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Em um panorama global onde os ventos sopram com incertezas para todos os lados, o salmão parece ter encontrado no Brasil um verdadeiro porto seguro. Isso porque, mesmo com a inflação ainda pressionando o bolso do consumidor, o cenário atual reúne ingredientes que favorecem seu desempenho comercial em 2025: estabilidade de preços do pescado, dólar em queda, mercado de trabalho em recuperação, consumo pulverizado em diversos canais e um bom apetite do consumidor. “Vamos torcer para que de fato, este seja o momento de virada dos ventos!”, resume Abraão Oliveira, engenheiro de pesca especializado em fluxos comerciais de pescado, fundador da consultoria ProjePesca e cofundador da JubartData.
Neste contexto, a conjuntura econômica atual tem efeitos diretos sobre a competitividade do salmão frente a outras proteínas animais e, apesar de manter um tíquete médio mais elevado, o peixe segue ganhando espaço na mesa dos brasileiros. “O que antes era tratado como artigo gourmet, hoje circula com fluidez entre diferentes classes e perfis de consumo”, pontua Oliveira.
Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio de 2025, enquanto carnes bovinas (+23,48%) e aves e ovos (+11,74%) registraram altas em 12 meses, o grupo “pescados” apresentou deflação acumulada de 0,37% no varejo. Neste levantamento, o item “salmão” teve uma leve alta de 1,61%, configurando uma relativa estabilidade que, na avaliação de Oliveira, “pode ser bem aproveitada pelos importadores e distribuidores, desde que aliados a uma estratégia comercial adequada”. Além disso, a taxa Selic ficou em 15% e, apesar de manter elevado o custo do crédito, os juros altos contribuem para controlar a inflação e reduzir a volatilidade cambial.
Produção concentrada e reconfiguração global
No panorama da produção internacional, o mercado de salmão atravessa um momento de reconfiguração. Após crescimento sustentado em valor e volume pós-pandemia, o setor passou a conviver com uma nova conjuntura, agora vista pela pressão sobre preços, redirecionamento de fluxos comerciais e um cenário geopolítico mais desafiador. “O enfraquecimento da demanda norte-americana, além das novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos e os possíveis impactos logísticos das guerras do outro lado do mundo têm forçado os principais países exportadores a reavaliar suas estratégias comerciais", explica Oliveira.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 65% da produção global de salmão está concentrada em 2 países: Noruega, com uma produção de 1,5 milhão de toneladas anuais, e Chile, com aproximadamente 1 milhão de toneladas.
Dentro deste panorama, enquanto os noruegueses mantêm o foco nos mercados europeus, o Chile tem nos Estados Unidos, Japão e Brasil seus principais destinos. No caso brasileiro, a fatia das exportações chilenas avançou 19% entre 2023 e 2024, saltando de 101,3 mil para 120,5 mil toneladas — o maior volume já registrado.
Perfil das importações: o que, de onde e como compramos?
Conforme o Painel do Pescado, com dados do Siscomex, o Brasil encerrou 2024 com importação recorde de mais de 120 mil toneladas de salmão, praticamente 100% proveniente do Chile.
O principal produto é o salmão do Atlântico fresco (Salmo salar) H/ON (com cabeça) (NCM 03021400), que é o carro-chefe das importações brasileiras de pescado. Até maio deste ano, foram 43,5 mil toneladas, uma leve redução do volume (-0,9%), mas uma queda significativa de valor de -8%, quando comparado com o mesmo período de 2024. Sendo assim, o produto fechou o mês de maio com o preço médio por tonelada a US$ 6.810/ton (R$ 38,54/kg).
E se o salmão Atlântico fresco segue dominante, o salmão coho (Oncorhynchus kisutch) congelado aparece como alternativa estratégica e em expansão. Leia mais nas próximas partes da matéria de Capa que vamos publicar nos próximos dias.
No entanto, embora o salmão inteiro fresco continue dominando a pauta de importações, os filés congelados vêm retomando seu espaço, sobretudo em canais que buscam conveniência, controle de porções e maior durabilidade. Essa categoria está concentrada, sobretudo, em duas NCMs — 03044100 e 03048100 — que, juntos, somaram 1.690 toneladas até maio de 2025.
Os “filés de salmão-do-Pacífico, do-Danúbio, do-Atlântico” congelado (NCM 03048100), fecharam maio com 1.443 toneladas importadas, uma queda de –10% em volume e um aumento de preço ao longo do ano de 13% em dólar, fechando o mês no valor de US$ 9.295/ton. Enquanto que os “filés de salmões-do-Pacífico e salmão-do-Danúbio” (NCM 03044100), mesmo com valor superior de US$ 10.888/ton em maio, embora com uma queda de valor de -7% no ano em comparação com o ano passado, tiveram um aumento de 60% em volume. Até o momento, foram 247 toneladas importadas do Chile.
Este texto faz é a parte 01 da seção "Capa" da Seafood Brasil #59. Para ler esta e outras matérias desta edição na íntegra, clique aqui.
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Créditos imagens: Canva