De sonares a softwares: a tecnologia a bordo das embarcações nacionais
O avanço tecnológico interfere no cotidiano das embarcações no Brasil, com mais precisão, segurança e inteligência na arte de pescar
29 de agosto de 2025
Se antes o pescador dizia, como na canção de Paulinho da Viola, que "não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar", hoje o mar segue navegando — mas ao lado de GPS, sensores, sonares e painéis digitais. A tecnologia a bordo vem transformando profundamente o trabalho na pesca, sem tirar do mar sua força de guia, mas trazendo mais previsibilidade, segurança e eficiência para quem vive dele.
Nos últimos anos, o dia a dia em alto-mar vem ganhando novas camadas de inteligência operacional e essa modernização está mudando a forma como se pesca no Brasil. Mais do que um salto em produtividade, trata-se de uma mudança na forma como o trabalho a bordo é planejado, executado e acompanhado.
“A tecnologia embarcada permite melhor gerenciamento logístico da operação de pesca, com informação e coleta de dados que auxiliam na tomada de decisão e possibilitam, por exemplo, menor tempo de deslocamento, análise de risco à condições adversas de navegação, aumento da precisão na localização de cardumes, entre outros”, explica o diretor da Navitec, Fabrício Ardigo.
Segundo ele, a utilização dessas tecnologias reduz significativamente o tempo de busca por cardumes e, consequentemente, o consumo de combustível. “Isso representa um ganho direto na produtividade”. Além disso, tudo é processado em tempo real, o que torna possível atuar de forma mais estratégica e segura, com dados como: profundidade, temperatura da água, posição geográfica, velocidade, rota, presença e mensuração de cardumes, relevo no fundo do mar, risco de colisão, entre outros. “Esses dados são apresentados de forma visual em painéis interativos, de fácil entendimento".
Outra vantagem da tecnologia é que os sistemas de navegação contribuem diretamente para a segurança da tripulação ao otimizar rotas, alertar sobre riscos e prevenir acidentes em alto-mar. “O uso do AIS [Sistema de Identificação Automática], por exemplo, permite maior controle do tráfego marítimo, evitando colisões e facilitando a comunicação entre embarcações. Há também o dispositivo “homem ao mar” integrado ao AIS, que emite um sinal de localização quando um tripulante cai na água. Esse tipo de tecnologia pode ser decisivo para salvar vidas em situações de emergência”, relata o diretor.
Há tecnologia para todos os portes: de pequenas traineiras artesanais até barcos industriais de grande porte. E, de acordo com Ardigo, a ideia é tornar, cada vez mais, as tecnologias acessíveis a quem mais precisa: pescadores artesanais e embarcações menores. "Optamos por oferecer versões mais compactas dos sistemas, com instalação simplificada e interfaces intuitivas, que exigem menos intervenção técnica especializada a bordo", explica. Atualmente, a empresa trabalha com sondas e ecossondas de alta sensibilidade, telas multifuncionais com visualização integrada de dados, radares marítimos, sistemas GPS de alta precisão, piloto automático, AIS (Sistema de Identificação Automática), rádios VHF e HF, sistemas de comunicação via satélite, sonares de varredura, monitores para dados ambientais e sensores diversos para controle e automação. Todos esses equipamentos podem ser integrados, criando sistemas completos e personalizados para navegação, monitoramento e controle da embarcação.
Com foco na realidade brasileira, as principais tecnologias utilizadas são GPS e sonda. A partir disso, as embarcações podem ser modernizadas aos poucos, com sensores e módulos adicionais conforme a demanda.
Além disso, a empresa oferece integração entre esses equipamentos, criando sistemas personalizados para navegação, monitoramento e controle da embarcação. “Ou seja, oferecemos não apenas os equipamentos, mas também suporte técnico especializado e soluções adaptadas à realidade do setor pesqueiro brasileiro”, destaca o diretor Ardigo. Com foco na realidade brasileira, a empresa trabalha com pacotes escaláveis, que permitem ao pescador começar com funcionalidades essenciais, como GPS e sonda, e ampliar o sistema com sensores e módulos adicionais conforme a demanda.

Facilidade e economia através dos dados
Outra fornecedora relevante nesse cenário é a Radionaval Eletrônica, que também tem apostado na inovação para transformar o trabalho a bordo das embarcações. Como conta o proprietário e fundador, Lindolfo Rosa, hoje o foco principal da empresa é hidroacústica, com equipamentos de detecção e avaliação de cardumes de peixe, como: sonares de varredura lateral multifeixe 3D, sondas verticais 3D para mapeamento do fundo, sondas para medir o tamanho do peixe dentro do cardume, sondas de maré para medir rumo e velocidade, entre outros.
"Oferecemos todos os tipos de equipamentos eletrônicos para uma embarcação de pesca, principalmente sonares de longo alcance. Esse equipamento consegue detectar cardumes em volta da embarcação e fornece ao pescador distância, direção, profundidade e tonelagem aproximada do cardume", detalha. Ele reforça que os sonares ainda permitem indicar a quantidade de indivíduos em cada cardume, o tamanho deles, se o cardume pode ser cercado ou não, tudo em tempo real. “Isso impacta diretamente na economia de óleo", afirma Rosa.
A fornecedora também aposta na facilidade de uso como diferencial. "Quanto à dificuldade de operação ou de aceitação desse equipamento, é pouca. Nós fornecemos produtos fáceis de operar, intuitivos e traduzidos para o português. Ou seja, o pescador brasileiro, que é interessado e curioso, aprende com rapidez e implementa tudo de um jeito fácil.”
Na prática, Rosa conta que os resultados são percebidos no dia a dia da operação. "A tecnologia gera uma grande economia para o pescador, de dinheiro e de tempo. Antes da tecnologia, os pescadores ficavam procurando, ziguezagueando para baixo e para cima. Sendo assim, os equipamentos eletrônicos hoje se tornaram vitais para navegação, comunicação e detecção", declara Rosa.

Este texto faz parte da seção "Especial" da Seafood Brasil #59. Para ler esta e outras matérias desta edição na íntegra, clique aqui.
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