lista benefícios como a exploração de novos mercados, credibilidade da marca e reconhecimento internacional.
 
Ansare lembrou também que grande parte da população europeia é muçulmana, o que mostra que as oportunidades desse mercado vão muito além dos países tradicionalmente islâmicos.
 
Saiba mais sobre a Seafood Show Latin America aqui.
 
Créditos: Organização Seafood Show Latin America

 
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