Em busca de escala, BlueNalu avança com carne de pescado celular
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Em busca de escala, BlueNalu avança com carne de pescado celular

Empresa tem como objetivo inicial produzir um produto de atum rabilho premium

03 de abril de 2023

A BlueNalu, startup norte-americana de frutos do mar cultivados em células, está começando a expandir suas operações à medida que entra no mercado, mas ainda encontra diversas dificuldades com a escala comercial. A empresa tem como objetivo inicial produzir um produto de atum rabilho premium cultivado em células.
 
Em entrevista à SeafoodSource, o co-fundador, presidente e CEO da BlueNalu, Lou Cooperhouse, comentou sobre a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, de um frango à base de células fabricado pela Upside Foods e como é um sinal positivo para a indústria, embora a escalabilidade comercial seja sua grande ambição.
 
“Quando comecei esta empresa, era tudo, e vou voltar no tempo, era não ser o primeiro a ter aprovação regulatória, não ser o primeiro em um restaurante, mas o primeiro a poder escala em grande volume”, disse Cooperhouse. “Para fazer isso, fizemos as perguntas fundamentais. Quais são as tecnologias necessárias para escalar? Quais são os parceiros que precisamos estabelecer?”, disse.
 
Em outubro de 2022, a BlueNalu anunciou de que havia começado a trabalhar em uma instalação de 42 mil m², com início de produção programado para 2027. Para Cooperhouse, esse foi um sinal de que a empresa respondeu a essas perguntas: “Realizamos todas as tecnologias fundamentais necessárias para a escala”, fala.
 
Um dos objetivos da BlueNalu, disse ele, é estabelecer operações comerciais de uma forma que use a tecnologia evitando alguns dos obstáculos potenciais para aumentar a produção de forma lucrativa. “O que conseguimos foi algo que só conseguimos anteriormente com mamíferos”, disse Cooperhouse. “Agora, com peixes, temos células em suspensão – o que significa que podemos crescer em volumes muito grandes”.
 
A empresa não usa engenharia genética nem microtransportadores, o que significa que não precisa misturar suas células de atum com células de plantas no que ele chamou de produto híbrido.  “Somos um produto completo”, conta.
 
A BlueNalu eliminou o uso de outros produtos de origem animal.“[Não usamos] ingredientes de origem animal, então realmente alcançamos o santo graal dos avanços tecnológicos”, disse Cooperhouse. 
 
A decisão da Upside Foods da FDA representa outro desenvolvimento positivo para a empresa, de acordo com Cooperhouse, uma vez que parece que a Upside Foods usa ingredientes de origem animal.  “A notícia empolgante é que eles meio que definiram o ritmo para obter o sinal verde do FDA – eles ainda precisam da aprovação do USDA – mas não temos nenhuma dessas tecnologias”, disse Cooperhouse.
 
Cooperhouse disse que a BlueNalu está agora na posição que almejava quando ajudou a fundar a empresa. “Anunciamos isso, e é uma declaração bastante importante, que essa combinação de desenvolvimento de tecnologia e nosso foco em frutos do mar premium de alto valor cria um potencial de margem bruta de 75%”, disse ele. “Para aqueles que estão falando sobre como essa categoria é cara, é verdade, mas quando você foca em produtos de alto valor, pode ser extraordinariamente lucrativo”, completa.
 
A BlueNalu também está trabalhando para aprimorar sua cadeia de suprimentos, equipe e canais de vendas e marketing e distribuição de seu produto. Olhando para o futuro, assim que a empresa estabelecer seu produto, cadeia de suprimentos e clientes, o atum rabilho pode ser apenas o começo. A empresa “dominou” os peixes, produzindo com sucesso oito espécies diferentes de peixes em seu processo de cultura de células até o momento. E em breve terá capacidade para fazer ainda mais, disse Cooperhouse.
 
Aquicultura celular também avança no Brasil
No Brasil, a aquicultura celular também vem avançando. No começo deste ano, a Sustineri Piscis, primeira foodtech brasileira a cultivar carne de pescado em laboratório, inaugurou um novo laboratório. A expectativa da empresa é apresentar, ainda em 2023, um empanado feito à base de carne de robalo e, até o final de 2024, estar no mercado com produtos para consumo humano. 
 
Até 2025, por meio do uso de técnicas e equipamentos que ainda estão em desenvolvimento, como bioimpressoras, a expectativa é produzir peças de carne estruturadas, do tipo filé de peixe, com razoável semelhança estrutural com os cortes de carne provenientes dos animais de criação ou de pesca.
 
Em matéria de capa da 44ª edição da Seafood Brasil, o idealizador da Sustineri Piscis, o biólogo marinho e fundador do Aquário Marinho do Rio de Janeiro, Marcelo Szpilman reconhece que existem diversos lados diante desse tipo de produção, mas pondera que o escalável é o mais importante. “Por exemplo, hoje, quando se fala de carne cultivada de boi, é impossível qualquer um hoje dizer que vai dobrar o número de cabeças de gado ou a produção de gado no Brasil. É impossível”.
 
Créditos: Canva

 
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