Sustentáveis e tecnológicas, empresas apontam futuro da tilápia no PR
Empresas no Paraná constroem o caminho da tilapicultura do Estado com competitividade e ampliando as possibilidades de mercado da espécie
21 de fevereiro de 2025
Com sedes em Maringá (PR), a Alltech, a Atak Sistemas e a Real Fish são exemplos de como inovação e tecnologia estão redefinindo os rumos da tilapicultura no Paraná. Mesmo com atuações diferentes, as empresas compartilham a missão de oferecer soluções que atendem às demandas específicas do setor, enfrentando desafios como sanidade, eficiência operacional e competitividade no mercado global.
Carolina Vasconcelos Tavares de Farias, gerente de vendas para aquacultura da Alltech, conta que a missão da empresa é enfrentar desafios como sanidade, comercialização e mudanças climáticas. “Nosso compromisso vai além: estamos sempre empenhados em fortalecer a competitividade dos nossos parceiros por meio de uma rede global de técnicos e consultores altamente qualificados. Além de suporte em análises e tecnologias de produção, trazemos uma visão global, somada à nossa experiência em várias espécies”, explica.
Já a Atak Sistemas, embora tenha o segmento de pescado como apenas 5% de sua atuação, tem se empenhado em contribuir com o desenvolvimento da tilapicultura nacional ao investir em tecnologias que se adaptam às mudanças e desafios. "Nossos sistemas fornecem suporte para controlar todas essas operações, do campo à indústria frigorífica. É uma estratégia que se replica," destaca o CEO, Roberto Pavan lembrando que recentemente, a empresa inaugurou sua nova sede no Parque Tecnológico de Maringá, o que reflete sua expansão no mercado.
Por sua vez, a Real Fish alia tecnologia, pesquisa científica e suporte técnico ao produtor. Entre as soluções ofertadas, a Tilamax, uma variedade desenvolvida a partir da tilápia Gift e adaptada ao mercado brasileiro desde 2005, é o carro-chefe da empresa. Filipe Chagas, zootecnista e sócio da Real Fish, explica que a genética aprimorada é fruto de uma parceria com o grupo de pesquisa PeixeGen, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Nosso foco é fornecer material genético de alta qualidade, garantindo peixes mais resistentes, com melhor conversão alimentar e maior padronização dos lotes”, afirma.
Fortalecendo a sanidade animalEmbora a Alltech tenha presença nacional, a forte representatividade no setor faz do Paraná um foco estratégico. “Nos próximos anos, esperamos fortalecer ainda mais nossa atuação junto às empresas estabelecidas, auxiliando no crescimento e na superação de desafios, além de apoiar novas iniciativas e projetos no Estado”, destaca Carolina Farias.
A expansão da Alltech no Brasil acompanha o crescimento da produção de ração para aquicultura, que aumentou 2,55% em 2023, conforme o relatório Alltech Agri-Food Outlook. “Nossas tecnologias estão alcançando um número crescente de clientes, ampliando nossa credibilidade e representatividade no mercado. O abrangente portfólio da Alltech permite apoiar na mitigação dos desafios de cada cliente, além de criar novas oportunidades para nossos parceiros”, afirma.
Outro diferencial é o compromisso com a sustentabilidade, refletido no uso, por exemplo, de minerais orgânicos. “Eles são mais biodisponíveis, permitindo uma absorção mais eficiente e reduzindo a excreção de minerais. Assim, ajudamos a impulsionar uma produção mais sustentável, alinhada com as necessidades do planeta e com o 14º ODS: Vida na Água”, completa Farias.
Outro diferencial da Alltech no Brasil é sua planta industrial em São Pedro do Ivaí (PR), uma das maiores de fermentação de leveduras do mundo. Sua localização estratégica no Paraná garante eficiência logística e maior autonomia no fornecimento de produtos de alta qualidade. “A unidade oferece uma vantagem logística significativa, além de atender às necessidades do setor aquícola de forma mais eficiente e sustentável”, finaliza Farias.
Na tilapicultura do Estado, amparada no modelo de produção integrada, Roberto Pavan conta que uma das soluções da Atak Sistemas é voltada para "controle total da propriedade até a entrega do produto final", beneficiando tanto produtores quanto frigoríficos. O sistema integra gestão financeira, contábil e análise detalhada de custos e rendimentos, permitindo que o produtor monitore o fornecimento de ração, o custo dos alevinos, e indicadores-chave como a biometria dos peixes e a conversão alimentar. “Não só na piscicultura, mas em todas as proteínas, a estratégia da Atak é permitir um controle desde o campo até o cliente, seja no mercado interno ou externo. E é uma estratégia que se replica", destaca.
Se no pescado a rastreabilidade tem se tornado um elemento cada vez mais essencial, na Atak, essa demanda é atendida integrando o feedback dos clientes com tecnologias de ponta, como a Internet das Coisas (IoT). “ O caminho agora é a IoT. E com o IoT, os sensores, câmeras e balanças vão coletar esse dado e alimentar um banco na nuvem. Na verdade, os usuários que estão fazendo a gestão, seja no campo, seja na indústria, eles passam a ser consumidores desse dado”, diz Pavan.
Recentemente, ele revela que a Atak adquiriu uma empresa especializada em tecnologia IoT voltada para a avicultura, mas já está adaptando essa tecnologia para a piscicultura. A expectativa é que sensores instalados nos tanques monitorem parâmetros fornecidos no lote em tempo real, permitindo aos piscicultores tomar decisões rápidas e eficientes. “Acreditamos que em meados de 2025 estaremos com o produto pronto para o mercado”, projeta.
Além disso, a empresa paranaense está desenvolvendo um aplicativo para o registro digital do diário de bordo das embarcações, o que ajudará a garantir que as capturas sejam realizadas em áreas e períodos autorizados, conforme as normas internacionais de sustentabilidade.
A Real Fish, fundada em 2020, em Maringá (PR), por Filipe Chagas e Francisco Carlos Altimari Jr., nasceu com o propósito de aliar genética de ponta a soluções em qualidade de água para produtores, fortalecendo a cadeia produtiva com inovação e sustentabilidade. “Nosso objetivo é oferecer aos piscicultores uma produção viável e sustentável, desde o manejo inicial até a entrega do peixe de alta qualidade ao mercado”, afirma Francisco Altimari Jr., engenheiro agrônomo e diretor da Real Fish. Além da genética, a aposta no suporte aos produtores e na qualidade da água são pilares fundamentais, por meio de biorremediadores e bioestimuladores.
No entanto, em apenas 4 anos de atuação, a Real Fish já alcançou marcos significativos, como as primeiras exportações para a África e a República Dominicana. “Conseguir mandar um animal para fora do Brasil envolve um esforço técnico enorme, e ver os resultados nos motiva a crescer ainda mais”, destaca.
Mas, apesar dos avanços, a logística ainda é um desafio considerável e, para mitigar esse problema, a empresa já iniciou a estruturação de uma filial em Maceió, que servirá como ponto de apoio estratégico no Nordeste. Fora isso, a Real Fish planeja continuar expandindo sua atuação. “O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de tilápias do mundo. Nosso papel é oferecer as ferramentas para que isso aconteça de forma sustentável e lucrativa”, conclui Altimari Jr.
Esta matéria é a terceira parte da matéria de “Capa” da Seafood Brasil #56. Clique aqui para ler essa e outras matérias na íntegra!
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Créditos imagem: Seafood Brasil
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