Tilapicultura: o motorzinho da piscicultura nacional
Por Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR)*
14 de novembro de 2024
*Artigo escrito para o Anuário Seafood Brasil #55
“A piscicultura brasileira, nos últimos 10 anos, foi a proteína animal que percentualmente, teve o maior aumento de consumo no Brasil.”
Essa afirmação é a base de qualquer discussão sobre o setor no País - sem entender e valorizar esse resultado, continuaremos cegos diante da expansão que está acontecendo. Portanto, qualquer política, seja privada ou pública, estará fadada ao insucesso se não compreender o que aconteceu, o que está acontecendo e o que vai acontecer. Em outras palavras, velhas fórmulas não são soluções para um novo ambiente de negócios.
A piscicultura brasileira viveu um longo período em que a paixão era o motor principal de seu desenvolvimento. Porém, essa chave virou e precisamos entender isso agora, justamente porque a gestão e a análise minuciosa do mercado, bem como suas nuances, tornaram-se o ingrediente principal de qualquer empreendimento piscícola.
Ao analisarmos o setor hoje, estamos embasados em dados – nesse quesito, a Peixe BR foi uma das responsáveis por estabelecer, como prioridade, que diante das informações, desde a constituição até a geração, as empresas associadas estabeleçam seus projetos de investimentos e enfrentamento do mercado nas mais diversas áreas, seja em nutrição, saúde, indústria ou comércio.
Hoje, temos uma série histórica de 9 anos da produção de peixes de cultivo no Brasil, estratificada por Estados e regiões, com todas as nuances necessárias para entender melhor o mercado. Além disso, fizemos um investimento para conhecer melhor o mercado internacional de nossos produtos (principalmente a tilápia e o tambaqui) e hoje, colhemos os frutos dessa ação: nos primeiros 6 meses de 2024, já exportamos o mesmo volume de todo o ano de 2023, um resultado que não foi obtido por acaso, mas sim construído tijolo a tijolo de maneira silenciosa e constante. Esse desempenho nos faz acreditar que, em 2025, teremos exportações superiores a 100 milhões de dólares.
No entanto, como nem tudo que reluz é ouro, em nosso negócio, que cresceu mais de 50% nos últimos 10 anos, nem tudo são glórias. Afinal, a cada dia, os desafios são maiores e testam ainda mais a resiliência do empreendedor do setor de piscicultura no Brasil, seja na área de mercado, sanidade aquícola ou no apetite do governo em regular mais e mais, sem dó, o nosso segmento - atualmente, somos o setor do agronegócio mais regulado e taxado no Brasil.
Este texto faz parte da série de artigos publicados no Anuário Seafood Brasil #55. Para ler este e outros artigos na íntegra presentes nesta edição, clique aqui.
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