Bem-estar animal começa bem antes do abate!
Indústria

Bem-estar animal começa bem antes do abate!

Tema vem sendo abordado de forma constante na mídia e tem interferência direta na produtividade e diretrizes de sustentabilidade

Elane Cristine Correia Santose Luciana Lacerda e Renata Miranda de Carvalho - 22 de agosto de 2023

Este texto encerra a série com 14 artigos assinados pelas consultoras Elane Correia, Luciana Lacerda e Renata Miranda de Carvalho e publicada exclusivamente pela Seafood Brasil sobre o Programa de Autocontrole. Veja no final deste artigo como acessar os demais textos.
 
O Bem-estar animal engloba diversos quesitos, começando pela qualidade de vida nas interações entre os animais e as condições ambientais em que se vive. O animal deve estar em um ambiente confortável, bem alimentado, em condições adequadas de saúde, livre de medo, dor e mantendo comportamentos semelhantes aos seus hábitos na natureza.
 
E por que dizemos que o bem-estar animal se inicia ainda durante a produção em cativeiro?
Pois fatores como a qualidade da água e concentração de oxigênio dissolvido, PH, amônia e nitrogênio, por exemplo, podem interferir negativamente no desempenho de crescimento, nas taxas de alimentação, proliferação de doenças e causar estresse aos peixes. 
 
Estes fatores podem acarretar danos também a qualidade de carne causando alterações nas características de sabor, textura e processos de deterioração mais acelerados levando a redução de shelf life do pescado.
 
O manejo adequado na criação permite animais com boa taxa de crescimento para abate, com boas condições imunológicas que evitam doenças e uso de medicamentos. Nos peixes, a taxa de respiração, fuga rápida, distanciamento, apetite reduzido podem ser indicadores de estresse animal. Importante ficar atento a esses parâmetros durante as práticas de manejo.
 
Algumas técnicas de insensibilização são utilizadas para peixes, porém a mais comum é realizada pelo choque térmico com o uso de gelo onde tem a redução de temperatura, desde o momento da despesca até a recepção de peixes no entreposto.
 
Os peixes reduzem consequentemente o metabolismo, a movimentação e são insensibilizados pelo frio. Já o abate ocorre pelo corte na secção da medula na região das brânquias e sangria em tanque com gelo por 3 minutos. 
 
A manutenção do frio permite a vasoconstrição dos vasos na hora do abate e maior eficiência na sangria. No abate em escala, é inevitável que ocorram variações biológicas relacionadas com o início, tempo de duração da insensibilidade e defeitos da sangria.
 
Esta é razão pela qual as especificações do processo de insensibilização devem incluir também os limites críticos baseados em observações práticas, com a finalidade de monitorar e acompanhar o andamento do processo.
 
Portanto, este PAC tem como objetivo descrever todos os procedimentos que garantam o bem-estar animal, os métodos humanitários de abate (conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade até o estabelecimento de abate e a operação de insensibilização e sangria) e manejo pré-abate, segundo as normas vigentes, evitando dor e sofrimento desnecessários ao animal.
 
Os procedimentos devem ser monitorados e registrados, o que será monitorado e a frequência deve estar bem definida. Parâmetros ligados a integridade física do animal como tempo de jejum, tipo de instrumentos usados na despesca, informações sobre o transporte dos animais (tempo, qualidade da água), método de contenção e insensibilização, são essenciais na avaliação de bem-estar.
 
O monitor deve ser bem capacitado e é responsabilidade do estabelecimento capacitar o fornecedor para garantir o pleno funcionamento deste programa.
 
Uma dica para reduzir o estresse dos peixes é fazer a despesca no início da manhã, momento em que as temperaturas estão mais amenas.
 
Este artigo faz parte da série: Desmistificando os programas de autocontrole e quais os principais pontos a serem atendidos. Clique aqui e veja mais.
 
Estamos chegando ao fim dessa série sobre os PAC e gostaríamos de saber como foi a experiência para vocês? Entre em contato conosco em um dos nossos canais e nos diga!
 
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Créditos: Canva
 

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Sobre Elane Cristine Correia Santos
 
  • Consultora Técnica Comercial (Equali-z | EC Consultoria). Zootecnista graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). 12 anos de experiência na cadeia de pescado (frescos, congelados, salgados seco e sushi) / GPA - produção, indústria, inspeção, distribuição, varejo, estratégias de venda, marketing, sustentabilidade e desenvolvimento de produtos/equipamentos. elane.correia@equali-z.com
 
Sobre Luciana Lacerda
 
  • Zootecnista, fundadora da Equali-z, empresa especializada em Qualidade de processos e produtos. luciana.lacerda@equali-z.com
 
Sobre Renata Miranda de Carvalho
 
  • Médica veterinária graduada na Universidade Estadual de Londrina (UEL), especializada em higiene de alimentos e técnica fiscal da Federal Agropecuária no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
 
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